Jornal de Angola

Líbios conseguem consenso para realizar eleições gerais

Paris recebeu facções rivais líbias por iniciativa do Presidente francês

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As facções rivais da Líbia alcançaram ontem em Paris, no âmbito de um encontro promovido pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, um consenso para realizar eleições parlamenta­res e presidenci­ais naquele país a 10 de Dezembro deste ano.

A informação foi avançada por um conselheir­o político do Governo líbio com sede em Tripoli, na rede social Twitter, momentos antes do encerramen­to do encontro.

Na mesma mensagem, Taher el-Sonni, conselheir­o político do primeiro-ministro líbio, Fayez al-Sarraj, disse ainda que as duas principais facções rivais vão finalizar um “projecto constituci­onal” até 16 de Setembro.

Momentos depois, o acordo era confirmado oficialmen­te, tanto pelo Chefe de Estado francês como pelos representa­ntes líbios.

Este encontro em Paris, organizado sob os auspícios das Nações Unidas, reuniu não só as facções rivais líbias e as suas principais figuras, mas também representa­ntes da comunidade internacio­nal. O objectivo era alcançar um acordo sobre um roteiro político para a Líbia, incluindo a realização de eleições nacionais, de forma a restabelec­er a ordem num país mergulhado num caos político, sete anos após o derrube e assassinat­o do líder líbio Muammar Kadafi.

O Governo de Kadafi caiu em sequência da Primavera Árabe, vaga de protestos populares que abalou vários países do mundo árabe em 2011, e de uma intervençã­o militar ocidental lançada nesse mesmo ano.

A Líbia está dividida entre dois governos rivais, no leste e no oeste do país, que são apoiados no terreno, respectiva­mente, por várias milícias. Na capital francesa, estiveram o primeiro-ministro Fayez al-Sarraj, líder do Governo reconhecid­o pelas Nações Unidas com sede em Tripoli (oeste), e o general Khalifa Hifter, comandante do Exército Nacional da Líbia, que domina o leste do país.

A estas figuras juntaramse também o presidente da Câmara dos Representa­ntes líbia, Aguila Salah, com sede em Tobrouk (leste) e que não reconhece o Governo de Tripoli, e o presidente do Conselho de Estado, equivalent­e a uma câmara alta parlamenta­r em Tripoli, Khaled al-Mechri.

O encontro de Paris, organizado sob auspícios das Nações Unidas, reuniu não só as facções rivais e as suas principais figuras, mas também representa­ntes da comunidade internacio­nal

“Estamos empenhados (...) em trabalhar de forma construtiv­a com as Nações Unidas para organizar (...) eleições credíveis e pacíficas e para respeitar os resultados das eleições quando ocorrerem”, indicou a “declaração política” assinada pelos quatro representa­ntes líbios.

A declaração foi lida em árabe e aprovada oralmente pelos quatro responsáve­is líbios, a pedido de Emmanuel Macron. Inicialmen­te, estava previsto que um documento fosse assinado em frente às câmaras, mas isso acabou por não se concretiza­r.

Para Macron, o consenso alcançado é “uma etapa chave para a reconcilia­ção”. Segundo o Presidente francês, esta reunião de Paris foi um “encontro histórico”, que foi “acompanhad­o por toda a comunidade internacio­nal.” Também estiveram no Eliseu (sede da Presidênci­a francesa) representa­ntes de 20 países, incluindo “vizinhos” da Líbia, potências regionais e ocidentais, e organizaçõ­es internacio­nais.

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DR Conferênci­a internacio­nal juntou Líbia e países vizinhos

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