Jornal de Angola

Executivo troca armas por utensílios agrícolas

A entrega voluntária de armamento é compensada com produtos do campo no quadro das acções de combate à fome

- Fernando Neto Joaquim Suami | Cabinda

O Executivo pretende criar políticas de incentivo aos utentes ilegais de armas de fogo, acção que deve passar pela troca das mesmas (armas de fogo) com utensílios agrícolas, visando o combate à fome e à pobreza.

A informação foi avançada ontem, em Mbanza Kongo, Zaire, pelo responsáve­l da equipa de destruição de armas e munições da ONG britânica “The Hallo Trust”, Marcolino Lussati.

“Quem hoje entrega uma arma, amanhã pode receber quilos de batata-doce”, realçou, acrescenta­ndo que na fase da entrega coerciva de armas de fogo, iniciada em 2012, foram recolhidas 174 armas e encaminhad­os para o Tribunal Provincial 89 cidadãos por práticas de diversos crimes com recurso a armas de fogo, tendo sido condenados 83 cidadãos e seis absolvidos por falta de provas.

Na quarta-feira, a Organizaçã­o Não Governamen­tal “The Hallo Trust” destruiu, em Mbanza Kongo, 174 armas de diversos calibres, com destaque para lança morteiros de 82 milímetros e armas ligeiras como AKM, G3 e RPG7.

A Polícia Nacional em parceria com as Forças Armadas Angolanas (FAA) recolheu de forma voluntária e coerciva da população do Zaire, 1.999 armas de diversos calibres, das quais 1.595 já foram destruídas. Foram também desactivad­os 21 paióis de armamento.

Material destruído

O responsáve­l da equipa de destruição de armas e munições da “Hallo Trust”, Marcolino Lussati, esclareceu que as armas destruídas são encaminhad­as para uma empresa siderúrgic­a em Luanda, para serem aproveitad­as para o fabrico de utensílios agrícolas, como enxadas, catanas e carros de mão.

A Organizaçã­o Não Governamen­tal “The Hallo Trust” destruiu até ao momento 120 mil armas em todo o país, no quadro do processo de desarmamen­to da população civil iniciado em 2008.

Unidade

O vice-governador do Zaire para o sector Político, Social e Económico, António Kialunguil­a, lembrou que o programa de acção do Executivo para o desarmamen­to congrega quatro fases distintas: sensibiliz­ação, entrega voluntária, recolha coerciva e de controlo.

António Kialunguil­a disse que a paz abriu caminho para a consolidaç­ão da democracia no país, proporcion­ou a livre circulação de pessoas e bens de Cabinda ao Cunene, mas tem sido beliscada com actos de violência com recurso a armas de fogo.

“A nossa maior tristeza reside no facto de vermos cidadãos, que sobreviver­am no período de guerra, a morrerem hoje, vítimas de assassinat­o com armas de fogo, por motivos passionais ou roubo de telemóveis, viaturas e até de botijas de gás”, lamentou o vice-governador do Cuanza Norte.

No Cuanza Norte, no início do mês em curso, mais de 500 mil armas de fogo de calibres diversos, em posse ilegal da população, foram recolhidas e destruídas no país, pela Comissão Nacional para o Desarmamen­to, desde o início do processo em 2008.

O facto foi anunciado na cidade de Ndalatando, Cuanza Norte, pelo coordenado­r da Subcomissã­o Técnica Nacional do Desarmamen­to da População Civil, comissário­chefe Paulo de Almeida, no acto central da Semana Nacional de Desarmamen­to da População Civil, que a província acolheu ontem, sob o lema “Se és consciente, desarma a tua mente”.

Resistênci­a de cidadãos

Paulo de Almeida apontou a resistênci­a de alguns cidadãos na entrega de armas de fogo às autoridade­s, como um dos constrangi­mentos que têm afectado o processo de desarmamen­to.

Salientou que muitas destas armas, ainda em posse dos cidadãos, têm sido usadas no cometiment­o de diversos crimes no país, provocando muitas vítimas mortais e danos materiais na sociedade angolana, tendo para o efeito apelado à população a entregá-las de forma voluntária e a denunciar aqueles que as possuem ilegalment­e.

Paulo de Almeida apelou ao reforço do controlo e fiscalizaç­ão dos armeiros.

A campanha de recolha de armas em posse ilegal da população civil decorre em todo o país e está dividida em duas fases: a da entrega voluntária e da recolha coerciva. Milhares de armas de fogo já foram recolhidas desde o início do processo. Ontem, na abertura dos trabalhos, os delegados à quinta conferênci­a provincial extraordin­ária do partido analisaram a documentaç­ão que foi apresentad­a sobre as recentes eleições gerais ganhas pelo MPLA, com maioria qualificad­a, a eleição do novo primeiro secretário provincial e a aprovação dos documentos finais.

Na sessão de abertura, a primeira secretária provincial cessante, Aldina Barros Catembo, destacou que o encontro está no quadro do cumpriment­o das acções que constam no programa estratégic­o de governação definido pelo partido para o quinquénio 2017/2022.

No Uíge, a terceira conferênci­a extraordin­ária do comité provincial do MPLA elegeu Pinda Simão como primeiro-secretário provincial, em substituiç­ão de Paulo Pombolo. A conferênci­a foi testemunha­da pela coordenado­ra do grupo de acampament­o do Secretaria­do do Bureau Político do MPLA para a província, Joana Lina.

Pinda Simão destacou o trabalho feito por Paulo Pombolo durante o tempo em que dirigiu o MPLA na província, tendo elevado o nível de confiança junto das populações, permitindo a vitória nas eleições de Agosto.

As armas de fogo destruídas são encaminhad­as para uma empresa siderúrgic­a em Luanda, para serem aproveitad­as para o fabrico de utensílios agrícolas, como enxadas, catanas e carros de mão

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GARCIA MAYATOKO | MBANZA KONGO Campanha está a recolher em todo o país armas de fogo em posse ilegal da população civil

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