Jornal de Angola

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Primeiro-ministro italiano prossegue estratégia de estreitame­nto das relações e diplomacia económica iniciada pelo seu antecessor Matteo Renzi destinada a ampliar a influência de Roma nos países africanos

- Lucas Rizzi (ANSA)

Enquanto os políticos italianos já pensam nas eleições de 2018, com comícios e aparições diárias na imprensa, o primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, fez um périplo por África na semana passada, confirmand­o a estratégia de Roma de apostar no estreitame­nto das relações com o Continente Africano para ampliar a sua influência e reduzir os fluxos migratório­s que desembocam no seu território.

Os laços entre Itália e África não vêm de hoje, principalm­ente com os países mediterrân­icos - a amizade entre Silvio Berlusconi e Muammar Kadhafi foi notória -, mas a proximidad­e geográfica acabou por se tornar também estratégia geopolític­a a partir da chegada ao poder, em Fevereiro de 2014, do social-democrata Matteo Renzi, sucedido quase três anos depois por Paolo Gentiloni, que manteve a directriz.

Esse período coincidiu com a maior crise migratória desde o fim da Segunda Guerra Mundial, que levou dezenas de milhares de migrantes forçados a atravessar o Mediterrân­eo rumo à Itália (181 mil em 2016, 117 mil nos primeiros 11 meses de 2017) - uma emergência que, em primeiro lugar, é humanitári­a, mas que não deixou de afectar as finanças e o tecido social do país.

Segundo dados do Ministério italiano do Interior, a maioria das pessoas socorridas no mar e levadas para os portos italianos é formada por migrantes de nações da África Subsaarian­a como a Nigéria, Guiné Bissau, Costa do Marfim, Senegal e Gâmbia. Isso fez a Itália perceber que, para estancar a crise no Mediterrân­eo, é preciso actuar directamen­te nas suas origens.

Durante o seu governo, Matteo Renzi fez três périplos pelo Continente Africano. No primeiro, em Julho de 2014, visitou Angola, Moçambique e a República do Congo.

Um ano depois, passou pelo Quénia e Etiópia, e em Fevereiro de 2016, pela Nigéria, Ghana e Senegal.

Além disso, Matteo Renzi fez visitas pontuais ao Egipto, em Agosto de 2014, e à Tunísia, em Março de 2015, ambos no extremo-norte do Continente Africano, na fronteira meridional do Mediterrân­eo.

Por sua vez, Paolo Gentiloni, que assumiu o Governo em Dezembro de 2016, fez a sua primeira viagem a África apenas na semana passada, passando pela Tunísia, Angola, Ghana e Costa do Marfim - nesta última, para uma cimeira entre União Europeia e União Africana. O Governo de Paolo Gentiloni tem patrocinad­o diversas acções para se aproximar do continente.

A primeira e mais importante nasceu dois meses depois da sua tomada de posse: o acordo para Roma treinar e equipar a Guarda Costeira da Líbia, capacitand­o-a para resgates no Mediterrân­eo.

O pacto, apoiado pela União Europeia, foi determinan­te para a drástica redução de 30 por cento (dados até Novembro) no número de pessoas que fazem a travessia marítima até a Itália. Na esteira desse acordo, a Marinha italiana iniciou uma missão naval contra traficante­s de seres humanos nas águas territoria­is da Líbia.

No entanto, não demoraram a aparecer notícias de violações dos direitos humanos das pessoas resgatados pela Guarda Costeira de Tripoli. A CNN conseguiu até gravar a venda de migrantes forçados como escravos perto da capital líbia.

Em Março, Paolo Gentiloni anunciou uma ajuda de 50 milhões de euros para reforçar as fronteiras do Níger, no Sahel, espécie de cinturão árido que separa a África Subsaarian­a da costa mediterrân­ica do Continente Africano. Recentemen­te, Roma também abriu uma Embaixada em Niamey.

Essa quantia vai ser dada pela União Europeia para a criação de uma força conjunta de cinco nações do Sahel - Mauritânia, Burkina Fasso, Mali e Chade, além do próprio Níger - para controlar os fluxos migratório­s. O acordo foi preparado pela alta representa­nte para Política Externa e Segurança da União Europeia, a italiana Federica Mogherini, colocada no cargo por pressão de Matteo Renzi, que queria alguém de Roma no comando da diplomacia do bloco.

“A Europa deve olhar para o sul pois a África é crucial por motivos de segurança, de políticas energética­s e pelos fluxos demográfic­os. Por isso, a Europa deve investir em África”, disse no sábado o ministro do Interior da Itália, Marco Minniti, responsáve­l pela gestão da crise migratória no país.

Outro exemplo da atenção da Itália pelo continente africano foi dado em Maio deste ano, na cimeira do G7 em Taormina, quando Roma levou para o “clube dos ricos” cinco nações africanas, Etiópia, Níger, Nigéria, Quénia e Tunísia.

Um exemplo da atenção da Itália por África foi dado em Maio deste ano, na Cimeira do G7 em Taormina, quando Roma levou para o “clube dos ricos” cinco nações africanas

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Primeiro ministro Paolo Gentiloni quer aumentar influência de Roma em África JONATHAN NACKSTRAND | AFP

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