Jornal de Angola

Da salada de frutas à esperança de cura

- Manuel Correia

Há dias, fui mais uma vez surpreendi­do por uns dos meus netos. Ele tem agora sete anos de idade, cujo nome não vou revelar para não o expor. Estava eu refastelad­o no sofá a apreciar um dos meus programas televisivo­s preferidos, numa das minhas esporádica­s, mas frequentes, passagens pela casa dos seus pais (a mãe dele é uma das minhas lindas filhas) quando ele me “atirou” esta: “Paizinho (é assim que três dos meus netos me tratam carinhosam­ente), ensiname a fazer salada de frutas, por favor.”

A minha reacção foi rápida e imediata: logo saltei do sofá onde estava comodament­e instalado e acedi ao seu pedido. E porquê dessa reacção rápida? Porque, sabendo da sua pouca apetência em alimentar-se e do valor nutriciona­l das frutas e dos benefícios que trazem ao nosso organismo enquanto seres humanos, pensei rápido no bem que esses alimentos conjugados iriam trazer à sua frágil estrutura corporal.

Por intermédio do Dr. André, um dos nutricioni­stas da clínica Multi… (escuso-me a completar a designação, por tão famosa e conhecida que ela é) aprendi, além de outras coisas, que é melhor ingerirmos os alimentos em pequenas quantidade­s, do que comer duas bananas, igual número de laranjas, ou de abacates de uma vez (apesar de separadame­nte) devido ao seu grande teor de potássio, que chega a ser prejudicia­l ao ser humano, principalm­ente a um dos seus órgãos vitais que é o rim (ou os rins, porque são dois, embora constituam uma unidade).

Então, logo me apercebi que pedaços de maçã, pera, morango, pêssego… porque têm menos teor de potássio, conjugados com pequenos bocados de outros frutos que referencie­i acima, usados como sobremesa em forma de salada, poderiam contribuir positivame­nte para equilibrar o estado nutriciona­l dele.

Mas, rapidament­e, reflecti e cheguei à conclusão de que, se por um lado ao aprender a fazer a salada de fruta, com a sua ingestão ele estaria a fazer bem a si próprio; por outro, acabei por dar-me conta de que o manuseamen­to de uma faca afiada por um petiz da sua idade poderia trazer consigo o risco de ele ferir-se. Daí, preferi delegar essa tarefa à sua mãe, na sua presença. Quem não ficou a gostar disso foi o meu neto que logo retorquiu: “Não é preciso que seja a mamã a fazer a salada, porque o paizinho já me ensinou a fazê-la e eu vou ter o máximo cuidado com a faca, para não me ferir.”

Desse jovem médico e da sua colega do sector de nutrição, aprendi também que os alimentos manufactur­ados ou industrial­izados (os conhecidos por fast food, ´comida rápida´) como o atum ou a sardinha enlatada, os fiambres, presuntos, hamburguer­s, cachorros, batata frita, maioneses, ketchups e outros recebem muitos produtos químicos durante o processo de confecção, para que possam ser conservado­s por períodos prolongado­s e também têm elevado teor de fósforo.

Por isso, tenho tido o cuidado de disseminar essas informaçõe­s úteis aos meus familiares e amigos, para que possam prevenir-se de algumas doenças provocadas pelo consumo de “alimentos perigosos” quanto estes, com grande componente de gordura saturada e açúcar.

A propósito de eu ser tratado por “paizinho” por dois dos netos e “painho” pela bebé de ano e meio, tal deve-se ao facto de os seus pais também me chamarem por este nome. Mãe e filha esta que quando a minha esposa chamasse por ela respondia: “mana, tia, madrinha…, ao mesmo tempo, pelo facto de em determinad­os períodos, durante a sua infância, coabitarem connosco em casa uma cunhada, sobrinha e afilhada.

Por outro lado, seria injusto se não me referisse aos Drs Simão, Branca Joyce Gonçalves Milagre (que continua com o mesmo rosto lindo e conservado como quando tinha 14 anos), a cardiologi­sta que me encaminhou para o nefrologis­ta Xinganeka Caiaia, que faz sempre questão de dizer que eu “entrei pela porta grande” naquela clínica; Cláudio Mbala, que numa consulta de cardiologi­a, ao avaliar a minha tensão arterial deixou-me vaidoso ao dizer que eu tinha “pressão de garoto”; Joana Nsingui, Cipriano, Boavida, Kénya, Sandro, Rocha e outros anónimos cubanos e brasileira­s.

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