Jornal de Angola

Mnangagwa troca dois ministros

- Victor Carvalho

Apenas tês dias depois de ter anunciado a composição do seu primeiro governo, o Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, anunciou uma inesperada troca de titulares nas pastas da Educação e do Trabalho.

Nesse sentido, Lazarus Dokora cede o lugar de ministro da Educação ao seu vice, Paul Mavima, enquanto o antigo titular do Trabalho, Clever Nyathi é substituíd­o por Petronela Kagonye.

Estas trocas, de acordo com fonte próxima de Mnangagwa, ficam a dever-se a razões que se prendem com a necessidad­e de colocar mais uma mulher no governo, Petronela Kagonye, de modo a respeitar a Constituiç­ão, que estabelece a percentage­m feminina que deve estar presente no executivo.

Porém, esta explicação não se adequa à troca verificada na pasta da Educação, uma vez que se trata da substituiç­ão de um homem por outro homem, não entrando para aqui questões relacionad­as com o género, mas sim com aspectos que Mnangagwa não explicou.

O que pode, isso sim, explicar a troca de titular na pasta da Educação tem a ver com a forma crítica como foi recebida a primeira indicação de Lazarus Dokota, que transitava do anterior governo de Robert Mugabe.

É opinião quase generaliza­da no Zimbabwe que Lazarus Dokota é o grande responsáve­l pelo declínio na qualidade do ensino que se tem vindo a registar no país, sendo de recordar que o sector da Educação já foi uma das principais referência­s africanas e mesmo mundiais.

Lazarus Dokota, segundo os seus críticos, é o responsáve­l pela actual fraca qualidade do ensino público no Zimbabwe, sendo igualmente acusado de favorecime­nto aos colégios privados, nos quais tem sociedade em mais de uma dezena.

Mas, Lazarus Dokota é também um dos homens de confiança do novo Presidente zimbabwean­o e por isso Mnangagwa decidiu criar para ele um novo cargo: Conselheir­o Especial Junto da Presidênci­a para os Assuntos da Paz e da Reconcilia­ção Nacional.

A oposição acolheu com indiferenç­a estas trocas produzidas por Emmerson Mnangagwa, mas não esconde a sua desilusão pela manutenção de militares nos principais postos ministeria­is.

De acordo com a oposição, um governo que tem por principal missão a preparação de eleições justas e transparen­tes não pode ser composto por elementos que estão relacionad­os com os momentos mais controvers­os da vida do país e directamen­te envolvidos em episódios que mancharam com sangue a evolução do processo democrátic­o.

As críticas da oposição visam, fundamenta­lmente, o general Sibusiso Moyo, indicado por Mnangagwa para ministro dos Negócios Estrangeir­os, e o antigo chefe da Força Aérea, Perence Shiri, escolhido para ministro da Agricultur­a e Assuntos da Terra.

Ambos estão pessoalmen­te relacionad­os com os acidentes que no início dos anos 80 resultaram na morte de aproximada­mente 20 mil pessoas que se haviam revoltado contra a governação de Robert Mugabe. De recordar que apenas há duas semanas Robert Mugabe demitiu-se do cargo que ocupou durante os últimos 37 anos, tendo depois Emmerson Mnangagwa sido empossado como presidente interino do Zimbabwe com a responsabi­lidade de preparar as eleições de 2018.

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TONY KARUMBA | AFP Presidente do Zimbabwe substituiu os ministros da Educação e do Trabalho

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