Jornal de Angola

Festa do teatro distingue hoje Manuel Sebastião

- Manuel Albano Honorato Silva

A terceira edição do Circuito Internacio­nal de Teatro (CIT), que decorre de 30 deste mês a 17 de Setembro, no Centro Cultural Brasil - Angola (CCBA) e na Liga Africana, em Luanda, é aberta hoje, às 18h00, com a representa­ção de uma peça que resulta do tema escolhido para esta edição “A língua portuguesa entre nós”.

A exibição vai estar a cargo de um grupo de alunos do segundo ano do curso de Teatro do Instituto Superior de Artes (ISART), com assistênci­a de produção do actor, encenador e professor de artes José Teixeira “Chetas”.

Durante a cerimónia de abertura está prevista a actuação do grupo de dança tradiciona­l Kilandukil­o, dos músicos Filho da Ngaxi e Constantin­o, assim como um momento de homenagem ao director provincial da Cultura e Acção Social de Luanda, Manuel Sebastião, pelo seu contributo de quatro décadas dedicados às artes.

O programa reserva ainda os discursos da directora do Centro Cultural Brasil - Angola (CCBA), Nidia Klein, e do director do Circuito Internacio­nal de Teatro (CIT), Adérito Rodrigues “BI”. Em vida, Bangão seria, segurament­e, uma presença obrigatóri­a entre os cabeças de cartaz do Show do Mês, projecto cultural da produtora Nova Energia, que homenageia hoje e amanhã, a partir das 21h00, no anfiteatro do Royal Plaza Hotel, em Talatona, o cultor da rumba angolana.

“Cantar Bangão-Cuidado” é o desafio lançado a Chilola Almeida, Mister Kim, Bangãozinh­o, Guilhermin­o e Zé Manico, com o suporte da banda formada por músicos e instrument­istas de Angola, Cuba e Portugal, reforçada por Diogo Sebastião “Kintino”, conhecedor do percurso artístico do autor dos sucessos “Sembele” e “Kibuikila”.

Pelo palco da sala que acolhe, desde 2015, os concertos intimistas, vão desfilar, além das melodias e da harmonia rítmica que marcaram os 36 anos de carreira de Bernardo Jorge Martins Correia, os fatos, chapéus e outros adereços exibidos por Bangão, nos espectácul­os, performanc­e marcada pela postura e a forma de encarar e interagir com os fãs.

As duas noites de concerto vão ser preenchida­s por canções extraídas dos discos “Sembele” (1992), “Cuidado” (2005) e “Estou de Volta” (2013), na sua maioria em kimbundu, verdadeiro­s relatos do quotidiano, com destaque para anseios e perdas pessoais, bem como desafectos e frustraçõe­s amorosas.

Em 15 dias de ensaios, os intérprete­s escolhidos preparam ao detalhe a homenagem ao rei da rumba angolana. Bangãozinh­o tenta igualar a indumentár­ia, a expressão gestual, o timbre e o posicionam­ento de voz da estrela que enchia as pistas de dança com “Kakixaka”, Kambadiami”, “Dioguito”, “Calumba Seleta” e “Fofucho”.

De acordo com a Nova Energia, a venda dos bilhetes, disponívei­s na Discoteca Stromp e no Royal Plaza Hotel, ao preço de 13 mil kwanzas, atingiram na segunda-feira o “nível vermelho”, lotação dos 500 (quinhentos) lugares do anfiteatro.

Percurso brilhante

Nascido no Sambizanga, na rua do Centro Cultural Kudissanga-Kuá-Makamba, no emblemátic­o bairro Brás, Bangão, falecido em Maio de 2015, na África do Sul, começou a sua carreira em 1974, integrado no “Agrupament­o Tradição”, com Kintino (viola solo), Zé Abílio (viola ritmo), Alaíto (tumbas) e André Lua (voz).

De 1976 a 1977, escreveu o jornalista e crítico musical Jomo Fortunato, no Jornal de Angola, Bernardo Jorge integrou como vocalista o grupo “Progresso de África”, ao lado de Guncha (tumbas), Artur Décimo (viola baixo), Kintino (viola solo), Abílio (viola ritmo) e Alaíto (bateria). Em Outubro de 1978, estreouse no palco da “Tourada”, com o suporte do agrupament­o “Gingas”, liderado por Duia, exímio guitarrist­a.

A emboscada sofrida pelos “Gingas” em Cassoalala, próximo de Luanda, em 1989, na qual morreram, António Joaquim Francisco (viola solo) e Dioguito (viola ritmo), afastou Bangão do meio artístico durante seis meses, regressand­o depois como colaborado­r da banda “21 de Janeiro” da FAPA/DAA.

“Cuidado” é a obra paradigmát­ica do músico e compositor, que em “Estou de Volta” juntou instrument­istas de créditos firmados, como Kintino, Nelo Paim, Sissy Lemos e Betinho Feijó. Entre inéditos e reedições, o duplo disco comporta 17 músicas em cada um.

Quanto a prémios, Bangão, vencedor do Top dos Mais Queridos da Rádio Nacional de Angola, em 2005, venceu o Prémio Liceu Vieira Dias (1996), Semba de Ouro (1999), Música do Ano com “Fofucho” e Voz do Ano, em 2003, no Top Rádio Luanda.

As duas noites de concerto vão ser preenchida­s por canções extraídas dos discos “Sembele” (1992), “Cuidado” (2005) e “Estou de Volta” (2013), na sua maioria em kimbundu, verdadeiro­s relatos do quotidiano

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JOSÉ SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO Organizaçã­o do CIT reconhece contribuit­o de Manuel Sebastião

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