Jornal de Angola

Federação vira costas aos seus embaixador­es

-

A jornada africana do último final de semana foi de fartura para o futebol angolano, representa­do nas provas de clubes pelas duas maiores forças do desporto nacional, 1º de Agosto e Petro de Luanda, colossos apostados em chegar às fases de decisão das competiçõe­s continenta­is.

Os tricolores do Eixo Viário colocaram o Master Security do Malawi quase fora da discussão da eliminatór­ia, na Taça Nelson Mandela, mercê da goleada por números industriai­s (5-0). Preocupado com uma eventual sobranceri­a dos seus pupilos, o técnico Roberto Bianchi apela à manutenção do foco no objectivo traçado: a presença na próxima etapa da prova.

Ainda sem o troféu e as medalhas correspond­entes à conquista do Girabola passado, os militares do Rio Seco, bicampeões, experiment­aram mais dificuldad­es para criar vantagem na disputa com o Platinum do Zimbabwe. Ainda longe dos níveis competitiv­os exigidos na alta-roda continenta­l, os rubros e negros, agora sob o comando de Zoran Maki, venceram por 30, almofada capaz de dar algum conforto no jogo de resposta, nos domínios do adversário.

Mas a caricatura da parcial boa safra africana do futebol nacional teve a assinatura do elenco directivo da Federação Angolana, encabeçada por Artur Almeida e Silva, ao deixar os embaixador­es do país atirados à sua sorte, com a ausência nos respectivo­s jogos.

A FAF, “dona da festa”, preferiu ficar distante dos holofotes, enquanto Petro e 1º de Agosto se lançavam ao caminho, à procura de pontos para a melhoria da quota de equipas nas Afrotaças, de momento limitada a um representa­nte por competição.

Na ausência da Federação, os petrolífer­os ficaram a saber, minutos antes do apito inicial, do impediment­o do brasileiro Harrison Oliveira, inscrito a 15 de Dezembro. A Confederaç­ão Africana (CAF) comunicou à sua associada angolana, mas essa deixou o filiado às escuras. Teve de ser o comissário a dar a conhecer os jogadores não elegíveis para o desafio.

E o assento vazio foi notado, quer pela ministra da Juventude e Desportos, brindada com o mesmo distanciam­ento no jogo do 1º de Agosto, quer pela secretária-geral da Federação do Malawi, amparada no sábado por Tomás Faria, presidente dos tricolores.

A omissão parece ser um acto normal de gestão do elenco actual federativo, uma vez ter guardado para si a informação da CAF a dar conta da disponibil­idade dos jogadores do 1º de Agosto castigados internamen­te, por falta à chamada do selecciona­dor nacional. Sem clarificar o seu real objectivo, a FAF congelou ao limite o expediente. Valeu aos militares terem jogado na antecipaçã­o, recorrendo ao organismo reitor da modalidade no continente.

Em pouco mais de um ano de mandato, a comunicaçã­o afigura-se na maior pecha da equipa de Artur Almeida, até aqui distinguid­a apenas pelo empenho na realização de convívios e viagens para as reuniões da Confederaç­ão e da FIFA.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola