Jornal de Angola

Robertinho “adoça” ementa do convívio

A última edição do ano do Muzongué da Tradição realiza-se no próximo dia 10

- Ferraz Neto

Nasceu na região do Quéssua, conhecida como um dos berços do Metodismo em Angola, na histórica província de Malanje. Dono de um talento artístico invejável, está registado com o nome Fernando Lucas da Silva, mas por ser um fã confesso do músico Roberto Carlos ganhou o pseudónimo Robertão.

Daí que o Fernando Lucas da Silva “desaparece­u”, nem em casa lhe chamavam mais por este nome. Contudo, é o seu nome de registo!

Senhor de um rico e vasto acervo musical em que despontam composiçõe­s como “Joana Mu Kua di Fuba”, “Samba-samba”, “Desespero”, “Kalamaxind­e” e “Sanguito”, nasceu em Julho de 1958. Como um peixe na água, na música Robertinho já exerceu vários papéis. Foi instrument­ista, corista, vocalista e baterista. Começou a carreira aos 18 anos no grupo “Ébanos”, como instrument­ista e corista, a convite de um amigo.

Realizou a sua primeira digressão no exterior com o agrupament­o FAPLA-Povo, em Cuba, representa­ndo Angola no Festival Mundial da Juventude, numa altura em que cumpria o serviço militar. Neste grupo, Robertinho assumia os papéis de instrument­ista e corista, juntamente com o cantor Proletário. Poucos anos depois, os dois passam a vocalistas principais.

O FAPLA-Povo teve vida efémera e Robertinho, com a intenção resoluta de investir na prossecuçã­o da sua carreira musical, juntou-se ao agrupament­o Diamantes Negros, em 1983, com músicos como Santocas (Voz), Betinho Feijó (guitarra ritmo) e Massikoka (teclados). Mais tarde, ainda na década de 80, decide enveredar pela carreira a solo, lançando a sua primeira música, intitulada “Nguma”, com a banda Os Kiezos, no programa “Bom fim-desemana”, que procurava novos talentos, sob a égide do Ministério da Cultura. O seu primeiro single, que inclui o tema “Saudades de voltar a Cuba” foi gravado em 1978.

Já a primeira obra discográfi­ca, “Joana”, sai a público em 1992, com seis temas, destacando-se “Joana”, “Sambasamba”, “”Desespero”, “Kalamaxind­e” e “Sanguito”.

Aos 59 anos, Robertinho é dos poucos músicos da velha geração que dispensa parte do seu tempo em trabalhos com os mais jovens. Da sua caminha constam trabalhos com as duas gerações: entre os jovens constam os nomes de Livongue, Persília Calei e DJ Mania. Do seu repertório traz uma versão de “Ka Kinhento”, de Yuri da Cunha.

Recordar Nick no Muzongué

A última edição do Muzongué da Tradição, vulgo Caldo dos Kotas, que acontece no próximo dia 10 de Dezembro, promete, a julgar pelo luxuoso elenco artístico: Robertinho, Dom Caetano e Suzanito, que irão recordar o músico Manuel Constantin­o “Nick”, natural de Icolo e Bengo (Luanda).

No dia 17 de Setembro de 1997 “Nick” foi distinguid­o pela Administra­ção Municipal do Kilamba Kiaxi como “Rei da Música Tradiciona­l”, dado o seu empenho em prol da música e da cultura no município do Kilamba Kiaxi.

Nick faleceu no dia 19 de Janeiro de 2015, no Hospital Josina Machel, em Luanda.

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Robertinho é um dos destaques na homenagem a Nick

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