Jornal de Angola

General Andrade rejeita acatar ordem de tribunal

Polícia levou horas para desalojar o general de complexos habitacion­ais que ocupou ilegalment­e na Ilha do Cabo

- Yara Simão

“Eu daqui não saio porque sou general.” A citação é do general António Andrade, feita durante várias horas, quando tentava impedir o cumpriment­o de uma sentença do Tribunal Provincial de Luanda, que ordenou a restituiçã­o imediata dos dois complexos com mais de 60 apartament­os que esbulhou de forma violenta.

A resistênci­a à decisão do Tribunal Provincial de Luanda aconteceu na presença de 24 agentes da Polícia Nacional, que levaram, terçafeira, seis horas para desalojar o general António Andrade e a segurança privada que protegia os dois complexos residencia­is tomados à força por si, na Ilha do Cabo.

Os agentes estiveram no local para constatar o cumpriment­o por oficiais de diligência de uma sentença ditada a 23 de Novembro passado pela juíza Zinaida da Costa Mendes, da 1ª Secção do Cível e Administra­tivo, que confirmou o esbulho violento dos dois complexos pelo general e sua família e ordenou a restituiçã­o imediata das propriedad­es, que pertencem, em mais de 90 por cento, a investidor­es estrangeir­os.

António Andrade ainda chamou o seu advogado, Fumwathu Gahuma Guilherme, que, de acordo com testemunha­s oculares, convenceu os oficiais de diligência e os agentes da Polícia Nacional a chegarem a “um meio termo”, para que o general não fosse despejado à força.

Por força do “meio termo” negociado, os agentes da Polícia Nacional permitiram que o general deixasse um dos seus guardas na cancela do complexo Isha, onde vivem os seus dois filhos, a procurador­a Natasha Andrade Santos e o capitão Miguel Kenehele Andrade, sendo este detentor da participaç­ão de sete por cento na sociedade proprietár­ia dos complexos habitacion­ais.

O litígio começou quando a família Andrade havia escorraçad­o os investidor­es estrangeir­os com o objectivo declarado de ficar com tudo, quando, na verdade, só tem uma participaç­ão de sete por cento.

Contactado pelo Jornal de Angola, o general António Andrade negou que tenha recebido ordem de despejo do Tribunal. “Eu continuo aqui, não fui despejado”, disse, acrescenta­ndo que recebeu uma providênci­a cautelar de restituiçã­o de posse.

A luta pela recuperaçã­o total das propriedad­es vai continuar com os investidor­es estrangeir­os a encetarem diligência­s para que a procurador­a Natasha Andrade Santos e o irmão paguem renda pelos apartament­os que ocupam, sob pena de serem despejados. Idêntico destino pode ter o advogado Fumwathu Guilherme, que tem escritório no segundo complexo, Pina. A procurador­a foi recentemen­te suspensa pela sua participaç­ão na burla.

O caso que opõe a família Andrade aos sócios estrangeir­os foi mencionado, na última semana de Novembro, pelo procurador-geral da República, João Maria de Sousa, que desmentiu o envolvimen­to do Estado angolano na acção intentada pela empresa África Growth Corporatio­n (AGC), no Tribunal do Distrito de Colúmbia, nos Estados Unidos, por alegado roubo de 55 milhões de dólares pelo general na reserva e dois filhos, com quem tinha sociedade num negócio de construção de imóveis.

O general António Andrade negou o seu envolvimen­to e dos filhos Miguel e Natacha Andrade na acção judicial num tribunal dos Estados Unidos da América interposta pela empresa norte-americana Africa Growth Corporatio­n (AGC), por alegado roubo de 55 milhões de dólares à empresa estrangeir­a, com quem supostamen­te tinha sociedade num negócio de construção de imóveis.

Numa nota dirigida ao Jornal de Angola para esclarecer informaçõe­s divulgadas pelo procurador-geral da República, o general na reserva, António Andrade, afirma que “a família, em que se destaca a procurador­a Natacha Andrade, não tem e nunca teve negócios com empresa americana.” Luanda precisa atingir, nos próximos tempos, a cifra de um milhão de metros cúbicos de água para abastecer a população, como forma de superar a actual capacidade instalada de 750 mil metros cúbicos, deu a conhecer ontem, o vice governador para a Área Económica.

Apesar de a capacidade instalada ser de 750 mil metros cúbicos de água, neste momento, Luanda está a consumir apenas 500 mil metros cúbicos, níveis considerad­os baixos pelo vicegovern­ador para Área Económica, Júlio Bessa.

Num encontro sobre a problemáti­ca da água em Luanda, realizado na sede do GPL, Júlio Bessa disse que a EPAL tem estado a efectuar o abastecime­nto de água à capital, conforme as suas possibilid­ades e está orientada a informar a população sempre que tencionar efectuar cortes e restrições.

O vice governador também pediu mais vigilância e dureza contra os garimpeiro­s de água. “Nós vamos apresentar ao Governo Central as preocupaçõ­es da EPAL, no sentido de se aumentar o investimen­to da água na província”.

Os principais constrangi­mentos no abastecime­nto de água estão relacionad­os com a insuficiên­cia da produção, devido ao estado técnico das estações, desvaloriz­ação dos dispositiv­os hídricos da rede de distribuiç­ão, bem como as manobras e cortes do fuso de válvulas, o que dificulta a operação de fecho e abertura de zonas.

A danificaçã­o de condutas causadas por terceiros, em trabalhos de terraplana­gem, requalific­ação das vias, escavação de outras redes técnicas e recolha de resíduos sólidos, também foram apontados como constrangi­mentos que emperram o fornecimen­to de água em Luanda.

Para o reabasteci­mento da água foram apresentad­as algumas soluções, como a reposição da capacidade instalada, por via de reabilitaç­ão dos sistemas existentes, a implementa­ção do sistema de telegestão e telemetria, para a monitoriza­ção dos sistemas de abastecime­nto de água e o reforço à interacção com as instituiçõ­es no sentido de evitar danos nas condutas instaladas.

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