Época balnear trágica
A maioria das mortes em praias de Luanda, verificou-se em jovens e adolescentes, entre 11 e os 40 anos de idade
Um total de 105 pessoas morreram por afogamento, em Luanda, durante a época balnear 2017-2018, revelou ontem o porta-voz do Comando Provincial do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, Faustino Minguês.
Os dados acima referidos representam um aumento do número de mortes por afogamento, em comparação com o período anterior (2016-2017), em que foram registados menos 43 casos de óbitos.
O porta-voz realçou que os números de mortes teriam sido maiores, não fosse a pronta intervenção dos efectivos da corporação, que conseguiram salvar um total de 100 pessoas que se encontravam em situação eminente de afogamento.
Os afogamentos ocorreram maioritariamente nas praias marítimas, com um registo de 78 óbitos, valas de drenagem de águas pluviais, com oito ocorrências, lagoas (seis) rios e bacias de retenção de águas, com cada cinco, tanques reservatórios (dois) e uma morte num canal de água.
Quanto aos municípios com maiores ocorrências, Faustino Minguês apontou Luanda, com 49 mortes por afogamentos e 61 salvamentos, como líder de casos, seguido por Talatona, com 20 óbitos e 17 salvações, Viana (19 mortes), Cacuaco (13 afogamentos e 17 salvamentos) e Belas com quatro afogamentos.
O porta-voz do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros realçou que a maioria das mortes por afogamento a nível de Viana deu-se em bacias de retenção, valas de drenagens e num rio, em Calumbo, sem que os efectivos daquela instituição pudessem salvar qualquer vítima.
No que diz respeito particularmente às praias do município de Luanda, onde se deram a maior parte das mortes por afogamento, referiu que as do Jango Veleiro (Ilha do Cabo) registou 16 casos de afogamento e 27 salvamentos, do Ponto Final (Ilha do Cabo) averbou oito óbitos e 20 salvamentos, enquanto a da Areia Branca teve sete afogamentos.
Em relação a Talatona, Faustino Minguês avançou que na Praia da Rua 11 foram registados oito mortes por afogamento e um salvamento, Pôr-do-Sol averbou sete óbitos e igual número de salvamentos.
Em Cacuaco, a Praia da Vila Sede registou quatro afogamentos, enquanto a nível do município de Belas, a Praia do Quilómetro 26 teve um caso de morte.
Jovens morrem mais
Nessa época balnear, iniciada a 15 de Agosto e terminada a 15 deste mês, o porta-voz lamentou o facto de a maioria dos casos de afogamentos dar-se em jovens e adolescentes, na faixa etária entre os 11 e 40 anos.
Em relação ao período em que os afogamentos aconteceram nas praias da província de Luanda, Faustino Minguês explicou que os casos foram registados entre às 8h00 e 17h00, com maior realce para o horário que vai das 11h00.
Sobre as causas dos afogamentos, o responsável salientou situações de falta de observância de procedimentos no meio marítimo emanadas pelos nadadores, a preferência por uso de zonas isoladas e proibidas, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e a fraca aptidão para a natação, assim como o desrespeito do período estabelecido das 8h00 às 18h00.
Tendo em conta o aumento de casos de afogamentos nas praias de Luanda, o portavoz do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros apelou para as famílias redobrarem os cuidados quando se dirigirem para esses locais de diversão e reflexão. “Precisamos de respeitar a vida, por ser um dom único”, salienta.
Praias autorizadas
O responsável avançou que em Luanda, os banhistas devem usar apenas as praias da Língua, Jembas, Ramiros, Cepa, Rocha das Mangueiras e Mussulo Centro (Belas), Neyuka, parte da Rua-11, dos Generais, uma parte do Pôrdo-Sol (Talatona) e Praia Amélia (Samba), Jango Veleiro, Marinha de Guerra, Tamariz, Rotunda da Floresta (Ingombota) e Vila Sede (Cacuaco).
Para evitar mais mortes, o porta-voz referiu que estão proibidas, embora sejam as zonas mais frequentadas, as área do Farol Velho e sul do Jango Veleiro (Ingombota), Praia Mitcha, Morro dos Veados, Museu da Escravatura, parte da Rua 11 e Quilómetros (Belas), das Lagostas (Sambizanga), Cefopesca e Boca do Rio (Cacuaco).
Faustino Minguês salientou que, apesar das dificuldades, a corporação, através de mergulhadores do seu projecto “Praias Seguras de Angola (PSA)”, tem conseguido evitar muitas mortes, sendo que, na época balnear anterior, registou um aumento de 61 salvamentos.
Para conseguir esses êxitos, revelou que o PSA dispõe de um grupo de cerca de 200 nadadores salvadores profissionais de alguns quartéis de especialidade em salvamento e extinção de incêndios, que contam com auxílio de voluntários.
Os afogamentos ocorreram maioritariamente nas praias marítimas, com 78 óbitos, e em valas de drenagem de águas pluviais