Jornal de Angola

Relações com Angola são familiares

Político português da oposição lembrou ao Presidente da República que Portugal está há centenas de anos virado para o Atlântico, principalm­ente para os países de língua portuguesa, com quem tem laços de cooperação históricos e familiares

- João Dias e Garrido Fragoso

O presidente do PSD, Rui Rio, admitiu ontem alguns “acidentes de percurso” nas relações entre Angola e Portugal, mas sublinhou que nunca estiveram em causa os laços familiares entre os dois povos. Rui Rio foi recebido pelo Presidente da República, João Lourenço.

O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio, considerou ontem, em Luanda, ser “importante para Angola e para Portugal, e até para os partidos, que a cooperação flua.”

O líder do PSD afirmou que “Portugal é um país essencialm­ente virado para a Europa, mas há 600 anos está virado para o Atlântico e as nossas relações com os países do Atlântico, principalm­ente os de língua portuguesa, são fundamenta­is.”

Rui Rio foi recebido ontem, em Luanda, pelo Chefe de Estado, João Lourenço, com quem abordou aspectos ligados aos laços históricos que unem os dois países e o que deve ser o futuro da cooperação, ultrapassa­das que estão as querelas sobre o “Caso Manuel Vicente”, que opunham os dois Estados.

Para o líder social democrata, a aproximaçã­o cada vez maior entre Portugal e Angola é muito importante. O político realça que, naquilo que poder contribuir, terá a sua disponibil­idade total.

Rui Rio disse que teve oportunida­de de transmitir todas estas questões ao Chefe de Estado angolano, seja no capítulo da economia, onde existem grandes possibilid­ades de complement­aridades, seja no capítulo da educação.

Para o social democrata, “estão criadas as condições para que se estabeleça uma estrada aberta para intensific­ar a cooperação existente há muitos anos” e que, apesar disso, teve os seus acidentes de percurso. O político disse que, depois da transferên­cia do processo do ex-Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, ao país e, uma vez ultrapassa­das as situações menos boas que afectavam as relações entre os dois países, “temos de estreitar cada vez mais os laços.”

“Como costumo dizer, na Europa temos aliados e amigos. Aqui, temos mais do que amigos. Temos família. Penso que é esse o caminho a seguir”, disse Rui Rio, reconhecen­do que, até o facto de ser recebido pelo Presidente da República é já, em si, “simbólico neste sentido, o que é extraordin­ariamente positivo para ambos os países.”

Encontro com dos Santos

O líder social democrata manifestou a disponibil­idade daquela organizaçã­o política e de Portugal ajudarem Angola na preparação das eleições autárquica­s previstas para 2020.

“O PSD e Portugal têm mais de 40 anos de experiênci­as em autarquias locais. Se as mesmas puderem servir para alguma coisa, estamos disponívei­s”, declarou Rui Rio, à imprensa, no final do encontro com o presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, na sede daquele partido.

Para o responsáve­l, o encontro com o homólogo do MPLA serviu para estreitar ainda mais os laços históricos de amizade entre as duas organizaçõ­es políticas. “As relações entre o MPLA e o PSD são boas, quer para Angola quer para Portugal, sobretudo porque encontramo­s aspectos através dos quais nos podemos complement­ar nos sectores económico e partidário”, disse.

Em relação ao processo de transição em Angola, o líder do PSD considerou ser “uma nova etapa e desafio das autoridade­s angolanas.” “Angola está a iniciar um novo desafio que vai ser consolidad­o ainda mais em Setembro próximo, durante o congresso extraordin­ário do MPLA”, disse. “A consumar-se a transição política efectiva em Angola, as relações entre os dois partidos não correrão perigo”, garantiu o líder social democrata, acrescenta­ndo que “estamos completame­nte disponívei­s para continuar este relacionam­ento, que teve marcos históricos ao longo da história dos dois países e partidos.”

Como demonstraç­ão das excelentes relações entre os dois partidos e governos lembrou os encontros de ontem mantidos com o Presidente da República e com o seu homólogo do MPLA.

Defendeu a manutenção de “boas relações” entre Portugal e os países do Atlântico. “O que Portugal deve fazer é estar integrado na Europa, mas virado também para o Atlântico, onde tem parceiros naturais como Angola, Brasil e outros”, disse. Para ele, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é vital para desenvolve­r a cultura e a língua entre os Estados-membros. “Queremos continuar a apostar na CPLP”, garantiu.

Ainda ontem, o presidente do MPLA recebeu a secretária-geral do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), Deolinda Teca, de quem recebeu garantias de as igrejas continuare­m a buscar “soluções saudáveis”, para o cresciment­o do país e das comunidade­s.

“Como costumo dizer, na Europa, temos aliados e amigos. Aqui, temos mais do que amigos. Temos família. Penso que é esse o caminho a seguir”

Em declaraçõe­s à imprensa, no final do encontro, que decorreu na sede da Fundação Eduardo dos Santos, no Miramar, em Luanda, Deolinda Teca disse que a visita ao presidente do MPLA foi para agradecer o período de transição política pacífica que tem estado a promover.

Do presidente do MPLA, a líder cristã disse ter recebido o reconhecim­ento do importante papel desempenha­do pelas igrejas, sobretudo durante a luta armada, em virtude de ter priorizado sempre a reconcilia­ção, o perdão e a paz entre os angolanos de Cabinda ao Cunene.

 ?? FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Chefe de Estado recebeu ontem em audiência, no Palácio Presidenci­al da Cidade Alta, o político português Rui Rio
FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Chefe de Estado recebeu ontem em audiência, no Palácio Presidenci­al da Cidade Alta, o político português Rui Rio

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