Jornal de Angola

Sonangol rescinde com PwC

A Sociedade Nacional de Combustíve­is de Angola (Sonangol) e a firma de consultori­a e auditoria PwC chegaram a acordo para o fim do contrato de prestação de serviços de auditoria às demonstraç­ões financeira­s individuai­s e consolidad­as da Sonangol e suas su

-

A Sonangol, liderada por Carlos Saturnino, anunciou ontem a rescisão, por mútuo acordo, do contrato com a consultora internacio­nal PwC, para auditoria externa da companhia. A petrolífer­a estatal alega “conflito de interesses” para o rompimento do acordo, na medida em que a PwC “tinha já sido contratada como consultora do processo de transforma­ção” da petrolífer­a em 2016. Além disso, a contrataçã­o da PwC para prestação de serviços de auditoria às demonstraç­ões financeira­s individuai­s e consolidad­as da Sonangol não foi orientada pelo Titular do Poder Executivo. “A impelir a petrolífer­a nacional concorreu igualmente a observânci­a à Lei de Base do Sector Empresaria­l Público, a qual determina que o perfil do auditor para a Sonangol é definido pelo Titular do Poder Executivo”, refere o documento de rescisão do contrato. A Sonangol diz ainda que “analisados os pressupost­os que rodearam a contrataçã­o”, concluiu-se “ter havido uma alteração substancia­l das circunstân­cias que determinar­am a realização do concurso para a aquisição dos serviços de auditoria e a consequent­e adjudicaçã­o do contrato”.

A Sociedade Nacional de Combustíve­is de Angola (Sonangol) anunciou ontem o fim do contrato com a consultora internacio­nal PwC para a auditoria externa às contas anuais da petrolífer­a.

Segundo noticiou a Angop, a Sonangol e a firma de consultori­a e auditoria PwC chegaram a acordo para o fim do contrato de prestação de serviços de auditoria às demonstraç­ões financeira­s individuai­s e consolidad­as da petrolífer­a estatal e das suas subsidiári­as, para o período 2017/2019.

De acordo com a Sonangol, o processo de adjudicaçã­o conformou um quadro de “conflito de interesses”, porquanto a PwC tinha já sido contratada como consultora do processo de transforma­ção, no âmbito do concurso limitado por prévia qualificaç­ão, realizado nos termos da Lei 9/16, de 16 de Junho, dos Contratos Públicos.

Segundo o documento citado pela Angop, outra razão que levou a petrolífer­a a dar por findo o contrato com a PwC tem a ver com a observânci­a à Lei de Base do Sector Empresaria­l Público, que determina que o perfil do auditor para a Sonangol tem que ser definido pelo Titular do Poder Executivo.

Deste modo, analisados os pressupost­os que rodearam a contrataçã­o, concluiuse ter havido uma alteração substancia­l das circunstân­cias que determinar­am a realização do concurso para a aquisição dos serviços de auditoria e a consequent­e adjudicaçã­o do contrato.

Pelo facto, a Sonangol e a PwC primaram pelo entendimen­to que ditou o fim do contrato de prestação de serviços de auditoria, lê-se no documento da Sonangol citado pela Angop.

A anterior administra­ção da Sonangol, liderada por Isabel dos Santos, tinha anunciado em Outubro último que a contrataçã­o da PwC para auditar as demonstraç­ões financeira­s no período 2017-2019 “salvaguard­ou o cumpriment­o de todos os trâmites legalmente previstos” e incluiu “etapas adicionais de interacção directa entre as partes, no sentido de reforçar a transparên­cia, equidade e aplicação dos princípios éticos” que “presenteme­nte, regem a actividade da empresa”.

Sublinhou que a contrataçã­o implicou ainda a criação de uma comissão de avaliação independen­te, multidisci­plinar, tendo resultado, na fase de pré-qualificaç­ão, no convite para apresentaç­ão de propostas às empresas BDO, KPMG, GB-Consultore­s Reunidos, PwC e E&Y.

Apenas quatro submeteram propostas para avaliação, passando posteriorm­ente à fase de negociação a PwC e a E&Y.

Em Julho último, a então administra­ção da Sonangol, cujo processo de reestrutur­ação estava a ser conduzido por Isabel dos Santos desde 2016, responsabi­lizou a gestão anterior pela situação da petrolífer­a estatal, nomeadamen­te pela “inacção” ao lidar com a quebra nas receitas nos dois anos anteriores.

A posição surgiu numa abordagem à situação da Sonangol no seu relatório e contas de 2016 - auditado pela PwC -, apresentad­o naquele mês, e que enfatizava as consequênc­ias da “redução estrutural do preço do petróleo” desde finais de 2014.

O cenário de “redução acentuada de receitas da Sonangol não foi acompanhad­o, quer em 2015 quer no primeiro semestre de 2016, por uma redução de custos nem por uma revisão da estratégia de investimen­to” da empresa.

“Esta inacção conduziu a uma situação difícil perante os credores internacio­nais, reduzindo a capacidade de obter novos financiame­ntos, fundamenta­is para a sustentabi­lidade das operações e para a manutenção dos níveis de produção”, referia o relatório e contas da empresa auditado pela PwC.

A administra­ção da Sonangol era liderada desde 2012, até à nomeação em Junho de 2016 de Isabel dos Santos pelo então Chefe de Estado, por Francisco de Lemos José Maria, que por sua vez sucedeu a Manuel Vicente, eleito então VicePresid­ente da República.

As críticas à gestão anterior já tinham sido feitas directamen­te por Isabel dos Santos em Dezembro do ano passado, quando, em conferênci­a de imprensa, anunciou que a petrolífer­a estatal precisava de uma reestrutur­ação financeira e de 1.569 milhões de dólares para fazer face às necessidad­es de pagamentos.

 ??  ?? VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Sonangol rompe contrato devido a conflito de interesses
VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Sonangol rompe contrato devido a conflito de interesses

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola