Dois jovens assassinados no Cazenga
Dois jovens angolanos foram espancados e amarrados antes de serem carbonizados, domingo, no Cazenga, por um suposto grupo de “vigilantes” da África do Oeste.
Dois jovens angolanos foram espancados e amarrados antes de serem carbonizados, na madrugada de domingo, supostamente por um grupo de cidadãos da África do Oeste que faziam serviço de vigilância nocturna no bairro do Malueca, município do Cazenga.
Com as mãos amarradas, Isaquiel Lupassa (28 anos) e Luís Evaristo José (18 anos) foram colocados separadamente em pneus, tendo os criminosos despejado gasolina e posteriormente ateado fogo sobre eles.
Um dos sobreviventes, Atílio da Conceição, 23 anos, conta que no sábado, por volta das 20 horas, ele, as duas vítimas e mais um amigo identificado por Gabriel Bunga, participaram numa festa no bairro dos Mulenvos e no regresso à casa, por volta das quatro horas da madrugada, foram interpelados por três indivíduos estrangeiros que faziam a patrulha no bairro, onde a criminalidade é elevada.”Os estrangeiros fizeram disparos e apanharam o Isaque e o Luís. Eu e o Gabriel Bunga conseguimos fugir”, disse, acrescentando que horas depois tomou conhecimento que haviam dois corpos carbonizados, atirados numa vala.
“Eram os amigos que estavam comigo na festa. Senti uma dor muito grande depois de confirmar que tinham sido mortos. Estou sem palavras”, lamentou.
A mãe de Isaquiel Lupassa, Catarina Neves, disse ao Jornal de Angola, que o corpo do filho ficou praticamente irreconhecível. Inconsolável, con-tou que o rapaz vivia na província do Bié, onde frequentava o segundo ano do curso de Direito. O seu regresso estava marcado para amanhã 18 de Maio.
Catarina Neves acusou a comissão de moradores do bairro Malueca, de ter conhecimento da existência de alguns nigerianos, congoleses e costa-marfinenses que recebem dinheiro da população para realizarem patrulhamento nocturno.
“O meu filho foi assassinado por engano. Ele não era meliante. É melhor que os estrangeiros parem com isso, para que outros jovens não corram o mesmo risco”, sublinhou Nsimba Isabel, mãe do falecido Luís José.
O coordenador da comissão de moradores, Panzo Mutange, afirma que a Polícia Nacional do Distrito Urbano do Kima Kieza tem conhecimento da existência de um grupo de 20 elementos de nacionalidade angolana que realizam trabalhos de vigilância e asseguramento da comunidade.
Quanto aos estrangeiros, explicou que alguns congoleses e nigerianos já realizavam acções do género antes da sua tomada de posse, em Janeiro deste ano. Panzo Mutange afirmou que o Malueca tem um total de 152 denominações religiosas fundadas por nacionais e estrangeiros.
O porta-voz da delegação provincial do Ministério Interior em Luanda, intendente Mateus Rodrigues, disse que a Polícia Nacional está a trabalhar com o Serviço de Investigação Criminal (SIC) para apurar as causas e encontrar os autores do crime que chocou a população do bairro do Malueca, no Cazenga.