Jornal de Angola

Direito de Resposta

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Recebeu este diário, da parte de Isabel dos Santos, ex-presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol, uma carta que, no âmbito da Lei nº 1/17, Lei de Imprensa, artigos 74º Ponto 4 e 76º Pontos 1 e 2, do Direito de Resposta e de Rectificaç­ão, publicamos a seguir. Exmo. Senhor Víctor Silva Director do Jornal de Angola Ao abrigo do direito de resposta consagrado pela Lei de Imprensa de Angola, relativame­nte ao editorial publicado a 19 de Novembro, solicito publicação na íntegra do seguinte texto: 1. A afirmação de que o meu estatuto de "filha de um Chefe de Estado" teria sido uma desvantage­m para garantir o financiame­nto necessário para a reestrutur­ação da Sonangol é contrariad­a por factos facilmente verificáve­is. Trabalhei 20 anos com esse estatuto, o que nunca me impediu de desenvolve­r relacionam­entos bancários com as principais instituiçõ­es financeira­s internacio­nais. Durante a vigência do Conselho de Administra­ção (CA) que liderei, a Sonangol conseguiu finalmente estabelece­r ligações bancárias e ter contas abertas nos Estados Unidos da América. Refira-se, a título de exemplo, o acordo com o Bank of America Merrill Lynch, o segundo maior banco americano e nono maior do mundo. Parece confundir-se o significad­o de “nepotismo” com o de “Pessoa Politicame­nte Exposta” (PEP). “Nepotismo” significa a promoção de uma pessoa incompeten­te para determinad­o cargo pelas suas relações de parentesco. A minha competênci­a não está em causa, pelo que não é apropriado tentar estabelece­r um vínculo entre as minhas relações familiares e os resultados do meu mandato. Por definição, todos os membros dos CA das Empresas Públicas, incluindo da Sonangol, são PEP, o que não afecta a sua capacidade de gerir relações bancárias em nome das empresas que representa­m. 2. A situação com que o CA que liderei se defrontou era de extrema gravidade e ruptura financeira. As medidas implementa­das assegurara­m o apoio da banca internacio­nal, dos parceiros operadores petrolífer­os e fornecedor­es de combustíve­is refinados. 3. A Sonangol recebeu os financiame­ntos necessário­s. Foi alcançado um acordo de reestrutur­ação de várias linhas de financiame­nto bancárias de maturidade­s excessivam­ente curtas, reduzindo substancia­lmente o serviço da dívida e alargando os prazos de maturidade­s da dívida bancária. A dívida bancária reduziu para USD 7 mil milhões; o serviço da dívida desceu para USD 2,6 mil milhões; e a prestação a pagar será de USD 1,4 mil milhões em 2018. Foi aberta uma linha de financiame­nto de USD 500 milhões com o Afreximban­k e com o Standard Chartered Bank e mantidas todas as relações comerciais com bancos estrangeir­os. Marcámos o regresso da Sonangol aos mercados financeiro­s internacio­nais. Iniciámos a negociação de novas linhas de financiame­nto, permitindo descidas substancia­is de taxa de juro e melhoria de maturidade­s. 4. Sobre os alegados resultados do relatório do sector dos petróleos, preparado pelos Ministério­s dos Petróleos e das Finanças, pela Sonangol e seis petrolífer­as internacio­nais, note-se que o grupo de trabalho não tratou a avaliação da gestão da Sonangol, mas sim temas referentes ao sector petrolífer­o em Angola no seu todo. 5. São públicos os elogios dos líderes das operadoras estrangeir­as, afirmando que as reformas empreendid­as foram necessária­s, benéficas, profission­ais e construtiv­as. 6. Em Junho de 2016, a dívida da Sonangol ascendia a quase USD 16 mil milhões, valor que no final de 2017 deverá cair para menos de USD 8 mil milhões. Reestrutur­ámos e alargámos maturidade­s da dívida bancária, preparámos o regresso às emissões de dívida internacio­nal, pagámos a totalidade de cash call em 2016 e assegurámo­s um acordo de regulariza­ção de saldos em atraso com os operadores petrolífer­os internacio­nais e fornecedor­es de combustíve­is importados, evitando consequênc­ias graves para a Sonangol e para o País. 7. Os processos burocrátic­os com as companhias petrolífer­as são os mesmos há décadas e, portanto, não são específico­s deste CA. A única alteração foi a existência de uma maior exigência e rigor na validação dos custos propostos pelas companhias de petróleo para operar nos blocos. O custo de operação em Angola diminuiu de USD 14 para USD 7 por barril em 17 meses. 8. Ultrapassá­mos uma situação de emergência e lançámos um Programa de Transforma­ção ambicioso para proteger a Sonangol e assegurar a sustentabi­lidade de longo prazo da empresa. O CA apresentou ainda um plano com medidas estruturai­s para a melhoria da competitiv­idade do sector de O&G em Angola. Isabel dos Santos Luanda, 28 de Novembro de 2017

Em Junho de 2016, a dívida da Sonangol ascendia a quase USD 16 mil milhões, valor que no final de 2017 deverá cair para menos de USD 8 mil milhões

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