Chuva em Luanda mata duas crianças
Duas crianças, de dois e quatro anos, foram encontradas mortas no interior de uma residência, no bairro Belo Monte e, no mesmo dia, um camião de recolha de lixo provocou a destruição da ponte que liga os bairros Paraíso e Augusto Ngangula, em Cacuaco.
O administrador do Distrito Urbano de Mulenvos de Baixo, Luís Vicente, que confirmou o facto, disse que a chuva provocou a inundação da residência onde se encontravam as crianças sozinhas e a ponte desabou depois de o camião derrapar e tombar sobre a mesma.
Com ajuda dos populares, efectivos dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros levaram cerca de seis horas para resgatar os corpos do local. “Foi difícil remover os cadáveres. A chuva não parava de cair e as vias de acesso à residência estavam intransitáveis”, disse.
As chuvas obstruíram as obras de construção da passagem hidráulica, que vai facilitar a ligação entre os bairros da Cerâmica e da Pedreira. Os trabalhos iniciados em finais de 2017 devem ser concluídos até Março deste ano.
O director municipal do Ambiente e Serviços Comunitários de Cacuaco, Martinho Jerónimo, avançou que, em todas as localidades do município, as chuvas provocaram a inundação de centenas de residências e dezenas de escolas e unidades sanitárias.
Martinho Jerónimo disse que as valas de drenagem do Paraíso, Forno do Cal, Vidrul, Calumana, Iba, Pescadores e dos sectores 5 e 6 da localidade de Moma passam pelo Distrito Urbano de Cacuaco com destino ao mar.
Explicou que a vala de Calumana recebe a água que vem dos municípios do Cazenga e do Sambizanga, enquanto a do Paraíso facilita a passagem das águas provenientes do município de Viana.
“Essas valas entram em carga sempre que a chuva cai com alguma intensidade”, disse, para acrescentar que a maioria das populações afectadas pelas chuvas construíram a menos de 30 metros das valas de drenagem e em linhas de água. Mortes por afogamento
Na terça-feira, 13, duas pessoas perderam a vida, igual número, no sábado, um deles por negligência ao nadar na Bacia de Retenção do Coelho, em Viana, no momento em que chovia na zona.
O porta-voz dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros de Luanda chama atenção para a necessidade de a população acatar os apelos feitos pelas entidades, por forma a evitar as ocorrência por inundações.
“Temos alertado a população para não depositar resíduos sólidos nas valas de drenagem, nas linhas de passagem das águas, de modos a permitir que as águas tenham o seu percurso normal e não o retorno para as residências”, alertou Faustino Minguês.
“Infelizmente Luanda no seu todo apresenta risco de inundações. Hoje não existe bairro na capital em que não verifique esta situação quando chove”, explicou.
Os municípios de Viana e de Cacuaco foram os mais afectados pela chuva de segunda-feira, tendo como consequência, além das duas mortes, cerca de três mil residências inundadas.
Faustino Minguês garantiu que estão a ser feitas sucções nas bacias a nível dos municípios e distritos de Luanda.
Na segunda-feira, depois da chuva, as paragens estavam “repletas” de passageiros, por falta de transportes públicos, obrigando os cidadãos a percorrer quilómetros a pé.
Os que conseguiram apanhar táxi, desistiram ao longo do percurso, preferindo caminhar, por causa da lentidão dos carros, a julgar pela presença de água no asfalto e buracos.
Nos bairros periféricos, os moradores tiveram que se juntar em grupos para retirar as águas com recurso a baldes e electrobombas. As chuvas causaram a queda de árvores em algumas zonas da cidade, tendo danificado parcialmente algumas viaturas e painéis publicitários.