Angola testa capacidade contra ameaças marítimas
Simulacro é uma iniciativa do Comando dos EUA para África com o objectivo de reforçar formas de partilha de informação
Angola vai testar as capacidades de comunicação, de monitoria da sua costa, de intervenção e prevenção contra ameaças marítimas durante os exercícios navais denominados “Obangame Express 2018”, que tiveram início ontem e decorrem até ao dia 29, com a participação de 31 países.
De acordo com o director do Exercício, Eric Conzen, que falava ontem durante uma áudio conferência, nas instalações da Embaixada Americana, os exercícios, uma iniciativa do Africom (Comando dos EUA para África), em coordenação com os países africanos, destinam-se à partilha de informação, reforço dos mecanismos de abordagem e inspecção de navios, bem como a prevenção de ameaças marítimas.
O centro de coordenação encontra-se em Libreville, Gabão. Os 31 países estão divididos em cinco zonas. Cada país possui um centro de operações, dentro das suas águas de jurisdição, com ligações à coordenação geral em Libreville.
O Comodoro do Comando Militar dos EUA para Europa e África disse que com estes exercícios, os participantes pretendem aumentar as capacidades das nações costeiras para melhorar a operacionalidade em matéria de busca e resgate.
Segundo a alta patente da marinha americana, Angola faz parte da Zona A, com a República Democrática do Congo (RDC), República do Congo, Brasil e Namíbia, que participa como observadora. Com a participação activa desde que deixou o estatuto de observadora, em 2015, a parte angolana associa-se aos exercícios com meios aéreos e navais, tendo oficiais de ligação com os países da mesma zona, das outras zonas e com o centro de coordenação em Libreville.
As forças americanas, disse, pretendem cooperar e complementar o grau de preparação das suas congéneres africanas nos esforços conjuntos para combater as principais ameaças marítimas ao longo da costa atlântica.
Segurança no Atlântico Sul
À margem da áudio-conferência, o chefe do escritório de segurança da Embaixada americana, Luke Fabiunke, disse que, contrariamente à ideia de que as atenções estão voltadas para o Golfo da Guiné, o Atlântico Sul não tem sido abandonado em matéria de prevenção e segurança marítima.
O militar americano deu como exemplo a participação do Brasil, dizendo que o mais importante é aumentar as capacidades já existentes para que os países da região reforcem o controlo do seu espaço marítimo e melhorar as capacidades colectivas.
Assegurar que os países africanos sejam capazes de reforçar, entre si, os mecanismos de cooperação, no domínio da prevenção e combate às ameaças marítimas, constitui igualmente um dos objectivos dos exercícios Obangame Express 2018.
Quando questionado sobre o potencial de conflito entre países africanos, numa altura em que alguns prevêem estender a sua Zona Económica Exclusiva, Luke Fabiunke defendeu a resolução pacífica e a necessidade de recurso às instâncias internacionais.
Além de Angola, participam nesta oitava edição dos exercícios Obangame Express 2018 a Alemanha, Bélgica, França, Portugal, Espanha, Turquia, Brasil, São Tomé e Príncipe, Benin, Camarões, Marrocos, Nigéria, Gabão, Gana, República do Congo, Togo, Cabo Verde, Namíbia, Gâmbia, Libéria, Serra Leoa e Senegal.
Assegurar que países africanos sejam capazes de reforçar, entre si, a cooperação, no domínio da prevenção e combate às ameaças marítimas, é outro dos objectivos dos exercícios