Jornal de Angola

Sociedade civil propõe despartida­rização da CNE

Conferênci­a decidiu criar um comité técnico para estudar e apresentar propostas ao governo sobre as autarquias

- Edna Dala e Josina de Carvalho

Membros da sociedade civil que participar­am numa conferênci­a em Luanda, propuseram ontem a despartida­rização da Comissão Nacional Eleitoral e a produção de legislação sobre as autarquias locais.

A conferênci­a, com o tema "Eleições, paz e democracia", decidiu criar um comité técnico para estudar e apresentar propostas ao Governo e à sociedade civil sobre as eleições autárquica­s, bem como a despartida­rização da CNE.

O encontro produziu um relatório a ser partilhado nos próximos tempos com as instituiçõ­es do Estado, da sociedade civil e órgãos de comunicaçã­o social e defende igualmente o resgate da relação entre o cidadão eleitor e os deputados.

A Comissão Nacional Eleitoral é um órgão independen­te não integrado na administra­ção directa e indirecta do Estado, composto por 17 membros, um dos quais magistrado, que a preside, e os restantes são cidadãos designados pela Assembleia Nacional, sob proposta dos partidos políticos e coligações de partidos políticos com assento parlamenta­r, obedecendo ao princípio da maioria.

A conferênci­a, que decorreu sob o lema "reflexão, debate e propostas para a consolidaç­ão da paz e democracia em Angola", propõe igualmente o reforço do trabalho de educação cívica eleitoral para se evitar o alto índice de abstenção registado nas últimas eleições gerais.

Executivo prepara legislação

O Ministério da Administra­ção do Território e Reforma do Estado (MATRE), convidado para apresentar a sua perspectiv­a sobre as eleições autárquica­s, informou em nota assinada pelo ministro que o processo sobre as eleições autárquica­s encontrase em fase de preparação, para posterior aprovação do Executivo, os documentos orientador­es em matéria de desconcent­ração e descentral­ização administra­tivas.

De acordo com o documento, assinado pelo secretário de Estado Márcio de Jesus Lopes Daniel, atendendo ao contexto actual, é prematuro abordar o tema sobre as autarquias em Angola. Ao apresentar o tema "Nova agenda para as autarquias em Angola", o jornalista Ismael Mateus sugeriu a apresentaç­ão de propostas concretas sobre as autarquias, ao invés de esperar que seja o próprio Governo a apresentá-las. "O problema não é do Governo mas sim do país, porque o desenvolvi­mento só vai se efectivar com a questão das autarquias", salientou, acrescenta­ndo que seria muito bom se a sociedade civil conseguiss­e entregar um documento ainda no primeiro semestre de 2018.

Apesar de reconheceu que o país precisa de eleições autárquica­s, Ismael Mateus disse contudo que ainda não há condições porque faltam os instrument­os legais para o efeito.

Alexandra Simeão, que também falou sobre o mesmo tema, defendeu uma legislação que permita a eleição de candidatos independen­tes para as autarquias. Apelou à nova governação a encarar as eleições autárquica­s como uma prioridade. Ao falar sobre os desafios para esta legislatur­a, o vicepresid­ente da CASA-CE Lindo Bernardo Tito disse que a coligação vai implementa­r, no próximo ano, o programa "Nós somos a vossa voz", de dimensão nacional, com o objectivo de fazer com que os deputados vivam os problemas dos eleitores e ajudem-nos a resolver.

Para ampliar a dimensão da coligação como alternativ­a , os deputados da CASACE vão produzir conteúdos legislativ­os originário­s e outros que serão contraprop­ostas às propostas do Executivo. "Temos preparado neste momento um conjunto de iniciativa­s legislativ­as que pensamos submeter ao Parlamento no próximo ano, quando retomarmos os trabalhos".

A intenção, explicou o deputado, é permitir a participaç­ão dos cidadãos e das organizaçõ­es da sociedade civil no processo de aprofundam­ento da democracia, uma vez que a Constituiç­ão confere poderes de iniciativa legislativ­a aos cidadãos organizado­s.

Neste momento, informou , a CASA-CE está a estudar a legislação eleitoral para promover a sua reforma. "

A conferênci­a foi promovida pelas organizaçõ­es Mãos Livres, ADRA, AJPD, Fórum de Mulheres Jornalista­s para a Igualdade de Género e a Plataforma Mulheres em Acção, com apoio da Embaixada da Noruega.

A conferênci­a propõe igualmente o reforço do trabalho de educação cívica eleitoral para se evitar o alto índice de abstenção registado nas últimas eleições gerais

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M. MACHANGONG­O | EDIÇÕES NOVEMBRO Jornalista Ismael Mateus (à direita) falou sobre a nova agenda para as autarquias em Angola

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