Regresso ao mercado foi um sucesso
Governo vai aos mercados com uma emissão a dez e a 30 anos, figurando entre os três únicos países africanos com a última maturidade aceite entre os investidores
O Governo colocou quartafeira, na Bolsa de Valores de Londres, títulos públicos avaliados em três mil milhões de dólares, de acordo com informações confirmadas ontem pelo Jornal de Angola, em Luanda, pelo Ministério das Finanças.
A emissão é constituída em 1.750 milhões de dólares por títulos a dez anos, com juros de 8,25 por cento, e 1.250 milhões adicionais a 30 anos, com juros de 9,375 por cento, o que torna Angola no terceiro país africano a colocar títulos desta última maturidade, depois da África do Sul e da Nigéria.
Uma fonte oficial sublinhou que a emissão a 30 anos posiciona Angola entre as 70 economias do mundo capazes de fazer colocações com uma tal maturidade: “e uma emissão de classe G20”, afirmou, referindose às economias mais prósperas, sem incluir Angola entre tais países.
Ao comentar a operação, a fonte consultada pelo Jornal de Angola considerou que a emissão foi favorecida pelo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para a formulação de um programa conjunto de estabilização macroeconómica, aos preços mais altos do petróleo no mercado internacional e à transição política em curso no país.
Ao preparar a emissão, o Ministério das Finanças previa, ao longo do último ano e meio, uma colocação de dois mil milhões de dólares a dez anos e juros de até 7,00 por cento.
A fonte deste jornal afirmou que as taxas de juro oferecidas pelo mercado são temporárias e tenderão a baixar, à medida que os indicadores macroeconómicos e políticos forem evoluindo de forma positiva.
Em 2015, quando se estreou no mercado internacional da dívida com uma emissão 1.500 milhões de dólares, a taxa de juro inicial era de algo mais que 9,00 por cento, o que baixou consideravelmente para 7,00 e 6,50 por cento, sobretudo depois do começo da transição política em Angola, em Agosto do ano passado. “O mercado está a diminuir a percepção de risco económico e político de Angola”, declarou a fonte ao prever a redução, ao longo do tempo, do juro oferecido pelos investidores.
Em declarações prestadas em Washington, à margem dos encontros da primavera do FMI, há duas semanas, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, disse que esperava que as taxas de juro destas emissões ficassem ao nível do valor da dívida pública emitida em 2015, que foi lançada com uma taxa de juro de 9,5 por cento, mas que está a ser transaccionada à volta dos 7,00 por cento.
“A expectativa que temos é que [a taxa de juro] ficará abaixo da dos títulos emitidos em 2015, que já estão a ser comercializados a menos de 7,00 por cento; foram lançados a 9,5 e estão a ser comercializados a 7,00, portanto, a nossa expectativa é que fiquem a esse nível”, disse naquela altura o ministro das Finanças.
Nessa mesma ocasião, o ministro também deu indicações de que a emissão poderia ser superior ao valor inicialmente previsto, de dois mil milhões de dólares, ao afirmar que esse seria o tecto mínimo.
Posteriormente, a 27 de Abril, o Presidente da República, João Lourenço, autorizou por despacho que a emissão de títulos de dívida pública de longo prazo em moeda estrangeira ou“eurobonds” fosse de até três mil milhões de dólares.
O Despacho Presidencial foi publicado cinco dias antes da concretização da emissão e alterou a autorização anterior, que era de até dois mil milhões de dólares.
De realçar que o Plano Anual de Endividamento adoptado pelo Governo em Fevereiro, prevê a captação de 6.721 mil milhões de kwanzas de dívida pública em 2018, totalizando algo mais do equivalente a 14.333 mil milhões de kwanzas de endividamento.
Estas necessidades são repartidas em 4.762 mil milhões de kwanzas a captar em dívida emitida no mercado interno e 1.959 mil milhões de kwanzas em desembolsos externos, para “colmatar as necessidades de financiamento” do Orçamento de 2018.
a emissão a 30 anos posiciona Angola entre as 70 economias do mundo capazes de fazer colocações a uma tal maturidade