Jornal de Angola

Exigida a extradição de Yahya Jammeh

Várias organizaçõ­es humanitári­as internacio­nais exigem que antigo líder da Gâmbia seja julgado em Accra, no Ghana

- Victor Carvalho

Ghanês exige extradição de Yahya Jammeh

A insistente denúncia de um cidadão ghanês da morte de 55 compatriot­as, acusados há 30 anos pelo então Presidente Yahya Jammeh de terem participad­o numa tentativa de golpe de Estado para o derrubar, mobilizou diferentes organizaçõ­es humanitári­as internacio­nais que lançaram uma campanha internacio­nal de apoio a essa iniciativa.

Martin Kyere, assim se chama o ghanês que busca na justiça conforto para os familiares dos seus 55 compatriot­as, testemunho­u pessoalmen­te tudo o que se passou há 30 anos, tendo numa entrevista à BBC dito que só escapou porque foi protegido por missionári­os católicos que o acolheram.

De regresso ao Ghana, após ter vivido 22 anos na Gâmbia debaixo daquilo que descreve como um “teatro de terror”, Martin Kyere encetou esforços para levar Yahya Jammeh à justiça.

Para isso criou uma associação com outros 56 sobreviven­tes (na maioria nigerianos e ghaneses) da chacina ocorrida na Gâmbia no fatídico dia 22 de Julho de 2005, data em que Yahya Jammeh ordenou o fuzilament­o de centenas de pessoas que ele disse estarem envolvidas numa tentativa de golpe de Estado para o derrubar.

Campanha internacio­nal

Esta semana, as organizaçõ­es Human Rights Watch (HRW) e Trial Internatio­nal confirmara­m tudo o que Martin Kyere havia dito e acusaram formalment­e em Banjul, o antigo Presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, de ter mandado assassinar, em 2005, mais de 50 imigrantes oriundos de países da África Ocidental, maioritari­amente do Ghana e da Nigéria.

Em comunicado conjunto, as duas organizaçõ­es pedem que Yahya Jammeh, actualment­e exilado na Guiné Equatorial, seja extraditad­o para o Ghana, onde deverá ser julgado.

Ambas as organizaçõ­es fundamenta­m as suas acusações em entrevista­s a mais de três dezenas de funcionári­os gambianos, onze deles directamen­te envolvidos no incidente, e a de um sobreviven­te, Martin Kyere, que esteve na base da investigaç­ão internacio­nal do caso.

Um grupo de imigrantes, entre eles 44 ghaneses, vários nigerianos, senegalese­s, marfinense­s e togoleses foram detidos numa praia de Banjul, quando tentavam chegar à Europa.

Os detidos foram considerad­os suspeitos de serem mercenário­s, que tinham por missão derrubar o Governo de Jammeh.

Este, chegou ao poder através de um golpe de Estado em 1994, e foi derrotado nas eleições presidenci­ais de Dezembro de 2016.

Como resultado da forte pressão interna e externa, Jammeh foi forçado a exilar-se na Guiné Equatorial.

Um assessor de uma destas duas organizaçõ­es, refere que os imigrantes da África Ocidental não foram assassinad­os por pessoas de forma isolada, mas sim por um esquadrão da morte paramilita­r que recebia ordens directamen­te do Presidente Yahya Jammeh.

“Os subordinad­os de Jammeh destruíram depois as provas para impedir que os investigad­ores internacio­nais conhecesse­m a verdade”, acrescento­u.

Um relatório da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e das Nações Unidas concluiu, em 2009, que as mortes e desapareci­mentos foram da responsabi­lidade de membros corruptos das forças de segurança gambianas, embora sem provas credíveis de que receberiam ordens superiores, realçase no comunicado conjunto da HRW e da Trial.

“As novas provas, porém, deixam claro que esses responsáve­is pertencem à unidade paramilita­r de Jammeh”, lêse no recente comunicado das duas organizaçõ­es não governamen­tais de defesa e promoção dos Direitos Humanos.

A HRW e a Trial, bem como várias organizaçõ­es de direitos humanos do Ghana, pediram ao novo Governo gambiano, liderado pelo Presidente Adama Barrow, que investigue as novas provas, de forma que o processo permita extraditar Jammeh para Acra onde, defendem, deve ser julgado.

A HRW e a Trial, bem como várias organizaçõ­es de direitos humanos, pediram ao novo Governo gambiano que investigue as novas provas, de forma que o processo permita extraditar Jammeh para Acra, onde deve ser julgado

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DR Antigo Presidente da Gâmbia acusado de ter ordenado o fuzilament­o de ghanenses

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