CARTAS DOS LEITORES
Investigação científica
Penso que se devia prestar mais atenção à investigação científica nas nossas universidades , públicas e privadas. As nossas universidades não devem estar apenas focadas na atribuição de diplomas a licenciados. Sou da opinião de que as instituições de ensino superior devem também ter departamentos que se concentrem na investigação cientificas nas diferentes área do saber. A Universidade Católica tem sido um bom exemplo no campo da investigação científica, produzindo estudos, em particular na área económica, os quais podem, por exemplo, ajudar os nossos governantes a tomar decisões. Penso que uma universidade não deve ter como única preocupação fazer dinheiro com as propinas dos alunos. Uma universidade deve ser em primeiro lugar um centro que promova a busca do conhecimento para que tenhamos cada vez mais quadros angolanos a resolver os nossos problemas com eficiência. Soube recentemente que uma médica pediatra angolana , Elisa Gaspar, foi homenageada no Brasil por um estudo que realizou sobre a transmissão vertical da malária. Fiquei satisfeito com esta notícia da homenagem. Fiquei ainda mais satisfeito quando soube que o estudo feito pela nossa compatriota foi adoptado pelo sistema de ensino do Estado de brasileiro de Pernambuco ,onde a médica angolana foi homenageada.
Merenda escolar
Gostava que todas as nossas crianças pudessem ter acesso a merenda escolar, sem falhas na sua distribuição. Temos um Fundo Soberano e, na minha modesta opinião, podia-se pensar, com a ajuda deste fundo, numa solução em termos financeiros para que cada criança de Angola possa beber diariamente um copo de leite e ter uma refeição saudável no seu estabelecimento de ensino. Não compreendo por que razão, mesmo no tempo das "vacas gordas", as escolas primárias não tinham capacidade de dar pelo menos uma refeição aos alunos, muitos deles de famílias pobres , sem possibilidade de comer alguma coisa quando saem de casa para irem à escola. As nossas crianças devem merecer a atenção especial das nossas autoridades, que se devem preocupar com o desempenho escolar dos alunos do ensino primário. Já que falo de escolas, aproveito este espaço para apelar às autoridades competentes para verem a situação das casas de banho das diferentes escolas públicas do nosso país. Há escolas que não têm casas de banho que possam ser utilizadas pelos alunos e pelos professores, porque estão degradadas. Os alunos e professores permanecem muitas horas nas suas escolas, pelo que é urgente que se pense imediatamente em reabilitar as casas de banho. Isto é básico. Não conheço as competências da Inspecção Escolar, mas acho que esta devia também ter um papel maia activo ao nível da fiscalização das condições em que os professores ensinam e os alunos aprendem. As direcções das escolas devem alertar as instâncias superiores das situação , em termos de higiene, dos estabelecimentos de ensino que dirigem. Os alunos e professores têm o direito de estudar e ensinar em ambiente sadio. As entidades competentes ligadas ao ensino têm a obrigação de criar condições nos estabelecimentos de ensino para que os alunos e professores não estejam sujeitos a contrair doenças. A minha preocupação é a de muitas pessoas, professores, alunos e encarregados de educação. Converso com professores de escolas sem casas de banho dignas. Que se faça imediatamente alguma coisa. Os governantes têm de ter o hábito de visitar as instituições que estão sob sua tutela para saberem dos seus problemas e para poderem resolvê-los com celeridade. Os servidores públicos devem de facto servir os cidadãos. Quem está em cargos públicos deve saber que a sua principal missão é trabalhar no sentido da salvaguarda do interesse público. O servidor público não deve pensar que tem necessariamente enriquecer no exercicio das suas funções para ser respeitado. Ninguém respeita pessoas que desviam dinheiros públicos para benefícios particulares. Um servidor do Estado devia sentir-se bem quando, no final das suas funções, poder dizer que serviu bem a comunidade. Pode-se viver com dignidade sem se roubar milhões que pertencem ao Estado.