Tempo de mudanças
Os sectores da Educação e da Saúde são áreas a que carecem de muita atenção, em virtude dos graves problemas que infrentam. É sabido que estes dois sectores prestam serviços indispensáveis à população, pelo que faz sentido que as autoridades tenham permanentemente os olhos postos no seu desempenho, na perspectiva de servir-se cada vez melhor os cidadãos.
Os investimentos que se fizeram nos sectores da Saúde e da Educação, depois do fim do conflito armado em 2002, em termos de infra-estruturas, que se traduziram na edificação e reabilitação de centenas de hospitais e escolas espalhadas pelo território nacional, dizem bem da vontade das autoridades de apostar em duas áreas essenciais para o desenvolvimento do país.
Depois dos grandes investimentos em infra-estruturas nos sectores da Saúde e da Educação, importa agora avançar para a valorização dos recursos humanos que trabalham nessas áreas. De nada nos valerá termos hospitais e escolas bonitos e até bem equipados se os quadros que lá funcionam estiverem desmotivados, porque não têm condições de trabalho ou porque os seus salários são baixos.
É hora de começar-se a valorizar o capital humano. Só avançaremos nas diversas áreas produtivas se se cuidar das condições de vida dos quadros angolanos, que são os que também vão ajudar Angola a crescer. Um país desenvolve-se com o conhecimento técnico e científico de muitos dos seus cidadãos. Quadros com elevada competência são uma garantia de que o país pode resolver muitos dos seus problemas.
É necessário valorizar quadros que reúnem qualidades como a competência profissional, a honestidade e o amor ao trabalho. Há muitos quadros angolanos que trabalham arduamente, mas que infelizmente não vêem o seu esforço compensado.
Temos de começar a valorizar o mérito. Os bons quadros são identificáveis. É preciso que haja justiça e se reconheça a competência profissional daqueles que realmente a têm, devendo receber o que lhes é devido, em termos remuneratórios.
Não devemos valorizar os nossos quadros apenas quando os estrangeiros dizem que eles são bons ou quando há fuga dos nossos “cérebros” para outras partes do mundo. Há inúmeros exemplos de quadros angolanos formados em Angola que estão a exercer com muita competência as suas profissões noutros países.
Os sectores da Educação e da Saúde têm de contar com quadros angolanos que contribuam para corrigir o que está mal nessas áreas. Há pessoas que têm uma aversão enorme ao mérito, preferindo promover pessoas do seu grupo, não se importando com o mau serviço que estas prestam. Temos assistido a casos de indivíduos com cargos de chefia que gostam de rodear-se apenas de pessoas incompetentes, relegando para segundo plano os bons quadros, porque receiam perder os seus lugares ou porque não querem que se descubra as suas debilidades.
A construção do progresso de um país não se compadece com a promoção da mediocridade. Devemos ter orgulho dos nossos melhores quadros, acarinhá-los e colocá-los ali onde eles são necessários para nos ajudar a ter sectores como o da Educação e da Saúde com elevada qualidade. Temos de lutar sempre pela excelência a nível dos serviços da Saúde e da Educação. Países que apostaram nestes dois sectores têm hoje uma elevada qualidade de vida. Angola pode dar passos significativos no sentido de melhorar-se a qualidade dos sectores da Saúde e da Educação, partindo para acções concretas. Há já muitos bons planos e boas intenções. O importante agora é agir para que as coisas mudem. Estamos em tempo de mudanças.
Os bons quadros são identificáveis. É preciso que haja justiça e se reconheça a competência profissional daqueles que realmente a têm, devendo receber o que lhes é devido, em termos remuneratórios