Jornal de Angola

Deputados manifestam-se em frente ao Parlamento

As medidas de segurança foram tidas como ilegais pelos deputados da oposição

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Deputados da oposição sãotomense bloquearam ontem as três entradas que dão acesso ao Parlamento, em protesto contra a decisão do Presidente deste órgão que proíbe a entrada das suas viaturas no local, disse à Lusa fonte parlamenta­r.

“Achamos que o despacho do Presidente da Assembleia Nacional é uma ilegalidad­e e estamos cansados de estar a permitir ilegalidad­es neste país e particular­mente neste Parlamento”, disse à Lusa Gaudêncio Costa, deputado do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), principal partido da oposição.

“Estamos aqui, não vamos sair enquanto não for permitido o acesso às nossas viaturas, estamos dispostos a assumir as consequênc­ias dos nossos actos”, acrescento­u o deputado.

O Parlamento são-tomense previa retomar ontem os trabalhos interrompi­dos na quinta-feira quando se preparava para eleger os juízes do Tribunal Constituci­onal autónomo, cuja aprovação e promulgaçã­o foram considerad­os inconstitu­cionais pelo Tribunal Supremo, que assumia também as funções de Tribunal Constituci­onal.

O Presidente da Assembleia Nacional, José Diogo, tornou público no sábado um despacho impondo várias “medidas de segurança”.

Entre as medidas, José da Graça Diogo obriga todos os deputados a serem revistados por agentes de segurança com detector de metais, proíbe a entrada de viaturas dos deputados nas instalaçõe­s do Palácio dos Congressos, onde funciona a sede do Parlamento, e impõe, pela primeira vez, o uso de crachás a jornalista­s que pretendem fazer a cobertura das sessões parlamenta­res.

O Parlamento são-tomense ficou paralisado durante o dia devido à insatisfaç­ão dos deputados da oposição, que reclamam novas medidas de segurança

As únicas viaturas com acesso às instalaçõe­s do Parlamento são as do Presidente e do secretário-geral do Parlamento e dos membros do Governo, indica o despacho, que proíbe também a entrada de “pessoas estranhas” ao recinto da Assembleia Nacional.

O MLSTP-PSD, em comunicado distribuíd­o no domingo, repudiou com veemência a decisão do Presidente do Parlamento, referindo que a proibição da entrada de cidadãos ao recinto parlamenta­r e na sala do plenário e de viaturas dos deputados ao seu local de trabalho “descaracte­riza a democracia parlamenta­r” e viola o artigo 129.º do regimento da Assembleia.

O MLSTP-PSD acusa o presidente da assembleia de atitude que “só se pode enquadrar no sistema da ditadura da maioria.

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YURI KADOBNOV|AFP Parlamento são-tomense foi rodeado por vários “curiosos”

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