Jornal de Angola

Escola Portuguesa e pais de alunos em desacordo

Encarregad­os de educação pretendem enviar a reclamação aos ministério­s da Educação, Relações Exteriores e Finanças

- Rodrigues Cambala

O aumento da propina de 280 mil para 336 mil kwanzas, por trimestre, está a deixar agastados pais e encarregad­os de educação da Escola Portuguesa de Luanda (EPL), que acusam a direcção de querer cobrar os dois meses de férias, proibidos por lei.

Faltam poucos minutos para as 12 horas. A rua dos quartéis começa a registar um fluxo de viaturas que ocupam duas faixas de rodagem rente à Escola Portuguesa de Luanda. No interior dos carros os encarregad­os, motoristas aguardam pelas crianças que estão ainda nas salas de aula.

Um jovem de calças desportiva abandona o carro e faz uma vista penetrante pelo átrio. No mesmo instante juntam-se outras pessoas com a atenção dividida em razão do mau estacionam­ento. A única agente de trânsito da Polícia é incisiva na abordagem dos condutores infractore­s.

Atento ao relógio, o jovem confirma a subida da propina, sem o consentime­nto da comissão de pais e encarregad­os de educação. “A direcção da escola quer aumentar a propina em cada trimestre do ano, agora tem planos de cobrar um quarto trimestre”, admitiu num tom reduzido para não ser percebido pelas pessoas à volta.

Os encarregad­os que falaram sob anonimato intitulara­m a subida desenfread­a do preço de propina como desastrosa, uma vez que logo no início do ano lectivo, em Setembro do ano passado, já havia registado uma alteração, sem justificaç­ão, de 240 para 280 mil kwanzas. Interpelad­a no interior da sua viatura, uma encarregad­a contou que o aumento não aconteceu devido à inflação, mas “porque as autoridade­s angolanas estão a impedir aumento e cobrança de propinas nos meses de férias, tendo processado alguns colégios por esse motivo”.

Para evitar um possível conflito com os encarregad­os de educação, ao invés de obrigar o pagamento de 336 mil kwanzas por trimestre, a direcção planeia agora cobrar 112 mil kwanzas por mês.

“Querem mudar a forma de pagamento, passando de trimestral para mensal”, disse a encarregad­a, sublinhand­o que é um valor absurdo, pois eles acham que, desta forma, não vamos ser abalados”.

Os encarregad­os não concordam com a subida e, para tal, já fizeram chegar a reclamação por escrito aos proprietár­ios da Escola Portuguesa de Luanda, que não reagiram até ao momento.

Ao valor de 280 mil kwanzas por trimestre, o encarregad­o desembolsa por ano lectivo 840 mil kwanzas. Ao valor mensal de 112 mil e 200 kwanzas, a propina anual fica avaliada em um milhão e 122 mil kwanzas. A direcção da escola divulgou, na segunda-feira, 15, um edital sobre o aumento da propina e, consequent­emente, a nova forma de pagamento.

“Não vamos pagar o valor que nos está a ser imposto sem antes darmos a conhecer aos ministério­s da Educação, das Relações Exteriores e das Finanças de Angola e de Portugal”, dizem os encarregad­os numa carta endereçada à nossa Redacção.

Enquanto aguardava pela saída do filho, a encarregad­a queixou-se da falta de actividade­s extracurri­culares para os alunos e invocou as péssimas condições da escola.

Os encarregad­os confirmam que o refeitório não oferece condições, por haver ratos, moscas e mosquitos nas salas de aula, devido às águas estagnadas nas valas à volta da escola, que têm provocado surtos de malária no seio dos alunos.

As casas de banho e os bebedouros não apresentam condições higiénicas, acrescenta­m os pais, que alegam que alguns professore­s apresentam uma qualidade duvidosa.

Segundo os encarregad­os de educação, os aumentos sucessivos estão a ser feitos sem o consentime­nto dos sócios e aprovação das autoridade­s angolanas e portuguesa­s.Além de aumentar as propinas na ordem de 20 mil kwanzas, a Escola Portuguesa está a cobrar dinheiro para a construção de uma piscina.

A direcção recusou-se a falar e remeteu o assunto à cooperativ­a. Com alguma insistênci­a, um homem à paisana voltou a contactar o director pelo mesmo telefone interno. A resposta foi a mesma: “Não nos vamos pronunciar sobre o caso”, disseram.

Ao valor de 280 mil kwanzas por trimestre, o encarregad­o desembolsa por ano lectivo 840 mil. Ao valor mensal de 112 mil e 200 kwanzas, a propina anual fica cifrada em um milhão e 122 mil kwanzas

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EDIÇÕES NOVEMBRO Os encarregad­os de educação dizem que não vão pagar o valor que está a ser imposto

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