FMI prevê crescimento da economia nacional
Chefe da Missão do Fundo Monetário Internacional sustenta evolução com as medidas de estabilidade em curso no país
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projecta, para este ano, um crescimento de 2,2 por cento, o que representa uma ligeira evolução ao verificado no ano passado, em que se perspectivou o crescimento em 1,1 por cento.
A informação foi avançada ontem, em Luanda, pelo chefe da missão do FMI no final do encontro com a equipa económica do Governo. A projecção do Fundo fica muito abaixo da do Executivo, que prevê, para este ano, um crescimento de 4,9 por cento. O FMI sustenta a evolução com o conjunto de medidas de estabilidade macroeconómica a nível da política fiscal, cambial e monetária, mas também com a projecção de crescimento do sector não petrolífero.
O ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, disse que as constatações da missão liderada pelo brasileiro Ricardo Velloso estão em linha com os programas do Executivo, sobretudo as medidas contidas no Plano Intercalar e também no programa de estruturação macroeconómica.
“As projecções relativas ao crescimento económico e à inflação prevista para este ano são positivas, tendo em conta aquilo que temos estado a definir nestes dois domínios”, disse Manuel Nunes Júnior, sublinhando que o FMI apresentou, também, durante a reunião, uma previsão de crescimento de cerca de 2,2 por cento, quando antes tinha previsto 1,6 por cento.
Para o economista, as projecções vão evoluindo de acordo com a dinâmica e nunca se deve deter como se fossem números definitivos. Relativamente à inflação, Manuel Nunes Júnior disse que o FMI prevê para este ano uma inflação acumulada ao redor dos 24 por cento, inferior à verificada no ano passado.
O FMI esteve em Angola ao abrigo do artigo IV, que são avaliações feitas aos países membros para acompanhar regularmente a evolução económica e financeira. Ontem, o FMI apresentou as suas principais constatações e fez algumas recomendações, no quadro do trabalho de assistência técnica.
Reunião no Parlamento
Antes do encontro com a equipa económica, a missão do FMI chefiada por Ricardo Velloso avaliou com a Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional (Quinta Comissão) a conjuntura económica actual, políticas económicas do Executivo e sobre as duas leis, a da Concorrência e a do Investimento Privado. Foi a 14ª reunião entre o FMI e a Quinta Comissão.
Ricardo Velloso destacou as valências que as leis têm para a economia nacional e foi assertivo em afirmar que a sua aprovação representa para Angola o regresso a taxas de crescimento mais altas capazes de reduzir os níveis de pobreza no país.
Para o economista, a Lei da Concorrência tem a grande vantagem de quebrar monopólios e oligopólios em alguns sectores da economia, incentivar o investimento privado e gerar emprego. Já sobre a lei de Investimento Privado, disse ter, igualmente, o condão de gerar emprego e propiciar o incentivo ao investimento. “O país precisa desse investimento para obter recursos financeiros e, também, conhecimento e experiência”, sublinhou.
Questionado sobre se o Executivo terá pedido apoio financeiro ao FMI, Ricardo Velloso negou haver tal iniciativa e acredita que não será necessário, na medida em que “o preço do petróleo se recuperou bastante nos últimos dias e o Executivo está num processo de restauração do equilíbrio macroeconómico”.
“O contacto com o Executivo é muito próximo em termos de análise e sugestões”, disse. Relativamente à dívida pública de Angola, lembrou que aumentou muito nos últimos anos, estando relativamente elevada, se comparada com outros países da região, mas acredita “ser administrável sem problema” e que, por isso, Angola pode solicitar novos financiamentos.
Ricardo Velloso defendeu que o Executivo deve trabalhar para alongar os prazos de pagamento da dívida, especialmente da dívida doméstica, que é ainda curta. Em relação ao câmbio, Ricardo Velloso destacou as medidas do BNA, que resultaram na implementação do câmbio flutuante, contrapondo o câmbio fixo, completamente insustentável, tendo levado a uma considerável queda das Reservas Internacionais líquidas do país.
Na perspectiva do FMI, a desvalorização até agora feita é suficiente para corrigir a sobrevalorização que existia do Kwanza, embora seja necessário manter a flutuação e restaurar o sistema de leilões.
O presidente da Quinta Comissão da Assembleia Nacional, Diógenes de Oliveira, disse que a apreciação do FMI, quanto às medidas económicas adoptadas pelo Executivo, é positiva, bem como o ambiente que se está a criar com a aprovação do Orçamento Geral do Estado.
Ministro de Estado Manuel Nunes Júnior disse que as constatações da missão do FMI estão em linha com os programas do Executivo, sobretudo as medidas contidas no Plano Intercalar