Jornal de Angola

José Van-Dúnem nega envolvimen­to em desvio de dinheiro

- Alexa Sonhi

O ex-ministro da Saúde José Van-Dúnem negou qualquer envolvimen­to no caso de desvio de dinheiro do Fundo Global, destinado ao programa de combate à malária.

José Van-Dúnem afirmou, ontem, em tribunal, que a única envolvênci­a foi o facto de ter assinado as transferên­cias na qualidade de ministro, uma vez que tudo parecia normal.

“Das cinco assinatura­s que eram permitidas para o banco efectuar as transferên­cias, uma delas era a minha, e eu assinei porque todos os processos apresentad­os aparenteme­nte pareciam estar certos”, disse José Van-Dune.

Interrogad­o pelo juiz se em algum momento beneficiou, a título pessoal, de algum valor provenient­e das transferên­cias considerad­as ilegais, José VanDúnem respondeu que não, afirmação confirmada pelos três principais arguidos do processo.

O ex-ministro disse que uma das ordens assinada foi de 108 milhões de kwanzas. “A minha vinda ao tribunal deixou claro que, apesar de ter assinado, no fundo eu também fui enganado, porque os documentos afinal foram todos forjados”, acentuou.

José Van-Dúnem sublinhou que quando o caso despoletou, ficou muito surpreso, porque Sónia Neves, até então directora administra­tiva e financeira da Unidade Técnica de Gestão do Fundo Global, era “boa funcionári­a, com bom curriculum e tínhamos muita confiança nela”.

Foi por este motivo, prosseguiu José Van-Dúnen, que nos primeiros momentos o Ministério da Saúde constituiu uma comissão de inquérito, onde a Sónia Neves fazia parte e chegou mesmo a apresentar um relatório. “Longe de mim que ela pudesse ter qualquer envolvimen­to neste caso”, referiu.

O ex- ministro da Saúde sustentou que a Unidade Técnica de Gestão utilizava um software denominado “Primavera”, que não permitia que se apagassem os rastos de qualquer operação feita. “Mas avariaram este software e passaram a fazer as operações em Excel , que não permitiu ver aquilo que foi eliminado. Então, posso dizer que foi uma acção propositad­a”, afirmou José Van-Dunem.

De acordo com o exministro da Saúde, ainda assim, o Fundo Global nunca chegou a suspender as ajudas, porque o Ministério da Saúde quando se apercebeu da situação, pagou os 200 milhões de kwanzas que estavam em falta, com dinheiro do fundo da unidade orçamental, exactament­e para evitar que Fundo Global descontinu­asse as ajudas.

“E vale dizer que o apoio que o Fundo Global deu na altura, não era em dinheiro. Recebemos cerca de 2.800 mil mosqueteir­os para distribuir­mos por todo o país. Logo, era preciso manter uma certa dinâmica na distribuiç­ão para beneficiar as pessoas”.

As audições vão continuar na sétima sala do Tribunal Provincial de Luanda. A próxima audiência está marcada para segundafei­ra, às 10 horas.

 ??  ??
 ??  ?? MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO José Van-Dúnem é um dos declarante­s do mediático caso Fundo Global
MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO José Van-Dúnem é um dos declarante­s do mediático caso Fundo Global

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola