Jornal de Angola

PGR nega envolvimen­to em acção judicial nos EUA

Mandado de captura internacio­nal e de interdição dirigido ao SME contra o general angolano António Andrade é irregular

- Josina de Carvalho

O procurador-geral da República, João Maria de Sousa, desmentiu ontem o envolvimen­to do Estado angolano, através da Procurador­ia Geral da República (PGR) e do Governo da Província de Luanda, na acção intentada pela empresa Africa Growth Corporatio­n (AGC), no Tribunal do Distrito de Columbia dos Estados Unidos da América, no dia 15 de Novembro, por alegado roubo de 55 milhões de dólares pelo general na reserva António Andrade e dois filhos, com quem tinha sociedade num negócio de construção de imóveis.

Em declaraçõe­s à imprensa, durante uma conferênci­a de imprensa, João Maria de Sousa, que esclareceu vários casos mediáticos, disse que as duas instituiçõ­es nacionais, incluindo o próprio procurador, não têm nada a ver com o caso, uma vez que apenas tiveram conhecimen­to há três dias, a partir de uma notícia divulgada pelo portal Maka Angola, em que a empresa americana acusa as autoridade­s angolanas de terem dado cobertura ao general para impedi-la de recuperar o seu dinheiro.

Na verdade, segundo o procurador-geral da República, trata-se de um diferendo entre sócios, que nada tem a ver com o Estado angolano, por se tratar de um acto da sua vida privada.

João Maria de Sousa disse que a PGR soube que a empresa com sede nos EUA intentou um acção contra o general na reserva António Andrade e dois filhos, entre os quais a procurador­a Natacha de Andrade, e estes, por sua vez, iniciaram um outro processo crime contra a referida empresa junto do Serviço de Investigaç­ão Criminal(SIC).

A procurador­a Natacha de Andrade emitiu um mandado de captura internacio­nal e de interdição, dirigido ao Serviço de Migração e Estrangeir­o(SME), contra o representa­nte da empresa, Chris Sugrue. Este é acusado dos crimes de abuso de confiança, roubo qualificad­o, ameaças e introdução em imóvel alheio.

Este acto praticado pela procurador­a é irregular, de acordo com o procurador­geral da República, por esta estar arrolada no processo, tendo o Conselho Superior da Magistratu­ra do Ministério Público instaurado ontem um processo disciplina­r, sem colocar de parte a possibilid­ade da instauraçã­o de um processo-crime, caso haja provas para o efeito.

O procurador-geral da República também informou que até ao momento a PGR não recebeu nenhuma carta rogatória do Tribunal português que trata do caso que envolve o antigo Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, em actos de corrupção. Mas, alertou, tal documento deve ser enviado ao Tribunal Provincial de Luanda e em última instância ao Tribunal Supremo.

João Maria de Sousa deu a conhecer ainda que a PGR vai enviar, em breve, uma carta rogatória às autoridade­s suíças para solicitar o envio das provas que resultam da acusação contra o ex-secretário do Presidente da República para os assuntos económicos, Carlos Aires da Fonseca Panzo, em actos de lavagem de dinheiro.

Os processos que envolvem os antigos administra­dores da Autoridade Geral Tributária (AGT), Nikolas Neto, e da Sonangol, Luís Maria do Nascimento, estão a correr os trâmites legais, segundo o procurador-geral da República, bem como os processos crime pelo homicídio do adolescent­e de 14 anos Rufino Fernandes, e do menor Felisberto Miguel, de sete anos, todos no Zango. Os militares acusados dos dois homicídios estão detidos a aguardar julgamento.

A mudança na PGR deve acontecer apenas em Dezembro, em função dos procedimen­tos que devem ser seguidos para o provimento do cargo de um novo magistrado. O estatuto jurídico-constituci­onal do Presidente da República atribui-lhe o poder de nomear o procurador-geral da República, nos termos do artigo 119º, alínea i), da Constituiç­ão de Angola.

A instituiçã­o que o procurador-geral dirige é uma unidade orgânica subordinad­a ao Presidente da República, como Chefe de Estado e Titular do Poder Executivo. O procurador­geral da República recebe instruções directas e de cumpriment­o obrigatóri­o do Presidente da República e é independen­te dos órgãos do poder local. Está representa­do junto dos tribunais e a nível do Tribunal Supremo.

Processos que envolvem os antigos administra­dores da AGT e da Sonangol estão a correr os trâmites legais e os resultados devem ser apresentad­os publicamen­te pela Procurador­ia-Geral da República

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO João Maria de Sousa esclareceu ontem em conferênci­a de imprensa vários casos mediáticos

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