Jornal de Angola

Brasil reabre linha de crédito no próximo ano

Autoridade­s brasileira­s aguardam uma resposta positiva do convite do Presidente Michel Temer ao Presidente João Lourenço para fazer uma visita de Estado ao Brasil no primeiro semestre de 2018

- Josina de Carvalho

O embaixador do Brasil, Paulino Neto, afirmou ontem que o Banco Nacional de Desenvolvi­mento Económico e Social (BNDES) poderá reabrir no próximo ano a linha de crédito a Angola

O Brasil poderá reabrir a linha de crédito fornecida pelo Banco de Desenvolvi­mento Económico e Social do Brasil, através de empresas brasileira­s que têm compromiss­o de vender bens e serviços em Angola, anunciou o embaixador daquele país.

Em entrevista ao Jornal de Angola, Paulino Neto explicou que a suspensão da linha de crédito decorreu no âmbito da operação "Lava Jato" e que as empresas envolvidas fizeram um acordo com o Ministério Público, que neste momento analisa essa situação jurídica complexa, para a retomada da linha de crédito para Angola e outros países.

A suspensão, referiu, gerou um impacto inegável nas relações comercias com Angola, mas as relações diplomátic­as e políticas continuam muito próximas e fraternas. O embaixador garantiu que as autoridade­s dos dois países estão a trabalhar para que a situação seja resolvida no próximo ano. "Acho que a partir de 2018 teremos uma luz no fundo do túnel", reforçou. Visita de Estado O diplomata disse que as autoridade­s brasileira­s aguardam uma resposta positiva do convite do Presidente Michel Temer ao Presidente João Lourenço para fazer uma visita de Estado ao Brasil no primeiro semestre do próximo ano.

Em declaraçõe­s este diário, no final da visita de cortesia ao Jornal de Angola, para conhecer as suas instalaçõe­s e o seu funcioname­nto, o diplomata brasileiro disse que entregou recentemen­te o convite oficial ao ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, mas até ao momento não obteve uma resposta formal da parte angolana. "Acreditamo­s que a resposta será positiva", disse o embaixador, revelando ainda que as autoridade­s do seu país pretendem que a visita de Estado do Presidente João Lourenço tenha a mesma dimensão da sua visita efectuada recentemen­te à África do Sul. Pedidos de asilo Paulino Neto informou igualmente que autoridade­s bra- sileiras receberam três mil pedidos de asilo político de cidadãos angolanos, que estão a ser analisados pelo Conselho Brasileiro de Refugiados.

Enquanto aguardam a decisão deste órgão colegial, que integra representa­ntes do governo e da sociedade civil, o embaixador assegurou que estes angolanos requerente­s de estatuto de refugiado podem viver no Brasil e beneficiar de assistênci­a médica e social.

O diploma alertou que o governo brasileiro não vê motivos para ceder ao pedido dos angolanos, uma vez que não estão a ser perseguido­s por razões políticas, nem religiosas. "Nos parece que os pedidos são impertinen­tes, mas como os poderes públicos no Brasil têm cada um a sua função, vão analisar os casos a nível do Conselho de Refugiados", disse, adiantando que os pedidos de asilo por condições de vida precária no país de origem também não dão direito ao estatuto de refugiado.

Aos angolanos que pretendam fazer o mesmo pedido, Paulino Neto aconselha a desistirem da ideia, podendo apenas solicitar vistos de turista, de trabalho, temporário­s para os estudantes ou de outra natureza com a devida justificaç­ão.

Relativame­nte à sua visita ao Jornal de Angola, Paulino Neto disse ter sido a primeira vez e ficou "bem impression­ado" com o seu funcioname­nto, sobretudo porque no Brasil não existem jornais públicos. "Temos um sistema de comunicaçã­o social apenas com uma televisão e rádio públicas, cuja programaçã­o é distribuíd­a a nível nacional, mas não é obrigatóri­o que esta seja retransmit­ida por órgãos privados", explicou.

Por ser o principal jornal diário e noticioso do país, considerou a publicação um guia dos temas candentes da sociedade e de leitura obrigatóri­a. "Sei que o Jornal está a passar por um período de transição. Vamos acompanhar com interesse esse novo período e o seu conteúdo com maior curiosidad­e".

A suspensão (da linha de crédito) gerou um impacto inegável nas relações comerciais com Angola, mas as relações diplomátic­as e políticas continuam muito próximas e fraternas

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JAIMAGENS | FOTÓGRAFO
 ??  ?? FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Embaixador Paulino Neto aconselha cidadãos angolanos a dispensare­m intermediá­rios para obtenção de vistos porque os procedimen­tos são acessíveis
FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Embaixador Paulino Neto aconselha cidadãos angolanos a dispensare­m intermediá­rios para obtenção de vistos porque os procedimen­tos são acessíveis

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