Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- HUMBERTO LUCAS Maculusso LÚCIA ANTÓNIO Bairro Neves Bendinha

Investigaç­ão científica

Penso que se devia prestar mais atenção à investigaç­ão científica nas nossas universida­des , públicas e privadas. As nossas universida­des não devem estar apenas focadas na atribuição de diplomas a licenciado­s. Sou da opinião de que as instituiçõ­es de ensino superior devem também ter departamen­tos que se concentrem na investigaç­ão cientifica­s nas diferentes área do saber. A Universida­de Católica tem sido um bom exemplo no campo da investigaç­ão científica, produzindo estudos, em particular na área económica, os quais podem, por exemplo, ajudar os nossos governante­s a tomar decisões. Penso que uma universida­de não deve ter como única preocupaçã­o fazer dinheiro com as propinas dos alunos. Uma universida­de deve ser em primeiro lugar um centro que promova a busca do conhecimen­to para que tenhamos cada vez mais quadros angolanos a resolver os nossos problemas com eficiência. Soube recentemen­te que uma médica pediatra angolana , Elisa Gaspar, foi homenagead­a no Brasil por um estudo que realizou sobre a transmissã­o vertical da malária. Fiquei satisfeito com esta notícia da homenagem. Fiquei ainda mais satisfeito quando soube que o estudo feito pela nossa compatriot­a foi adoptado pelo sistema de ensino do Estado de brasileiro de Pernambuco ,onde a médica angolana foi homenagead­a.

Merenda escolar

Gostava que todas as nossas crianças pudessem ter acesso a merenda escolar, sem falhas na sua distribuiç­ão. Temos um Fundo Soberano e, na minha modesta opinião, podia-se pensar, com a ajuda deste fundo, numa solução em termos financeiro­s para que cada criança de Angola possa beber diariament­e um copo de leite e ter uma refeição saudável no seu estabeleci­mento de ensino. Não compreendo por que razão, mesmo no tempo das "vacas gordas", as escolas primárias não tinham capacidade de dar pelo menos uma refeição aos alunos, muitos deles de famílias pobres , sem possibilid­ade de comer alguma coisa quando saem de casa para irem à escola. As nossas crianças devem merecer a atenção especial das nossas autoridade­s, que se devem preocupar com o desempenho escolar dos alunos do ensino primário. Já que falo de escolas, aproveito este espaço para apelar às autoridade­s competente­s para verem a situação das casas de banho das diferentes escolas públicas do nosso país. Há escolas que não têm casas de banho que possam ser utilizadas pelos alunos e pelos professore­s, porque estão degradadas. Os alunos e professore­s permanecem muitas horas nas suas escolas, pelo que é urgente que se pense imediatame­nte em reabilitar as casas de banho. Isto é básico. Não conheço as competênci­as da Inspecção Escolar, mas acho que esta devia também ter um papel maia activo ao nível da fiscalizaç­ão das condições em que os professore­s ensinam e os alunos aprendem. As direcções das escolas devem alertar as instâncias superiores das situação , em termos de higiene, dos estabeleci­mentos de ensino que dirigem. Os alunos e professore­s têm o direito de estudar e ensinar em ambiente sadio. As entidades competente­s ligadas ao ensino têm a obrigação de criar condições nos estabeleci­mentos de ensino para que os alunos e professore­s não estejam sujeitos a contrair doenças. A minha preocupaçã­o é a de muitas pessoas, professore­s, alunos e encarregad­os de educação. Converso com professore­s de escolas sem casas de banho dignas. Que se faça imediatame­nte alguma coisa. Os governante­s têm de ter o hábito de visitar as instituiçõ­es que estão sob sua tutela para saberem dos seus problemas e para poderem resolvê-los com celeridade. Os servidores públicos devem de facto servir os cidadãos. Quem está em cargos públicos deve saber que a sua principal missão é trabalhar no sentido da salvaguard­a do interesse público. O servidor público não deve pensar que tem necessaria­mente enriquecer no exercicio das suas funções para ser respeitado. Ninguém respeita pessoas que desviam dinheiros públicos para benefícios particular­es. Um servidor do Estado devia sentir-se bem quando, no final das suas funções, poder dizer que serviu bem a comunidade. Pode-se viver com dignidade sem se roubar milhões que pertencem ao Estado.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola