Exército consegue condições estáveis
A detenção do líder da milícia Mussa Hilal permitiu a Cartum reforçar o seu controlo na região de Darfur, mas poderá dar lugar a novos actos de violência numa área assolada, há décadas, por conflitos armados, estimam peritos e diplomatas citados pela imprensa local.
Hilal, um antigo aliado do Presidente sudanês, Omar al-Bachir, na luta contra os rebeldes de Darfur, foi detido na semana passada próximo de Mustariaha, a sua cidade natal, situada no Estado de Darfur-Norte, após combates altamente violentos, disse Jay Deshmukh à AFP.
Darfur está em guerra desde 2003, um conflito que opõe uma pequena minoria étnica rebelde com o Governo central dominado por Árabes.
Essa guerra já causou, segundo a ONU, mais de 300 mil mortos e 2,5 milhões de deslocados. A detenção de Mussa Hilal fez subir dos clãs árabes de Darfur contra outra, diz Magnus Taylor, especialista do Sudão à International Crisis Group (ICG). É um momento perigoso. Hilal, influente chefe da ala Mahamid da tribo árabe Rezeigat, foi detido por uma unidade das Forças de Apoio Rápida (RSF) conduzida por membros desta mesma tribo, a mais importante das tribos árabes do Darfur.
Esses combates no seio de tribos é apenas o começo, prevê Ahmed Adam pesquisador na Universidade de Londres. “Há dúvidas que a detenção de Hilal vai ter um impacto sobre a segurança e estabilidade de Darfur”, acrescentou.
Durante os primeiros anos do conflito, Mussa Hilal estava à frente da milícia árabe os Janjawids, cujos homens armados estavam montados em cavalos para pilhar aldeias e combater rebeldes.
Uma força conjunta de manutenção de paz ONUUnião Africana (Minuad) desdobrou em 2007 para Darfur, uma região grande como a França. Antes, essa região era teatro de violência entre milícias e grupos rebeldes, agora os elementos mais perigosos são as milícias árabes.