Começa hoje diálogo nacional para solucionar situação de crise
Um diálogo nacional para ultrapassar a crise na Nicarágua, que causou 54 mortos em menos de um mês, começa hoje, anunciaram os bispos do país.
A Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) afirmou que o diálogo nacional proposto pelo Presidente Daniel Ortega vai mesmo começar, “ainda que as condições não sejam as ideais.”
Numa conferência de imprensa realizada segundafeira, o presidente do CEN, cardeal Leopoldo Brenes, exortou todas as partes a mostrarem boa vontade, numa “atmosfera de tolerância e respeito, para se chegar a um acordo que possa traduzirse em acções concretas.”
Os estudantes, que estão por trás das manifestações, afirmaram estar “dispostos” a participar nas negociações, embora a “repressão, o assédio, a perseguição e os assassínios em diferentes regiões do país ainda não tenham parado.” Por essa razão, o presidente do Movimento dos Estudantes, Victor Cuadra, instou todos a “permanecerem nas ruas.”
No fim-de-semana, as ruas das principais cidades da Nicarágua encheram-se novamente de estudantes cujas vozes continuam a exigir democracia e independência. Cerca de meia centena de estudantes universitários protestou na segunda-feira contra “o Estado”, que qualificaram como “mara” (gang). Nas faixas que empunhavam podia ler-se: “Não temos medo.”
A Nicarágua vive há quase um mês uma crise que se reflectiu em várias manifestações populares a favor e contra o Presidente, desencadeadas pela reforma da Segurança Social.
Na semana passada, Ortega aceitou duas condições impostas pela CEN para iniciar o diálogo: o fim da repressão dos manifestantes e a autorização para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) investigar as mortes ocorridas durante as manifestações.
O ex-dirigente guerrilheiro sandinista governa a Nicarágua ininterruptamente desde 2007.