Troço Ondjiva/Cuamato beneficia de reabilitação
As obras de reabilitação da Estrada Nacional 372, que liga a cidade de Ondjiva à localidade fronteiriça de Cuamato, na província do Cunene, reataram depois de dois anos de paralisação devido à crise financeira que assola o país.
A via, com uma extensão de 69 quilómetros, será asfaltada pela primeira vez, no âmbito do Programa do Governo de Recuperação das estradas nacionais. O troço vai permitir também a ligação entre a cidade de Ondjiva e a zona da cintura verde de Calueque, banhada pelo rio Cunene, e tida também como a futura área económica da província. Os trabalhos, que serão concluídos em onze meses, estão consubstanciados, nesta primeira fase, na reposição dos solos que ficaram deteriorados durante o período de paralisação. Na segunda fase, será feita a colocação da base, sub-base dos solos para a posterior aplicação do asfalto.
Na mesma senda, o Governo Provincial anunciou a retomada, no decorrer do segundo semestre do ano em curso, das obras do troço Xangongo/Calueque, numa extensão de 86 quilómetros. O perímetro irrigado do Missombo, situado na comuna com o mesmo nome, a 16 quilómetros da cidade de Menongue, província do Cuando Cubango, projectado para a produção de alimentos do campo em grande escala, encontra-se em estado de abandono há mais de dois anos, por falta de financiamento para a compra de inputs agrícolas e preparação das terras.
O engenheiro agrónomo Agostinho Dias, responsável da Sociedade de Desenvolvimento dos Perímetros Irrigados - SA (SOPIR), na província do Cuando Cubango, apontou a crise económica e financeira que o país vive, há vários anos, como a principal responsável dos sucessivos fracassos da produção de alimentos ao longo do canal de irrigação do Missombo.
Em finais de 1999, o governo central investiu pouco mais de 12 milhões de dólares americanos na modernização da barragem sobre o rio Kwebe, que passou de duas para 26 comportas, e construiu no local um canal de irrigação de 6,5 quilómetros de extensão, e uma bacia para a retenção das águas, para garantir a produção anual de 80 mil toneladas de alimentos diversos.
De lá para cá e apesar do enorme investimento que o governo efectuou no local, a produção de alimentos em grande escala nunca chegou a concretizar-se, como apurou o Jornal de Angola, por falta de verbas que permitiriam a aquisição, no exterior do país, de uma vasta gama de inputs agrícolas, para a concretização dos objectivos.
O governo da província do Cuando Cubango recorreu em 2011 à Sociedade de Desenvolvimento dos Perímetros Irrigados (SOPIR), no sentido de tirar o maior proveito do canal de irrigação do Missombo, fizeram-se as primeiras culturas de milho, massango, massambala e feijão e, apesar das colheitas terem sido razoáveis, o projecto voltou a não surtir os efeitos desejados. Além dos 300 hectares reservados à cultura de milho, massango, massambala e feijão, a SOPIR tinha reservado também 450 hectares para a criação de um pomar de laranjeiras, tangerineiras, limoeiros, mangueiras, pereiras e papaias, num investimento de cerca de 40 milhões de dólares americanos, que incluía ainda a construção de duas pocilgas.
Estava prevista também a construção de duas naves para a reprodução de aves, dois tanques banheiros, mangas de vacinação, aquisição de centenas de cabeças de gado bovino, caprino, ovino e de milhares de pintos précriados, bem como a instalação de dois pivôs centrais para a irrigação, mas a falta de financiamento inviabilizou o projecto.
Agastado com a situação, o governo da província, recorreu a um financiamento do Banco Keve, de cerca de 60 milhões de kwanzas, para um significativo número de beneficiários, a quem foram entregues dois hectares de terra, mas a estratégia do executivo voltou a não resultar e o perímetro irrigado voltou a ficar um longo período sem qualquer tipo de produção.
Estaca zero
Apesar da presença em Menongue do coordenador do núcleo instalador da Sociedade de Desenvolvimento dos Perímetros Irrigados (SOPIR), engenheiro agrónomo Agostinho Dias, a verdade é que o perímetro irrigado do Missombo voltou à estaca zero, assistindo-se actualmente a uma degradação e vandalização sem precedentes de todas as suas infra-estruturas. Agostinho Dias disse que a empresa pública, Sociedade de Desenvolvimento dos Perímetros Irrigados (SOPIR), abandonou a gestão e supervisão do perímetro irrigado do Missombo, pelo facto dos seus 27 trabalhadores, que asseguravam o funcionamento normal de todas as infra-estruturas, se encontrarem há mais de 30 meses sem salários.
Disse que além dos trabalhadores da SOPIR não serem remunerados há mais de dois anos e seis meses, é justamente neste período de tempo que se deixou de ver ao longo do canal do Missombo pequenas culturas de produção de tomate, cebola, milho, repolho entre outros produtos hortícolas.
Salientou que as infraestruturas do perímetro irrigado do Missombo estão a ser vandalizadas pelos amigos do alheio e outros meios técnicos estão a danificarse por falta de manutenção, deitando-se por terra os cerca de 12 milhões de dólares investidos pelo Estado.
De acordo com o responsável, para reactivar o perímetro irrigado do Missombo, de 1.040 hectares, será necessário um investimento sério por parte dos empresários, que, desde a sua implementação, em 2007, nunca beneficiou de qualquer tipo de financiamento privado.
Estava prevista a construção de duas naves para a reprodução de aves, dois tanques banheiros, mangas de vacinação e aquisição de centenas de cabeças de gado bovino, caprino e ovino