Fábrica no Cuimba para ração animal
A Fazenda Diá-Diá localizada no município do Cuimba, a 62 quilómetros de Mbanza Kongo, província do Zaire, destaca-se no cultivo de milho, fabrico de ração, criação de galinhas e produção de ovos em grande escala
Ficam concluídas em Agosto as obras de implantação das infra-estruturas essenciais para o cultivo de milho e sua transformação em ração para a criação de galinhas na fazenda agro-industrial “Diá-Diá”, situada no município do Cuimba, na província do Zaire.
As obras de implantação das infra-estruturas essenciais, que vão permitir o início da plantação de culturas de milho, para a sua transformação em ração e criação de galinhas na Fazenda agroindustrial “Diá-Diá”, situada no município do Cuimba, estão praticamente concluídas, devendo a entrega do projecto acontecer em Agosto próximo, assegurou ao Jornal de Angola o responsável da empresa chinesa Camce Engineering, He Cheng.
À luz de uma parceria entre Angola e a China estabelecida em 2015, a Camce assumiu a responsabilidade de infra-estruturar o projecto agropecuário, colocando disponível uma gama de máquinas como pivós de irrigação, semeadores e colhedores de milho, além de tractores, cilindros, buldozeres, niveladoras, gruas, pulverizadores e viaturas, para facilitar o trabalho da futura empresa gestora a ser contratada.
Na fase de construção das infra-estruturas, o projecto agro-industrial do DiáDiá chegou a empregar cerca 300 pessoas, sendo 100 chineses e 200 angolanos, maioritariamente residentes na aldeia.
O Jornal de Angola constatou que o processo de irrigação dos campos agrícolas está facilitado, na medida em que um rio de médio caudal atravessa os sete hectares de terra da fazenda. Foram, igualmente, abertos dois furos artesianos, para garantir o fornecimento de água potável aos funcionários da fazenda.
A fazenda compreende uma área total de sete hectares, dois dos quais já se encontram preparados e vão acolher várias culturas, com maior predominância para milho e soja. Ao longo dos três anos de preparação, foram feitas experiências com sucesso na plantação de milho e soja em dois hectares, que atingiram uma produção de três mil toneladas de milho, facto que o responsável chinês considerou promissor para a empresa.
O projecto agro-industrial, em pleno funcionamento, vai impulsionar o desenvolvimento industrial e económico do Cuimba, em particular, e da província do Zaire, em geral. A fazenda possui uma fábrica moderna para produção de 10 toneladas de ração por hora para galinhas, cujo aviário, com três naves para 50 mil galinhas, já está devidamente equipado. Perspectiva-se uma produção de 13 milhões de ovos por ano.
Entre as três naves referidas, uma destina-se à criação de galinhas, para frangos de corte. O matadouro vai ter um nível de empregabilidade para 100 pessoas. Foram, igualmente, construídos na Fazenda Diá-Diá três silos com capacidades de armazenamento de 12 mil toneladas de milho e soja. Aos silos, está acoplada uma máquina de secagem de cereais com capacidade de 300 toneladas diárias.
Neste momento, decorrem trabalhos de apetrechamento na área administrativa e residencial. A área residencial tem uma capacidade instalada para acolher 40 funcionários, além de um galpão de máquinas e armazém de materiais agrícolas.
A qualidade dos solos da região é muito ácida, uma qualidade considerada boa, para o crescimento do milho, cujos resultados foram considerados satisfatórios na fase experimental. O milho produzido na referida fase serviu para o ensaio da fábrica de ração.
“A empresa que vai gerir o projecto não vai encontrar dificuldades. O terreno e as máquinas estão preparados e garantimos assistência técnica e manutenção dos equipamentos”, disse He Cheng.
Na visita à fazenda, o Jornal de Angola apurou que estão criadas as condições que garantem uma produção agropecuária em grande escala. O único senão reside no mau estado da estrada de terra batida que liga o Cuimba à capital provincial, Mbanza Kongo, num percurso de 62 quilómetros.
Responsabilidade social
Ao longo dos três anos de implantação do projecto (2015-2018), a direcção da Fazenda Diá-Diá tem prestado apoio às comunidades locais, no cumprimento das suas responsabilidades sociais. Um exemplo de realce foi a ajuda prestada às vítimas das enxurradas que se abateram sobre o Cuimba em Fevereiro último e que tiveram como consequências a destruição de dezenas de casas e ferimentos de algumas pessoas.
Na altura, a fazenda ofereceu um conjunto de lotes de medicamentos, para os primeiros socorros dos feridos e material de construção, como chapas de zinco, assim como colchões e bens alimentares. Outras acções de impacto social realizadas pelo projecto têm a ver com a reabilitação e manutenção de pontecos e vias, formação na área tecnológica para jovens das comunidades locais e manuseamento de máquinas agrícolas.
A acção social estendeuse às comunidades situadas ao redor da Fazenda “DiáDiá” que têm beneficiado, igualmente, de insumos e material agrícola, para que possam melhorar a agricultura familiar e, consequentemente, reduzir a fome e a pobreza.
Os responsáveis da fazenda acreditam que o projecto vai funcionar como um verdadeiro motor, para dinamizar o desenvolvimento económico local, prestando serviços de alta qualidade tecnológica, e fomentar, em simultâneo, postos de trabalho no seio da camada juvenil, por meio de formação e assistência técnica.
Pedro Makuzola, 33 anos, participa na construção do aviário há dois anos. Aprendeu com os chineses a montar os acessórios das naves. Antes de trabalhar na fazenda, exercia a tarefa de mecânico-auto, mas a falta de clientes na sua comunidade levou-o a abraçar uma tarefa diferente na Fazenda Diá-Diá, situada a 18 quilómetros da sede municipal do Cuimba, onde reside com a família.
A jovem Dialandoma Sidónia, 21 anos, também trabalha na fazenda como empregada de limpeza. Conta que encontrou no projecto Diá-Diá a sua primeira oportunidade de emprego.
Dialandoma Sidónia afirmou que o emprego a tem ajudado a sustentar a sua filha, por isso, espera poder continuar a trabalhar, tendo considerado a fazenda como a única unidade capaz de proporcionar postos de trabalho na região. “A outra alternativa de trabalho que nos resta, além da fazenda, é seguir o caminho da lavra, como sempre fizeram os nossos pais”, disse. A principal preocupação do Executivo, quanto ao sector agrícola, tem a ver com a criação de condições, para impulsionar a produção agrícola nacional, de modo a permitir a diminuição gradual das importações.
A implementação eficiente de investimentos no sector agrícola vai também permitir aumentar a oferta de novos postos de tarbalho, um problema “bicudo” que afecta principalmente a juventude do país. O aumento do número de pessoas empregadas nas zonas comunitárias afigurase como um mecanismo importante para promover o desenvolvimento económico e social local.
O director provincial da Agricultura no Zaire, Gouveia da Silva Pedro, em declarações ao Jornal de Angola, disse acreditar que o sector na região vai poder cumprir com as expectativas de uma colheita em alta, em função dos investimentos realizados, caso não sejam registados factores sazonais que atrapalhem o normal crescimento das culturas.
Gouveia da Silva Pedro disse que actualmente a província do Zaire dispõe de sete fazendas a funcionarem em pleno.
O Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) assiste actualmente mil famílias. Os investimentos do Executivo, ao longo dos últimos 16 anos, afirmou o director da Agricultura, permitiram repor os insumos (enxadas, catanas, adubos e sementes) agrícolas essenciais para as famílias camponesas.
Para ele, apesar da melhoria na assistência técnica, apoio em termos de mecanização das terras e cedência de créditos, para o desenvolvimento da agricultura familiar, os resultados ainda estão longe do esperado.
Gouveia da Silva Pedro apontou o reduzido número de meios de transporte disponíveis para o escoamento de produtos, como citrinos, banana e abacaxis para os grandes centros de comercialização, e o mau estado das estradas terciárias como sendo os empecilhos do momento para os camponeses.
O responsável disse que a situação é do conhecimento do Governo Provincial do Zaire, que nos últimos anos colocou algumas viaturas à disposição dos camponeses, sob gestão da direcção dos Transportes, mas as viaturas avariaram em pouco tempo, voltando a solução do problema à estaca zero.
A qualidade dos solos da região é muito ácida, uma qualidade considerada boa para o crescimento do milho, cujos resultados foram considerados satisfatórios na fase experimental