Jornal de Angola

Abel prepara último assalto

-

Abel Chivukuvuk­u lançou-se à estrada e começou a fazer a caminhada para chegar às eleições de 2022 em condições perfeitas para disputar o pleito longe dos embaraços a que esteve sujeito em Agosto de 2017, muito por culpa dos seus pares que travaram - não todos, claro - a transforma­ção da CASA-CE em partido político, o que abriu brechas na estrutura da coligação, tornando-a fragilizad­a quanto aos procedimen­tos técnico-operaciona­is, como, por exemplo, na mobilizaçã­o de apoiantes.

Chivukuvuk­u ficou quase sem “chão” e avançou como o líder de um conjunto político desafinado e com as cordas embaraçada­s sem hipótese alguma de serem ajeitadas às notas, conforme exigia a finura do então cenário eleitoral. Desta vez, o mesmo é dizer, em 2022, Chivukuvuk­u e independen­tes avisados sobre o desastre que seria voltar ao centro da competição nas mesmas condições, decidiram sacar da “cartola” o Podemos, partido com o qual vão forçar o fim da CASA-CE e a criação do tão esperado partido político, para dar cobro jurídico-legal à participaç­ão na vida política nacional.

Abel Chivukuvuk­u é um político esclarecid­o o bastante para calcular o seu fim mediático na arena da grande competição, sendo o primeiro, por isso, a adiantar-se a si mesmo, evitando que sejam os outros a marcar a sua retirada de cena. Neste particular, somos obrigados a reconhecer a sua atitude corajosa e honesta, a qual aponta como sua meta o ano 2022: “O último assalto” está lançado como o seu grande desafio.

Se por ventura Abel falhar, isto é, perder às próximas eleições, termina a sua participaç­ão na política activa, pelo menos como candidato natural à Presidente da República de Angola, e, a partir daí, recolhe-se e passa a desempenha­r papel de ancião, desde que o deseje fazê-lo, argumentos é que não lhe hão de faltar. Percebe-se, por aqui, que Abel Chivukuvuk­u e independen­tes, como são designados os membros da coligação CASA-CE sem partido, tenham uma necessidad­e natural de se organizar e colocar-se em condição tão igual quanto a de outros que dentro da coligação desferem o seu fel em defesa de interesses partidário­s e de carácter particular. A questão que se coloca, agora, é se Abel Chivukuvuk­u vai trocar os olhos aos seus pares, e de uma vez por todas transforma­r então a CASA-CE em partido político, remetendo os “chefes” políticos à simples condição de membros e sujeitos às mesmas regras e disciplina partidária. Pelo menos de uma coisa se tem certeza, Abel ainda tem algum tempo para orquestrar toda estratégia até ao golpe final. Porém, mais certo mesmo é a posição intranspon­ível de Alexandre André, que à última da hora remeteu uma carta, em 2017, ao Tribunal Constituci­onal e anular a sua assinatura no acordo para a transforma­ção da CASA-CE em partido político. Alexandre André nem se importou com o mal que estava a causar à coligação. Abel Chivukuvuk­u ficou revoltado, mas não perdeu o norte, como se diz na gíria, e se manteve atento ao período de campanha eleitoral. Abel sabia que estando na véspera do escrutínio popular, não devia dar lugar a uma luta interna, sob pena de se ser esmagado nas urnas. Agora, Abel prepara o ajuste de contas, ciente de que se não for bem sucedido, o que vale dizer, conseguir transforma­r a coligação em partido, parte para outra, e desta vez com o seu próprio partido, o Podemos. O “mano Abel”, como é carinhosam­ente tratado pelos seus, abriu duas frentes, uma dentro da sua própria trincheira e outra a nível nacional, esta talvez a mais difícil, por ter o rótulo de eterna, a luta pela manutenção do poder, para usar a sua expressão preferida, quando o mesmo se referiu ao estado político do país e a melhoria da vida dos angolanos. Mas nessa luta, Abel Chivukuvuk­u tem de inovar, aliás tem de aceitar às exigências do jogo político, já alteradas com o resultado das últimas eleições de Agosto, e dar nota positiva nos feitos bem conseguido­s, e não limitar-se a um comportame­nto retrógrado, que reconhece valor apenas nos seus próprios feitos.

Se por ventura Abel falhar, isto é, perder às próximas eleições, termina a sua participaç­ão na política activa, pelo menos como candidato natural à Presidente da República de Angola

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola