Presidente denuncia novo proteccionismo
Vladimir Putin discursa no Fórum Económico de São Petersburgo
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse, na sextafeira, que a economia mundial enfrenta uma “nova forma de proteccionísmo” idealizado para “esmagar os competidores e obter concessões”, de acordo com o seu discurso no plenário do Fórum Económico Internacional de São Petersburgo.
“Se antes colocavam em andamento formas clássicas de proteccionismo, tais como tarifas, normas técnicas e subsídios encobertos, hoje falamos de um novo tipo de protecionismo. Trata-se do uso de falsos pretextos, que se justificam com a segurança nacional”, disse Vladimir Putin numa clara referência às sanções económicas que são impostas de forma unilateral.
Tudo isso tem como objectivo “esmagar os competidores e obter concessões”, acrescentou o Presidente russo ao discursar ao lado do seu homólogo de França, Emmanuel Macron, do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, do vice-Presidente da China, Wang Qishan e da diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
“A espiral de sanções e restrições que se suscitou está a ganhar força e atinge cada vez mais países e empresas, incluindo aqueles que tinham certeza que nunca seriam afectados por restrições comerciais”, ressaltou o Presidente russo.
Vladimir Putin advertiu que “a arbitrariedade e o descontrolo geram inevitavelmente a tentação de fazer uso de instrumentos restritivos várias vezes, a torto e a direito, por qualquer motivo, sem levar em conta as lealdades políticas”.
“No plano global, essa conduta dos países, principalmente dos centros de força, pode ter consequências muito negativas, se não destrutivas, sobretudo agora que o desprezo pelas normas existentes e a perda de confiança mútua podem sobrepor-se com a imprevisibilidade e as turbulências das colossais mudanças tecnológicas que acontecem no mundo, afirmou Putin.
Na opinião do líder russo, essa conjunção de factores é capaz de provocar uma “crise sistêmica que o mundo nunca conheceu”.
“A desconfiança global põe em dúvida as perspectivas de crescimento global”, disse Vladimir Putin, que avisou que tal atitude “pode fazer a economia e o comércio mundial retrocederem para a época da economia natural, quando cada um produzia tudo”.
Essa conduta dos países principalmente dos centros de força, pode ter consequências muito negativas, se não destrutivas, sobretudo agora que o desprezo pelas normas pode se sobrepor
O Presidente Vladimir Putin denunciou que “violar as regras se transformou na regra. A abertura dos mercados e a competitividade honesta estão a ser substituídas por todo o tipo de obstáculos, restrições, sanções” no mundo actual.
Além disso, o líder russo acrescentou que “hoje, não precisamos de guerras comerciais, nem sequer de uma trégua comercial. O que necessitamos é de uma paz comercial plena”.
O Presidente russo considerou que “não há alternativa à elaboração conjunta de regras na economia global e de mecanismos que garantam o seu cumprimento”.