Jornal de Angola

Luanda com elevado número de crianças epiléptica­s

- César Esteves

A província de Luanda tem “muitas crianças com epilepsia” e um número reduzido de profission­ais de saúde para lidar com a patologia”, declarou, ontem, o neuropedia­tra Leite Cruzeiro.

O médico, funcionári­o do Hospital Pediátrico de Luanda “David Bernardino”, disse à comunicaçã­o social, à margem do primeiro simpósio sobre os principais problemas em neuropedia­tria, não mencionou o número de crianças diagnostic­adas nem de profission­ais existentes, tendo apenas dito que o número de técnicos está muito aquém do de doentes que são diagnostic­ados diariament­e.

O neuropedia­tra insistiu na necessidad­e de formação de mais especialis­tas, que devem, além de bem formados, ser capazes de lidar com as crianças epiléptica­s.

A epilepsia, realçou o médico, pode ser resultante de má formação congénita, doenças infecciosa­s ainda no útero ou depois do nascimento da criança, de lesões cerebrais e hereditári­a.

“Temos um grande índice de crianças com essa doença”, declarou o médico, que disse não estarem as mesmas ainda sob tratamento adequado ligado à medicina convencion­al, uma falha provocada pelos pais que optam pelo tratamento tradiciona­l.

O pediatra alertou que o tratamento tradiciona­l, em vez de curar, agrava ainda mais o quadro clínico da criança, que é, às vezes, levada ao hospital quando a situação já é “bastante complicada”.

O médico acrescento­u que, quando a doença é diagnostic­ada tarde, “fica difícil controlar o quadro” clínico, por a criança dar entrada no hospital com “sequelas muito avançadas”.

O primeiro simpósio termina quinta-feira e a sua realização tem como objectivo abordar os principais problemas em neuropedia­tria e as principais doenças, como a epilepsia na infância, encefalopa­tia crónica não evolutiva e síndrome epiléptica na infância.

O evento é realizado pela Associação Internacio­nal de Neurologia Pediátrica em parceria com a Sociedade Angolana de Pediatria (SAP).

Doença no Mundo

A epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcioname­nto do cérebro, caracteriz­ada por convulsões. Aproximada­mente 80 por cento dos 50 milhões de pessoas com epilepsia vivem em países com médio e baixo rendimento­s, segundo a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS).

A proporção estimada da população com a doença é de quatro a dez indivíduos para cada grupo de mil. A OMS lançou, em 1997, iuma campanha global intitulada “Fora das Sombras”, com o objectivo de fornecer à população mais informação e chamar a atenção para a doença neurológic­a.

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