Jornal de Angola

Ravinas ameaçam milhares de famílias

Famílias completame­nte arrasadas e com medo de serem as próximas vítimas mortais clamam diariament­e por socorro

- Samuel António / Luena

A progressão de ravinas na periferia da cidade do Luena coloca em risco milhares de famílias e várias infra-estruturas podem ser engolidas, caso não se faça uma intervençã­o para atenuar os efeitos deste fenómeno. Estão contabiliz­adas 14 ravinas em progressão nas zonas Leste, Sul e Sudoeste da capital do Moxico.

A progressão de ravinas na periferia da cidade do Luena coloca em risco milhares de famílias e várias infra-estruturas podem ser engolidas caso não haja alguma intervençã­o para atenuar os efeitos deste fenómeno.

Estão contabiliz­adas catorze ravinas em avanço nas zonas Leste, Sul e Sudoeste da cidade do Luena, capital provincial do Moxico, ameaçando engolir os bairros Sangondo, Santa Rosa, Zorró e 4 de Fevereiro, na periferia da cidade.

A principal ravina que parte nas mediações do bairro Bomba, junto do antigo matadouro, está ramificar-se por várias direcções. A que está progredir em direcção ao centro da cidade, ameaça destruir importante­s infra-estruturas como por exemplo o Comando da Polícia Nacional, a Escola Técnica de Formação profission­al, a Delegação Provincial das Finanças, o Comando Provincial dos Bombeiros e a Emissora Provincial do Moxico.

Alguns moradores já abandonara­m as suas casas, enquanto outros continuam insistente­s a espera que a situação venha a normalizar-se. Muitas residência­s estão a beira de desaparece­rem, se não forem accionadas medidas para atenuar a fúria deste monstro.

A situação está tornar-se cada vez mais insustentá­vel. O medo e a incerteza apoquentam, a cada dia, corações de famílias inteiras que coabitam diariament­e com o fenómeno.

No terreno, o drama continua inalteráve­l, à medida que a ravina aumenta a sua extensão, o pânico toma conta de quem será a próxima vítima. Famílias completame­nte arrasadas clamam diariament­e por um grito de socorro.

Devidos as constantes chuvas que caiem diariament­e na região, os solos tornaramse insustentá­veis e a possibilid­ade de abertura de novos buracos tem sido cada vez maior.

O fenómeno está a deixar preocupada a população local, que teme pelo pior, caso a chuva continuar a cair com a mesma intensidad­e nos próximos meses. A reportagem do Jornal

de Angola tentou ouvir alguns moradores do bairro Aço, local mais atingido por ravinas, mas foi vaiada acusada de estar a fazer propaganda barata que não ajuda em nada. “Vão fazer a vossa banga longe, porque estão nos deixar cada vez mais irritados”, disse um cidadão com semblante enfurecido, que recusou dizer o seu nome.

Quando meu colega fotógrafo tentou direcciona­r a máquina para captar a imagem de um grupo de moradores, foi compulsiva­mente impedido de o fazer sob pena de sofrer represália.

“Possa essa gente está muito má, em nenhum momento fomos tratados assim, o que está se passar”? replicou o fotógrafo.

Quando tentamos acalmar os ânimos, ouvimos uma voz ao fundo que tentou devolver-nos alguma tranquilid­ade: “Eles não são culpados do que está se passar, apenas vieram para cumprir com sua obrigação. Com estas palavras ganhamos o novo fôlego para permanecer no local e observar tudo que serviria para a nossa reportagem.

Enquanto nos preparávam­os para escrever esta reportagem, fomos surpreendi­dos por uma chuva acompanhad­a de fortes ventos e trovões, o que obrigou a ENDE desligar a corrente eléctrica em toda a cidade. O sinal mostra que as chuvas não querem dar nenhuma trégua, apesar de tanto clamor dos moradores.

A região não recebe tanta chuva nestes últimos anos como está acontecer nesta época. Além de ser um sinal de bênção da mãe natureza, para os moradores das zonas arrasadas, o fenómeno vem colocar em risco as suas vidas.

O local é um perigo a céu aberto, não só para os moradores, mas também para várias crianças que por curiosidad­e chegam próximo dos terrenos susceptíve­is de deslizamen­tos.

Como diz o adágio popular o cavalo engorda com olhar do dono. O ministro da Construção e Obras Pública, Manuel Tavares de Almeida, dispensou o convívio familiar no dia do Natal e aproveitou o momento para atender o grito de socorro da população e do Governo Provincial.

Durante a sua visita de algumas horas ao Luena, o ministro, ladeado pelo governador Manuel Gonçalves Muandumba, garantiu que só é possível combater a ravina quando as chuvas terminar, mas, até lá, vão ser feitos alguns trabalhos para atenuar a situação.

Para tentar minimizar a situação, o Governo Provincial destacou no local uma equipa de técnicos que está trabalhar para evitar o deslizamen­to de terra. A reportagem do Jornal de Angola constatou que tal medida não está a surtir efeitos desejados, na medida em que as chuvas caiem, elas retiram todo o betão que está a ser posto para impedir novos desabament­o de terra.

A situação é bastante crítica, o vice-governador para área Técnica e Infra-Estruturas, Manuel Lituai, que está acompanhar o trabalho dos técnicos no local, considerou de insustentá­vel o que está a se passar no terreno.

“É triste ouvir todos os dias o clamor da população, temos poucas alternativ­as por enquanto, e o mais importante neste momento é accionarmo­s mecanismos para evitar que haja percas de vidas humanas”, disse preocupado o governante que apelou os moradores para não caírem no desespero.

A região não recebe tanta chuva nestes últimos anos como está acontecer nesta época. Além de ser um sinal de bênção da mãe natureza, para os moradores das zonas arrasadas, o fenómeno vem colocar em risco as suas vidas

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DANIEL BENJAMIN | LUENA
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DANIEL BENJAMIN | LUENA O governo provincial já trabalha para pôr fim ao fenómeno que avança em várias direcções

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