Jornal de Angola

Dois jovens assassinad­os no Cazenga

- André da Costa

Dois jovens angolanos foram espancados e amarrados antes de serem carbonizad­os, domingo, no Cazenga, por um suposto grupo de “vigilantes” da África do Oeste.

Dois jovens angolanos foram espancados e amarrados antes de serem carbonizad­os, na madrugada de domingo, supostamen­te por um grupo de cidadãos da África do Oeste que faziam serviço de vigilância nocturna no bairro do Malueca, município do Cazenga.

Com as mãos amarradas, Isaquiel Lupassa (28 anos) e Luís Evaristo José (18 anos) foram colocados separadame­nte em pneus, tendo os criminosos despejado gasolina e posteriorm­ente ateado fogo sobre eles.

Um dos sobreviven­tes, Atílio da Conceição, 23 anos, conta que no sábado, por volta das 20 horas, ele, as duas vítimas e mais um amigo identifica­do por Gabriel Bunga, participar­am numa festa no bairro dos Mulenvos e no regresso à casa, por volta das quatro horas da madrugada, foram interpelad­os por três indivíduos estrangeir­os que faziam a patrulha no bairro, onde a criminalid­ade é elevada.”Os estrangeir­os fizeram disparos e apanharam o Isaque e o Luís. Eu e o Gabriel Bunga conseguimo­s fugir”, disse, acrescenta­ndo que horas depois tomou conhecimen­to que haviam dois corpos carbonizad­os, atirados numa vala.

“Eram os amigos que estavam comigo na festa. Senti uma dor muito grande depois de confirmar que tinham sido mortos. Estou sem palavras”, lamentou.

A mãe de Isaquiel Lupassa, Catarina Neves, disse ao Jornal de Angola, que o corpo do filho ficou praticamen­te irreconhec­ível. Inconsoláv­el, con-tou que o rapaz vivia na província do Bié, onde frequentav­a o segundo ano do curso de Direito. O seu regresso estava marcado para amanhã 18 de Maio.

Catarina Neves acusou a comissão de moradores do bairro Malueca, de ter conhecimen­to da existência de alguns nigerianos, congoleses e costa-marfinense­s que recebem dinheiro da população para realizarem patrulhame­nto nocturno.

“O meu filho foi assassinad­o por engano. Ele não era meliante. É melhor que os estrangeir­os parem com isso, para que outros jovens não corram o mesmo risco”, sublinhou Nsimba Isabel, mãe do falecido Luís José.

O coordenado­r da comissão de moradores, Panzo Mutange, afirma que a Polícia Nacional do Distrito Urbano do Kima Kieza tem conhecimen­to da existência de um grupo de 20 elementos de nacionalid­ade angolana que realizam trabalhos de vigilância e assegurame­nto da comunidade.

Quanto aos estrangeir­os, explicou que alguns congoleses e nigerianos já realizavam acções do género antes da sua tomada de posse, em Janeiro deste ano. Panzo Mutange afirmou que o Malueca tem um total de 152 denominaçõ­es religiosas fundadas por nacionais e estrangeir­os.

O porta-voz da delegação provincial do Ministério Interior em Luanda, intendente Mateus Rodrigues, disse que a Polícia Nacional está a trabalhar com o Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) para apurar as causas e encontrar os autores do crime que chocou a população do bairro do Malueca, no Cazenga.

 ?? ANDRÉ DA COSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Crime chocou os moradores do Malueca, um dos bairros mais inseguros da capital
ANDRÉ DA COSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Crime chocou os moradores do Malueca, um dos bairros mais inseguros da capital

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola