Carro sino-angolano é alvo de frequentes reclamações
Chefe de Departamento de Resolução de Litígios do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor admite ter em mãos um número excepcional de queixas de compradores que se queixam de ter as expectativas defraudadas
Os veículos Zenza, montados em Angola com peças e tecnologia da chinesa CSG, estão no centro de frequentes reclamações apresentadas ao Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (Inadec) por compradores que se declaram defraudados, estando, o serviço estatal, em vias de emitir uma declaração pública sobre o assunto.
O chefe de Departamento de Resolução de Litígios do Inadec, Wuassamba Neto, que prestou estas informações ao Jornal de Angola, indicou que as reclamações incidem sobre a “má qualidade e funcionamento deficiente dos automóveis”, o que pode resultar em situações perigosas no trânsito.
“Recebemos algumas reclamações da má qualidade dos automóveis e no que concerne ao funcionamento das viaturas, uma situação que pode perigar a vida do cidadão”, alertou o chefe de Departamento do Inadec.
As queixas mais comuns apontam deficiências na caixa de velocidades, sistema eléctrico e de aceleração. “Temos um caso caricato de um consumidor que fez a devolução de quatro viaturas novas de forma consecutiva, por apresentarem erros de fabrico”, revelou o responsável.
O Inadec, declarou Wuassamba Neto, está preocupado com o género de relação estabelecido entre o fabricante sino-angolano e o mercado, estando a dar à questão, por enquanto, um tratamento administrativo que consiste numa mediação entre a empresa e o consumidor.
A actuação do instituto é justificada pelos procedimentos adoptados, os quais partem do princípio de que os consumidores têm direitos, mas “é necessário que se faça um trabalho aturado para constatar a verdade dos factos e assim se tomar uma decisão.”
Em situações de resistência da empresa aos prazos definidos para a resolução do litígio, são tomadas medidas coercivas para se resolver o caso. “Quando demos conta de que existe, de facto, má qualidade do veículo, solicitamos a devolução do valor ou abrimos uma acção judicial para apreciação do caso”, explicou.
Estratégia de penetração
Dados disponíveis indicam que a empresa chinesa CSG, implantada desde 2007 na Zona Económica Especial, projectava elevar o número de veículos montados de mil para dois mil por ano a partir de Junho, além do lançamento de novos modelos, depois de um investimento de 30 milhões de dólares (7.448 milhões de kwanzas).
A companhia oferece os modelos Zenza X80 M2 1.8T e SUV, X60 M2 2.0 D-I (dois SUV) e E70 M2 2.0L (turismo), mas prevê introduzir “pick up’s” (carrinhas) e “minibus” (miniautocarros) para empresas e particulares.
Esse plano mantém-se, apesar de o concessionário ter encerrado as lojas em Malanje, Lunda-Sul, Moxico, Huambo, Huíla e Cabinda, ficando apenas com a representação de Luanda, onde possui seis lojas.
A companhia está envolvida numa promoção, com a qual cortou os preços em até 50 por cento do valor, numa operação destinada a penetrar no mercado e, até, a fidelizar clientes.
Entretanto, não foi possível apurar que resultados têm sido alcançados, nem a resposta para a reclamação de clientes. A empresa não reagiu às solicitações verbais e escritas feitas por este jornal.
O Inadec, declarou Wuassamba Neto, está preocupado com o género de relação estabelecido entre o fabricante sino-angolano e o mercado, estando a dar à questão, por enquanto, um tratamento administrativo que consiste numa mediação entre a empresa e o consumidor