Emmerson Mnangagwa sem maioria deixa o poder
O ambiente político no Zimbabwe já é marcado pela preparação das eleições de Julho próximo. Emmerson Mnangagwa Presidente da República interino e um dos principais candidatos ao triunfo já garantiu que deixa o poder no seu partido
O Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, garantiu que vai abandonar todos os cargos de direcção política que actualmente exerce caso não vença as eleições previstas para Julho deste ano. Numa declaração proferida durante a visita ao Botswana, o Presidente interino do Zimbabwe sublinhou que não está colado ao poder e deu garantias de que se retira, tanto da direcção do país como na do seu partido, a ZANU-PF, caso não consiga a maioria dos votos nas próximas eleições.
O Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, deu este fim de semana a garantia de que abandonará todos os cargos de direcção política que actualmente exerce caso não vença as eleições previstas para Julho deste ano.
Numa declaração proferida durante a sua visita ao vizinho Botswana, o Presidente interino do Zimbabwe sublinhou que não está colado ao poder e deu garantias de que o abandonará, tanto na direcção do país como na do seu partido, a ZANU-PF, caso o povo não lhe dê a maioria de votos nas próximas eleições.
Reafirmando que tudo está a ser preparado para que o pleito se realize na data prevista, Julho deste ano, Emmerson Mnangagwa garantiu o direito de voto a todos os zimbabweanos e o respeito que lhe merecerá a vontade do povo, seja contra ou a seu favor.
Mnangagwa anunciou que haverá, na mesma data, eleições em boletins de voto separados para a Presidência da República, para o Parlamento, o Senado e os concelhos municipais.
“A voz do povo é a voz de Deus, por isso tem que ser respeitada”, acrescentou Mnangagwa numa alocução para empresários e que teve como objectivo a captação de investimentos para o Zimbabwe. Esta semana, porém, surgiu uma má notícia para o país com a decisão dos Estados Unidos manterem em vigor o pacote de sanções económicas imposto desde 2008.
Há uma semana, Mnangagwa e o seu ministro das Finanças, Patrick Chinamasa, haviam mostrado optimismo em relação ao levantamento dessas sanções, tanto por parte dos Estados Unidos como do Reino Unido. Pois bem, Washington decidiu manter as sanções pelo menos até às eleições, aguardando por aquilo que pretendam que sejam “mais trabalho prático e menos expectáculo mediático”, representado isso um duro golpe para aquilo que eram as expectativas das autoridades zimbabweanas.
Londres e Harare, por outro lado, têm mantido aquilo que Chinamasa diz ser um “diálogo positivo”, sublinhando que aguarda para breve uma decisão britânica em relação ao eventual levantamento das sanções económicas. A União Europeia, desde 2008 que tem anualmente aligeirado de modo gradual o conteúdo do pacote de sanções, aprovando medidas pontuais que ainda estão bem longe de satisfazer os interesses e os desejos do Zimbabwe.
O levantamento das sanções por parte dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia é considerado fundamental para que o Zimbabwe possa aplicar um programa económico capaz de garantir a execução das reformas já aprovadas pelo Executivo de modo a que sejam aplicadas antes das eleições de Julho. Sem esse levantamento fica difícil ao país conseguir os investimentos internacionais privados para levar por diante o seu programa de reformas económicas e sociais. Oposição Mesmo o financiamento das eleições é um assunto delicado e que está a ser tratado com extremo cuidado pelo Governo, de modo a não comprometer conversações para possíveis ajudas que estão em curso com alguns países amigos. Por seu lado os partidos da oposição estão a organizar-se para o pleito de Julho, num processo que está a ser dificultado pela falta de condições financeiras para a realização de acções de mobilização dos seus quadros. O falecimento num hospital de Joanerbusgo de Morgan Tsvangirai, o principal líder da oposição durante os últimos dez anos e que foi a sepultar este fim de semana numa cerimónia pública bastante participada, força a necessidade do partido que dirigiu, o MDC, realizar um congresso extraordinário para eleger os novos responsáveis e um cabeça de lista para disputar a corrida presidencial.
Um dos vice-presidentes do partido, Thokozani Khupe, surge melhor posicionado para suceder a Tsvangirai, mas terá que disputar o lugar com o secretário-geral, Morgan Komichi, que tem estado na linha da frente nas críticas ao modo como a ZANU-PF e o seu presidente, Emmerson Mnangagwa, estão a lidar com a oposição na questão da preparação das eleições.
Segundo Komichi, era de esperar que o partido no poder mantivesse com a oposição um diálogo “franco e aberto” para ultrapassar os problemas logísticos que afectam os partidos da oposição.
No essencial, o MDC queria que o Governo aprovasse já o regulamento sobre os subsídios que os partidos esperam receber, bem como sobre a segurança policial para a realização de comícios em todo o país.
A antiga vice-presidente do Zimbabwe, Joyce Mujuro, é também uma forte candidata para disputar com Emmerson Mnangagwa a corrida para as presidenciais consideradas cruciais.
Oposição está a organizar-se para enfrentar o desafio das próximas eleições, mas o processo está a ser dificultado pela falta de condições financeiras para a mobilização dos eleitores