PERISCÓPIO “Lotadores” e lutadores
Luanda, por muito que queiramos convencer-nos do contrário, é uma enorme caixa de surpresas, quase sempre más, como é o caso dos “lotadores” - de onde e como surgiu o neologismo? - que trouxeram mais barafunda à cidade.
Em boa verdade, eles, os “angariadores” de passageiros para os táxis colectivos, já existiam há alguns anos, mas, de repente, tornaram-se mais uma praga na cidade, a aumentar a confusão que a caracteriza. Neste caso, principalmente ao trânsito de automóveis e peões, mas também à poluição sonora e, até, à segurança física dos que têm a má sorte de passar por eles.
Como se não nos bastassem a desorganização do tráfego rodoviário, com tudo o que isso implica, falta de iluminação pública, semáforos a funcionarem quando calha, lixo a cada passo, barulhos dos geradores, das viaturas que há muito deviam ter ido para abate, chegaram agora, em magotes, os tais “lotadores”. Que bem podiam ser chamados “lutadores”, tal a agressividade com que se apresentam. Para o pedestre, mas também, espante-se, para os taxistas. No primeiro caso, agarrado, não raro, por mais do que um dos “angariadores”, a puxarem-no pelos braços para lados postos. Disputado como troféu. No segundo, a exigiremlhes pagamento por trabalho que não pediram e dispensam. Com ameaças de retaliação, em caso de recusa.
Além da algazarra que fazem. Em sintonia com buzinadelas, música - e imitações dela - saída aos berros dos carros, o roncar dos geradores.
Luanda dispensa bem esta novidade. Que, a manterse, apenas serve para engrossar o “exército” dos improdutivos, que a tratam tão mal.