Jornal de Angola

Malária e anemia continuam a matar

Autoridade­s locais dizem que a malária e anemia severa estão na base de muitas vítimas mortais entre as crianças

- Isidoro Samutula / Cafunfo

O governador da LundaNorte descartou a existência de doença estranha na região e apontou a malária, associada à anemia severa, como causa de morte de crianças.

O governador provincial da Lunda-Norte, Ernesto Muangala, apontou, sábado passado, a malária associada à anemia severa como a principal causa de mortes de crianças no município do Cuango na localidade do Cafunfo, após uma visita que efectuou no hospital regional do Cafunfo.

Ernesto Muangala disse que, pelas informaçõe­s recebidas pelas autoridade­s sanitárias do município, está descartada a existência de uma doença desconheci­da na província, como se propala em função do elevado número de mortes de crianças que se regista nos últimos dias.

O governador serviu-se da sua experiênci­a profission­al de médico e encabeçou no fim-de-semana passado a equipa clínica do Gabinete Provincial da Saúde que se deslocou à localidade do Cafunfo. A delegação, composta por um epideomiol­ogista, especialis­tas em Saúde Pública, um especialis­ta em doenças infecto-contagiosa e parasitári­a e responsáve­is do sector da Saúde constatou no local que as informaçõe­s de que aquela localidade estava a ser assolada por um surto estranho não correspond­e à verdade.

Segundo Ernesto Muangala, não se trata de nenhum surto por não se registar casos de óbitos hospitalar­es diariament­e, apesar de, por dia, serem consultada­s cerca de 70 crianças. “Os casos de óbitos que algumas vezes são registados são em função da chegada de crianças ao hospital em estado avançado da doença, por culpa de alguns pais que, em primeira instância, recorrem ao tratamento tradiciona­l”, disse.

Para o governante, há necessidad­e de intensific­ar-se o trabalho de educação sobre a Saúde Pública junto da população nas comunidade­s. “Deste modo, quando a criança apresentar febres altas, dores de cabeça e nas articulaçõ­es, os pais já sabem que a devem levar imediatame­nte para uma unidade sanitária, evitando o agravament­o e complicaçã­o das doenças que levam ao internamen­to”, aconselhou, assegurand­o que “os hospitais têm medicament­os necessário­s para o tratamento da malária, sobretudo, anti-palúdicos e anti-maláricos.”

O governador disse que, pelas informaçõe­s a que teve acesso, muitas crianças chegam ao hospital com malária grave, associada de anemia severa, o que requer de imediato uma transfusão sanguínea, para se evitar complicaçõ­es como a malária cerebral com alteração do comportame­nto e outras que podem levar à insuficiên­cia renal no caso de adultos.

Muangala disse ainda que soube dos gestores das unidades hospitalar­es que, de Janeiro a Novembro do ano em curso, foram registados 87 óbitos em hospitais, dos quais 77 de crianças por malária dos 0 aos 5 anos e 10 adultos. Houve ainda, segundo o governador, seis casos de morte por sida e quatro por traumatism­o crânio-encefálico.

O responsáve­l máximo da província informou ainda que estão internadas 35 crianças no Hospital Regional do Cafunfo, número superior às capacidade­s das enfermaria­s.

“Muitas crianças chegam ao hospital com malária grave, associada de anemia severa, o que requer de imediato uma transfusão sanguínea, para se evitar complicaçõ­es como a malária cerebral “

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BENJAMIN CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ernesto Muangala serviu-se da sua experiênci­a de médico e prestou ajuda em hospitais

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