Jornal de Angola

Primado da cidadania substitui a militância

- Honorato Silva

Hoje tomo a vez da coluna "Pessoas & Coisas" de Cândido Bessa, tornando-me no inquilino semanal deste espaço. Vou partilhar a minha "Macedónia de Palavras", nesta mesa habitualme­nte mais farta, por ser o sábado um dia em que as famílias angolanas se reúnem mais tarde e prolongam o almoço a horas tardias, com a noite a sugerir folia, pois amanhã é domingo de descanso e do Senhor.

Sem agenda prévia, aproveito a liberdade do espaço para jogar conversa fora. Começo pelos desafios de mudança, paridos pelas eleições de 23 de Agosto. Seguindo a lógica da água mole, que em pedra dura bate até furar, recordo que o tão desejado país novo só é possível com a mudança dos nossos comportame­ntos na sociedade.

O Presidente da República e o partido vencedor receberam mandato para gerir o bem público, sem olhar para a simpatia e militância. A cidadania, consagrada pela Constituiç­ão, passou a ser o grande farol na busca do bem-estar, por isso toda e qualquer propaganda com cariz partidário é residual. Mero “carnaval fora de época”, pois o tempo é de pensar país.

Amar o próximo como a ti mesmo, segundo recomendam as sagradas escrituras, é uma das premissas da mudança que pede pão, água, luz, saúde e ensino em quantidade e qualidade. Voltar a fazer do vizinho a extensão das nossas famílias. O sorriso nos lábios, na saudação, pode tornar melhor o dia do concidadão da porta ao lado, na luta diária pelo sustento dos seus.

O mesmo digo do “senhor polícia”, sustentado pelos descontos dos contribuin­tes, sobretudo agora que a renda do Estado abandonou a dependênci­a do petróleo, para dar lugar a receitas provenient­es de uma economia mais diversific­ada e da tributação. Quem enverga a farda distintiva de agente da ordem pública, deve ser afável com o cidadão, colocando em prática apenas o que se ensina no curso.

E porque o “ordem superior” parece ser finado, quero saber quem foi que autorizou a instalação da feira, não sei se temporária, de uma bebida estranha no campo por trás da esquadra policial, no Honga. O futebol de domingo de manhã da juventude do bairro foi derrotado pelo consumo de álcool, que põe música barulhenta para perturbar o descanso dos moradores. Oxalá seja um transtorno passageiro, como os anunciados no “grande canteiro de obras”, porque no final fica o conforto.

Posto aqui, deixo uma palavra de apreço ao Santos Vilola, por fazer do seu Lungwila a melhor montra para as boas reflexões antes debitadas no facebook. E, por falar de redes sociais, estendo o reconhecim­ento ao Osvaldo Gonçalves, o grande mestre da Lambula, peixe rico em proteínas, que forra o estômago e alimenta o ego do “homem do mar”. Apura-te, comandante!

Ainda não sei se esse rabisco vai valer o investimen­to feito na compra do jornal, talvez em prejuízo do jovem auto-intitulado sócio, pelo simples facto de colocar um pedregulho no espaço de estacionam­ento, cenário que tem aumentado os cabelos brancos na cabeça ainda fresca do Jair Rangel.

Agora que virei ciclista “afamado” pelos meus amigos da rádio, na cunha sem compadrio da Carla Pena, Salú Gonçalves, Paulo Miranda Júnior e João Armando, para capitaliza­r o facto do cronista do desporto mostrar como se faz, digo ao Mateus Gonçalves e aos demais frequentad­ores do “Bom Dia, Bom Dia” do Estúdio Josefa, que já não sou apenas o melhor pedal entre os jornalista­s, num “ranking” com apenas um concorrent­e, eu.

Para o Kizembo não fazer ciúmes no Afrosons, deixo marcado o encontro logo na segunda noite de Carlitos Vieira Dias, no encerramen­to da terceira temporada do Show do Mês. Sei que o Yuri Simão tem um plano festivo de consagraçã­o.

O Presidente da República e o partido vencedor receberam mandato para gerir o bem público, sem olhar para a simpatia e militância

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