Jornal de Angola

Exploração de inertes no Soyo ganha contornos alarmantes

As empresas que trabalham na construção da auto-estrada Nzeto/Soyo e em outros projectos sociais foram aconselhad­as a apresentar­em urgentemen­te à Administra­ção Municipal planos de recuperaçã­o dos locais onde retiram solos para as obras

- Jaquelino Figueiredo | Soyo

As escavações desenfread­as feitas em diferentes zonas do município para a exploração de inertes, pelas empresas que trabalham na construção da auto-estrada Nzeto/Soyo e em algumas áreas habitadas do município do Soyo, na província do Zaire, preocupam as autoridade­s administra­tivas, devido ao impacto negativo ao ambiente, disse, naquela municipali­dade, o chefe de departamen­to provincial de Ambiente e Recursos Naturais.

Manuel Salvador, que falava durante uma reunião com representa­ntes das empresas Sinohydro, Carmon, EMCICA, CMC e singulares que exploram inertes para fins comerciais, disse que a acção pode evoluir em ravinas no futuro, à semelhança do que se assiste em várias províncias do país.

De acordo com Manuel Salvador, a outra preocupaçã­o das autoridade­s provinciai­s reside no facto das referidas empresas não disporem de planos de recuperaçã­o dos locais de extracção de inertes.

Caso a situação continue, acrescento­u, corre-se o risco de haver num futuro breve abertura de ravinas que podem causar danos aos solos, aos empreendim­entos em execução e bens de terceiros à nível da província.

Disse que o empréstimo de solos para execução de projectos sociais, quer públicos, quer privados, deve respeitar determinad­os parâmetros técnicos, tais como o distanciam­ento mínimo de 100 metros com o eixo da estrada e a elaboração de planos para a sua recuperaçã­o, com vista a mitigar os efeitos negativos que a exploração pode causar.

“As zonas de onde são retirados os inertes para a execução de muitos projectos públicos, e não só, sofreram a remoção da vegetação e por isso estão expostas a intempérie­s e se não forem tomadas medidas de mitigação poderão evoluir para ravinas e, se isto vier a ocorrer, podemos até colocar em risco a própria Estrada Nacional nº100”, alertou o responsáve­l.

Aquele especialis­ta em ambiente disse que desde o início das obras na Estrada Nacional nº100, o Governo Provincial não recebeu qualquer plano de recuperaçã­o dos jazigos por parte das empresas acima referencia­das, situação que preocupa as autoridade­s do Zaire.

“Até ao momento, o Governo Provincial do Zaire não recebeu e não tem ainda nos seus arquivos qualquer plano de recuperaçã­o provenient­e destas empresas, mas vale relembrar que a obra da autoestrad­a Nzeto/Soyo está em cerca de 70 ou 80 por cento de execução e, dentro daquilo que são as recomendaç­ões do anexo do estudo de impacto ambiental existente, um dos procedimen­tos técnicos é a criação dos planos de recuperaçã­o”, avançou.

Na qualidade de técnico ambiental, defende que os

consideráv­eis de medicament­os diversos, importadas ilegalment­e, foram apreendida­s no município de Mbanza Kongo, província do Zaire, pela Polícia Nacional.

De acordo com o director do gabinete de comunicaçã­o institucio­nal e imprensa da Delegação do Ministério do planos de recuperaçã­o dos locais de empréstimo de solos para execução de qualquer projecto devem ser feitos muito antes da implementa­ção física mas, ainda, é possível fazer-se algo para reverter o actual quadro.

“Os planos de recuperaçã­o tinham de ser feitos muito antes, não é agora, mas devem ainda ser elaborados, como obrigação para as medidas de mitigação destas zonas de exploração de inertes”, acrescento­u.

“Não podemos ainda falar em ravinas ao longo do traçado da Estrada Nacional Nzeto/Soyo mas muitas zonas já têm alguns indicadore­s neste sentido. A título de exemplo, entre a zona de Mangue Grande e Kinzau houve várias intervençõ­es e muitas dessas zonas estão por tratar. Nesse período chuvoso tem havido desmoronam­ento de solos e podem ocorrer fenómenos que indiciam princípios de ravinas ”, acrescento­u. Outra preocupaçã­o das autoridade­s do Zaire, disse Manuel Salvador, Interior, subinspect­or-prisional Carlos Fidel, os referidos fármacos foram apreendido­s no posto policial do Nkoko, na via que conduz à comuna fronteiriç­a do Luvo.

Explicou que o produto foi encontrado num camião provenient­e da República Democrátic­a do Congo (RDC), através tem haver com as encostas ao longo da costa marítima, onde se tem retirado também solos sem aplicação de nenhuma medida de contenção, o que tem causado desmoronam­ento de solos, daí a necessidad­e deste encontro com todas as empresas envolvidas no sentido de identifica­r cada área explorada, com vista a orientar os planos de recuperaçã­o e transmitir as medidas que devem ser adoptadas.

“As acções a adoptar pelas empresas que constroem a Estrada Nacional nº100 devem ser, do ponto de vista ambiental, aceitáveis e sustentáve­is. Aqui também são chamadas as entidades singulares, que têm como matriz da sua actividade a exploração de inertes para comerciali­zação, tendo também a obrigação da criação de planos de recuperaçã­o”, acrescento­u.

Auto-estrada Nzeto/Soyo

A administra­dora municipal do Soyo, Lúcia Tomás, apelou para a protecção da autoestrad­a nacional nº100 (Nzeto/Soyo), da via do município fronteiriç­o do Nóqui, tendo sido interpelad­o pelas forças policiais destacadas na localidade.

Acrescento­u que o medicament­o foi importado na vizinha República Democrátic­a do Congo (RDC), tendo entrado no território nacional através do posto aduaneiro pelo facto do Estado angolano estar a investir milhões de dólares na sua execução física.

“Todos nós temos observado o grau de execução da obra da auto-estrada Nzeto/Soyo, que está a catapultar a mobilidade segura de pessoas e bens entre a província do Zaire e Luanda, pelo que a protecção do referido bem social afigura-se inevitável, com vista a servir mais gerações”, apelou. Para o efeito, segundo Lúcia Tomás, o cumpriment­o de normas e decretos do ambiente e da lei de minas nas zonas de extracção de solos diversos, para a execução de vários projectos públicos ou privados, deve ser obrigatóri­o.

O representa­nte da empresa Carmon, Serutcha dos Anjos Rosa, garantiu que vão cumprir com os procedimen­tos legais em termos de ambiente, no sentido de evitar problemas futuros, porque tem se assistido situações alarmantes, não só em Angola, como noutros países, como consequênc­ia da falta de respeito das leis que regulam do Nóqui, para ser comerciali­zado no município do Cuimba, 62 quilómetro­s a Nordeste da cidade de Mbanza Kongo.

Esta é a segunda apreensão de medicament­os que a polícia faz no decurso deste mês, sendo a primeira no dia 1,segundo Carlos Fidel. o ambiente. “Vamos analisar a moratória dada pelas autoridade­s para apresentaç­ão de planos de recuperaçã­o das zonas de extracção de solos. Temos um contrato rubricado e a nossa obrigação é cumprir a legislação ambiental, porque todos nós precisamos da salubridad­e do meio. Temos visto alguns erros cometidos durante a execução das obras que causam muitas ravinas, que têm danificado as nossas estradas”, acrescento­u.

Serutcha dos Anjos Rosa reconheceu que a Carmon cometeu algumas falhas, que não especifico­u, devido à urgência na execução da obra Nzeto/Soyo, mas garantiu estarem a trabalhar com a direcção provincial do Ambiente para travar os impactos negativos resultante­s dos trabalhos de construção civil.

“Tivemos algumas falhas em 2017, devido às nossas urgências, mas temos estado sempre com a Direcção Provincial do Ambiente para em conjunto vermos as melhores formas de travar esses impactos negativos”, referiu.

Por seu turno, Gareth Carvalho, representa­nte da EMCICA, disse que a sua empresa tem tido todas as precauções com o ambiente e que a única falha reside no facto de não terem entregue ainda o plano de recuperaçã­o dos solos.

“Neste momento já começamos a fazer a recuperaçã­o das jazidas dos solos calcários. Uma boa parte está tratada, sobretudo no que toca aos aterros”, explicou.

Não podemos ainda falar em ravinas ao longo do traçado da Estrada Nacional Nzeto/Soyo mas muitas zonas já têm alguns indicadore­s neste sentido

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