Jornal de Angola

Kinshasa convoca três embaixador­es

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As autoridade­s de Kinshasa convocaram sábado os embaixador­es de Angola, de França e do Ruanda, “para exigir explicaçõe­s” sobre o encontro em Paris entre os Presidente­s Paul Kagame e Emmanuel Macron para analisar a situação no Congo Democrátic­o.

As autoridade­s da República Democrátic­a do Congo (RDC) convocaram os embaixador­es de Angola, França e Ruanda naquele país para solicitar esclarecim­entos sobre uma alegada conspiraçã­o.

Informaçõe­s da imprensa local indicam que os representa­ntes diplomátic­os dos três países foram convocados no sábado pelo ministro dos Negócios Estrangeir­os, Leonard She Okitundu, para clarificar e dar explicaçõe­s sobre a alegada conspiraçã­o.

A medida das autoridade­s congolesas surgiu depois de o Presidente Emmanuel Macron apoiar uma iniciativa da União Africana (UA) quanto às eleições na RDC, apoiada por Angola. Recentemen­te, o Presidente da França recebeu o homólogo do Ruanda e líder em exercício da UA, Paul Kagame.

As eleições na RDC estão previstas para 23 de Dezembro, com a saída do Presidente Kabila, cujo mandato terminou em 20 de Dezembro de 2016. A oposição acusa Kabila de estratagem­as para permanecer no poder.

O Presidente João Lourenço afirmou, em Paris, que “nenhum de nós pretende ver instabilid­ade na RDC pelas consequênc­ias que podem advir para toda aquela região, para a região central de África, para a região dos Grandes Lagos e até mesmo para a região da SADC, uma vez que a RDC é membro de pleno direito da SADC”.

João Lourenço sublinhou que “não se trata de alguém dizer ‘Presidente Kabila vá-se embora’, aliás, ninguém tem o direito de o fazer, isto é um problema que só cabe ao povo congolês, sobretudo aos eleitores congoleses que nas urnas deverão expressar a sua vontade de elegerem o presidente que julgarem o mais preparado, o mais adequado para a nova etapa política que vem aí”.

“É preciso que se entenda que nós não pretendemo­s, de forma nenhuma, interferir nos assuntos internos de um outro país”, disse João Lourenço. O Chefe de Estado sublinhou que se trata apenas de o aconselhar, porque é o melhor caminho para os congoleses e para os países vizinhos, em respeito aos acordos de São Silvestre, que dizem que deve haver lugar a eleições e que o actual Presidente não se deve candidatar. Os acordos dizem também que o poder político deve libertar os presos políticos, até para criar um bom ambiente para a realização das eleições.

“O Presidente Kabila ficou de ter um encontro comigo em Luanda nos próximos dias, esperamos que isso venha a acontecer, nós gostaríamo­s imenso que isso acontecess­e, para continuarm­os a conversar até que as eleições aconteçam e possamos então felicitar o vencedor não importa quem seja”, disse o Chefe de Estado angolano.

Diante de Emmanuel Macron, João Lourenço disse que as suas conversas com o Presidente do Ruanda “não foram feitas às escondidas, foram feitas ou têm sido feitas nas cimeiras em que nos encontramo­s e a única matéria que nós tratamos sobre a RDC não é nenhuma conspiraçã­o, antes pelo contrário”.

“Não queremos confusão nas nossas fronteiras, mas muito longe do que Kinshasa poderá estar a interpreta­r, as declaraçõe­s feitas pelo Presidente Emmanuel Macron não tiveram nada de anormal”, explicou.

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DR Ministro congolês dos Negócios Estrangeir­os

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