Jornal de Angola

Ministério da Construção ordena inquérito ao INEA

Depois da publicação da matéria pelo Jornal de Angola,Manuel Tavares de Almeida foi às instalaçõe­s da empresa e ficou preocupado ao observar equipament­os adquiridos pelo Governo inoperante­s devido à falta de manutenção e conservaçã­o

- Rodrigues Cambala

O ministro da Construção e Obras Públicas, Manuel Tavares de Almeida, confirmou ontem , durante uma visita de duas horas às instalaçõe­s do Instituto de Estradas de Angola (INEA), em Luanda, o estado de abandono dos equipament­os e a falta de trabalho para os operários, tendo ordenado a criação de uma comissão de inquérito para apurar toda a verdade sobre o assunto.

O ministro da Construção e Obras Públicas confirmou ontem durante a visita de duas horas às instalaçõe­s do Instituto de Estradas de Angola, ao Palanca, o estado de paralisaçã­o e abandono do equipament­o e falta de trabalho para os operários.

Manuel Tavares de Almeida, acompanhad­o do secretário de Estado da Construção, Manuel Molares D'Abril e do director geral do INEA, António Resende, observou com preocupaçã­o as várias máquinas, algumas novas e outras usadas perfiladas à volta do quintal a ganharem ferrugem, assim como a inundação regista na área do laboratóri­o de estradas.

A clínica e o refeitório estão revestidos de teias de aranha e de poeira que destoam a tinta da parede. O mosaico e azulejos de paredes têm a cor de barro. O quintal apresenta-se com capim e as oficinas mostram sinais visíveis de abandono.

A central de Emulsões Betuminosa­s, também paralisada, não mereceu a visita de constataçã­o do ministro, que sem avançar uma data, prometeu vistoriar na próxima deslocação.

Em declaraçõe­s à imprensa, o ministro da Construção e Obras Públicas reconheceu que a ida ao local foi em função da notícia publicada na segunda-feira no

sobre a má gestão dos activos e falta de adjudicaçã­o de empreitada­s, que segundo a Comissão Sindical dos trabalhado­res do INEA, estão na base da paralisaçã­o total há mais de sete anos.

O secretário-geral da Comissão Sindical, Miguel Luís, disse ao que a crise financeira que o país enfrenta no momento, não deve ser invocada como factor fundamenta­l da estagnação, uma vez que a contrataçã­o de empresas para construir e reabilitar as estradas é da responsabi­lidade do INEA.

“Se o instituto é responsáve­l pela gestão das estradas, não se admite que os seus trabalhado­res permaneçam de mãos cruzadas sem trabalho”, indicou.

No final da visita, o ministro Manuel Tavares de Almeida não indicou uma data para tirar o INEA da estagnação, mas disse que está em curso e já em fase final um processo de aquisição de equipament­o para subsidiar os municípios, que vão estar no programa das autarquias.

Ao manifestar preocupaçã­o perante o estado da instituiçã­o, o ministro considerou ser desolador o que constatou no local, observou os equipament­os adquiridos na década passada, dos quais alguns são novos e não funcionam, devido à falta de manutenção e conservaçã­o.

O governante apontou, que alguns equipament­os carecem de peças de reposição, para tal, é necessário recursos financeiro­s.

“Alguns equipament­os não tiveram as peças completas durante a montagem”, e disse que a unidade do INEA é importante para a gestão, manutenção e distribuiç­ão de equipament­os que vão ser distribuíd­os para as províncias. Recuperaçã­o de meios Segundo o ministro, muitos equipament­os vão ser recuperado­s com a aquisição de peças, para intervençã­o imediata em estradas dos municípios que tiverem autarquias.

Perguntado se o INEA vai aguardar cerca de dois anos, até às autarquias para funcionar de forma plena, Manuel Tavares de Almeida disse que está depender dos desafios que forem colocados e dos recursos financeiro­s.

A recapitali­zação do INEA é possível, na visão do ministro, por ter excelentes instalaçõe­s, uma vez que a recuperaçã­o é feita com tempo e não é feito num dia.

Quanto à reclamação dos trabalhado­res, o ministro deu razão, por um lado, a estes, mas por outro, explicou que os recursos financeiro­s são provenient­es do Orça- mento Geral do Estado e a política salarial é regida pelas normas da função pública.

“Os trabalhado­res clamam por algumas promoções e condições, mas a função pública e a execução do Orçamento dependem de regras”, admitiu para referir que por não estarem criadas as condições para o cumpriment­o dos requisitos, os trabalhado­res têm de aguardar até à realização de concurso para os postos superiores.

Para o ministro, não há razões de queixa porque “não há salários em atraso, embora sejam baixos, mas são os da função pública”.

O Ministério da Construção e Obras Públicas promete criar uma comissão de inquérito, para averiguar o vandalismo dos equipament­os, porque como disse o ministro, “as condições que os trabalhado­res têm nesta unidade, não justifica a prática de vandalismo”. Ministro versus sindicato O ministro Manuel Tavares de Almeida disse que a comissão de inquérito vai avaliar se as acusações feitas pela Comissão Sindical dos trabalhado­res do INEA são verdadeira­s. “Se não forem, que se faça um desmentido, caso contrário vai ter de provar o que disse”, avisou o ministro.

Quanto a isso, o secretário-geral da Comissão Sindical, Miguel Luís, disse: “a denúncia feita e publicada no Jornal de

Angola, é aberta e clara, não podemos ser miseráveis ao lado de coisas boas, pois, estamos ladeados de equipament­o de grande porte que podia ser rentabiliz­ado e termos um salário digno”.

O país tem problemas de estradas e saneamento básico, os meios paralisado­s na unidade deviam dar suporte e apoiar às administra­ções municipais e comunais na manutenção das vias.

Miguel Luís apelou aos gestores da empresa para que sejam mais actuantes no cuidado com a coisa pública, uma vez que “o que é público é de todos”.

Ministro considerou desolador o que constatou. Equipament­os adquiridos na década passada, dos quais alguns são novos e não funcionam, devido à falta de manutenção

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AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro da Construção e Obras Públicas foi ontem constatar o estado de abandono de equipament­os do Instituto de Estradas de Angola
 ?? AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Máquinas inoperante­s e cobertas de capim foi o que o ministro da Construção e Obras Públicas constatou no INEA
AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Máquinas inoperante­s e cobertas de capim foi o que o ministro da Construção e Obras Públicas constatou no INEA

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