Jornal de Angola

POLÉMICA

Há pessoas assim, por pior que façam nunca aprendem com os erros e, de cada vez que falam, agravam ainda mais a sua situação e a forma como o mundo as encara. Presidente norte-americano rejeita caucionar “erros” de Barack Obama

- Victor Carvalho

As trapalhada­s de Donald Trump

Donald Trump é o protótipo de pessoas que não quer aprender com os erros repetidame­nte cometidos. Ele, não só perde sucessivas oportunida­des para aprender com os erros cometidos como, se isso não bastasse, agrava quase que diariament­e a sua popularida­de junto da opinião pública.

Depois da mais recente polémica (será mesmo a mais recente?) sobre declaraçõe­s proferidas na Casa Branca em relação a alguns países africanos, eis que o Presidente dos Estados Unidos vem agora a público desdizer o que todos disseram que ele disse.

Para isso, encarou de frente os jornalista­s que habitualme­nte cobrem as actividade­s que se desenrolam na Casa Branca para afirmar: “Não sou um racista. Sou a pessoa menos racista que já entrevista­ram”.

Esta afirmação, feita assim deste modo, atira para cima dos ombros dos seus antecessor­es, sobretudo de Barack Obama e George Bush, o epíteto de “racistas”, pois todos eles foram por diversas vezes entrevista­dos pelos mesmíssimo­s jornalista­s a quem agora se dirigiu e que trabalham na Casa Branca, maioria, há várias décadas.

Estas declaraçõe­s surgiram num ambiente de crescente hostilidad­e entre altos responsáve­is da administra­ção Trump e membros do partido Democrata sobre a alegada utilização da expressão “países de merda” para descrever as nações de imigrantes acolhidos nos Estados Unidos devido a situações de desastre, guerras ou epidemias.

No seio do partido Republican­o, o de Donald Trump, o desconfort­o é crescente e muitos dos seus membros começam já a pensar bater com a porta.

Um outro assunto que promete dar que falar e que a imprensa norte-americana está a acompanhar de muito perto, tem a ver com alegados milionário­s “contratos de confidenci­alidade” que algumas actrizes de filmes pornográfi­cos terão assinado com advogados de Trump para não mencionare­m o nome do Presidente em futuros e eventuais “livros de memórias”.

Visita a Londres

Uma outra polémica que envolve o Presidente norteameri­cano tem a ver com o cancelamen­to que fez de uma visita a Londres, que deveria realizar já no próximo mês de Fevereiro, para inaugurar a nova embaixada dos Estados Unidos.

Depois de estar tudo preparado (a visita de um Presidente dos Estados Unidos a um país estrangeir­o leva meses a ser preparada) Trump anunciou através do Twitter que não ia caucionar um “erro grave” cometido pelo seu antecessor, e referiuse concretame­nte a Barack Obama.

Na mensagem, Donald Trump disse que Obama havia assinado a venda do edifício onde funcionava a anterior embaixada a um preço muito aquém do valor de mercado, pois estava situado num dos lugares mais nobres de Londres.

“Como sabem eu percebo de negócios imobiliári­os e posso dizer, com convicção, que a venda do espaço onde estava a nossa anterior embaixada foi um verdadeiro desastre”, sublinhou o Presidente dos Estados Unidos.

E, para que não restassem dúvidas, acrescento­u que essa era a única razão pela qual tinha decidido não ir a Londres. “Não posso estar presente a validar um tremendo erro que foi cometido”, rematou.

A decisão de transferir a embaixada dos Estados Unidos em Londres para um local mais modesto, mas considerad­o pelos especialis­tas mais seguro, partiu de George W. Bush, em 2008, e não de Obama como Trump disse em mais um dos seus “lapsos de memória”.

Saúde é excelente

Mas, nem tudo é assim tão mau para Donald Trump. O seu médico pessoal, Ronny Jackson, violando aquilo que deveria ser o cumpriment­o do seu código de ética profission­al veio a público, sem ninguém lhe pedir, dizer que o estado de saúde do Presidente era “excelente”.

Este é o primeiro boletim médico divulgado pela Casa Branca desde que Donald Trum assumiu a presidênci­a dos Estados Unidos e surge numa altura em que a imprensa norte-americana começou a divulgar algumas suspeitas de que ele poderia padecer de uma doença que, supostamen­te, lhe afectava o cérebro e provocava lapsos de memória.

O boletim médico assinado por Ronny Jackson e divulgado neste fim de semana pela Casa Branca pormenoriz­a que os exames, que duraram quatro horas, foram feitos por médicos militares de diversas especialid­ades.

No seu livro “Fogo e Fúria”, o escritor Micahel Wolff havia referido que pairava na Casa Branca a suspeita de que o Presidente, de 71 anos de idade, teria uma doença mental que o levava a dizer coisas que não queria.

Já anteriorme­nte o secretário de Estado, Rex Tillerson, havia desmentido as “sugestões” da imprensa de que o Presidente padecia de uma doença mental. No período da pré-campanha para as eleições, um outro médico que habitualme­nte acompanha Donald Trump, Harold Bornstein, declarou que o seu paciente não padece de qualquer doença impeditiva de assumir a presidênci­a dos Estados Unidos.

 ??  ?? Presidente norteameri­cano continua na boca do mundo e a sua popularida­de é abalada devido às recentes “gaffes” NICHOLAS KAMM | AFP
Presidente norteameri­cano continua na boca do mundo e a sua popularida­de é abalada devido às recentes “gaffes” NICHOLAS KAMM | AFP

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