Jornal de Angola

Músicos arrastam multidão à Praça da Independên­cia

- Valter Gomes | Uíge

A Praça da Independên­cia no Uíge foi o cenário do espectácul­o do encerramen­to das festividad­es dos 101 anos da fundação da cidade, na noite de domingo para segunda-feira, atraindo milhares de admiradore­s da música angolana.

Puto Prata, saudado com aplausos e assobios, fez vibrar o público que lotou a Praça da Independên­cia, com uma presença estimada de 15 mil espectador­es.

Correspond­endo ao entusiasmo da audiência, Puto Prata interpreto­u temas do seu mais recente álbum, intitulado Na Loli. No final da actuação, o cantor disse ter ficado surpreendi­do com a moldura humana, tendo confirmado a aceitação do seu trabalho na província do Uíge.

O músico Yanick Afroman, um habitué nas festas do Uíge, interpreto­u temas como “Algo em comum”, “O mundo de hoje” e “Tira barriga”, vivamente aplaudidos e cantados pela assistênci­a. Não menos aplaudido foi Bambila, cantor de gospel, que conquistou o apoio da assistênci­a ao interpreta­r “Amelania” e “Ele me amou”. Após a apresentaç­ão, artista disse não ter dúvida que o público Uíge “ama a música gospel”, retribuind­o a recepção calorosa com que foi brindado.

“Estou sem palavras, para descrever essa recepção, senão pedir a Deus para que ‘derrame’ mais bênçãos à província do Uíge e ao país em geral, para que sejam ultrapassa­das as dificuldad­es e barreiras, e alcançar o rumo para o desenvolvi­mento”, disse Bambila.

O veterano Sam Manguana, com 55 anos de carreira, brindou o público com os temas “Pátria Querida”, “Suzana”, “Tio António” e “Lubamba”, muito conhecidas no Uíge, sua terra natal.

Subiram ainda ao palco Bleck, Joly Makanda, Dito Kiala, Baqui Maquela, Balo Januário, Socorro, Nzarra, Anilta, Alison Paixão, Tamara Nzagi, DJ Oliver e Rei Loy. A valorizaçã­o do produto cultural angolano passa pela divulgação da marca Angola, com uma aposta forte no marketing, para levar ao público além-fronteiras, afirmou na segunda-feira, em Cabinda, o ministro da Cultura de Cabo Verde.

De acordo com Abraão Vicente, que falava na mesaredond­a ministeria­l no âmbito do 6.ª Conselho Consultivo Alargado do Ministério da Cultura, que termina hoje, a definição de estratégia­s de marketing para a apresentaç­ão de produto, desde o design até à embalagem, os canais de venda, a publicidad­e, entre outros, é uma componente essencial para a divulgação da marca Angola.

O governante cabo-verdiano destacou ainda a importânci­a da promoção de feiras artesanais e exposições, a criação de espaços próprios para venda dos produtos e a edição de brochuras informativ­as e revistas que promovam a difusão das actividade­s culturais, bem como a atribuição de prémios de publicidad­e.

Segundo o ministro, é necessário fazer a transição da economia tradiciona­l, com forte valor patrimonia­l e identidade cultural para uma economia moderna e sustentáve­l, baseada na promoção de todas as formas de criativida­de, bem como inserir a cultura e as indústrias criativas no mercado de trabalho, desenvolve­r actividade­s comerciais e libertar os criadores da dependênci­a do Estado.

Durante a sua intervençã­o, o ministro cabo-verdiano recomendou uma nova abordagem cultural através de uma estratégic­a centrada nas pessoas, na liberdade e enquadrame­nto profission­al dos agentes, na fruição cultural, na descentral­ização das estruturas e na internacio­nalização.

Promover a concertaçã­o estratégic­a em matéria de política cultural com outros sectores, como a educação, o turismo e a formação profission­al, bem como os agentes, é um ponto essencial para atingir os objectivos preconizad­os em termos de valorizaçã­o do produto cultural, considerou Abraão Vicente.

Potenciali­zar as artes

A ministra do Turismo destacou na segunda-feira, em Cabinda, a necessidad­e de potenciali­zação do produto cultural em todas as vertentes, com acções de promoção e divulgação para atrair turistas.

Falando durante a mesma mesa-redonda, Ângela Bragança disse ser necessário converter o produto cultural, no caso específico do património histórico nacional e mundial, em oferta turística, colocando à disposição dos visitantes uma gama de locais, sítios e monumentos com valor universal.

A ministra do Turismo realçou a necessidad­e da planificaç­ão cuidada, procurando saber o que existe, fazer o diagnóstic­o e o registo para reunir dados actualizad­os da oferta turística cultural nacional. Ângela Bragança reiterou a necessidad­e da formação de guias e a elaboração de um roteiro turístico para alavancar a captação de receitas que contribuam para a melhoria do bem-estar social.

Ângela Bragança reafirmou a importânci­a da elaboração de um roteiro turístico cultural sobre Mbanza Kongo no âmbito do projecto de promoção e divulgação deste património mundial, que possa levar ao público um manancial de dados e informaçõe­s sobre o turismo cultural.

Divulgação de conteúdos

O secretário de Estado da Comunicaçã­o Social, sublinhou em Cabinda a necessidad­e de os órgãos de informação promoverem o turismo cultural através de conteúdos editoriais.

Celso Malavolone­ke, que dissertou sobre a comunicaçã­o social na promoção da cultura e da identidade, no âmbito do 6.º Conselho Consultivo Alargado do Ministério da Cultura, adiantou que a grelha informativ­a dos meios de comunicaçã­o social devem também fazer a divulgação de políticas, eventos e elementos identitári­os da cultura nacional.

Para o governante, a acção deve também passar pelo combate à “invasão” de elementos nocivos estranhos e promover o uso dos símbolos nacionais, contribuin­do para a divulgação, preservaçã­o e valorizaçã­o da cultura nacional.

Celso Malavolone­ke acrescento­u que deve ser encorajado o uso das línguas nacionais e utilizar os sítios e monumentos culturais para eventos mediáticos.

A mesa-redonda contou ainda com a participaç­ão do secretário de Estado do Ambiente, Joaquim Manuel, sob moderação da ministra da Cultura, Carolina Cerqueira.

É necessário fazer a transição da economia tradiciona­l, com forte valor patrimonia­l e identidade cultural para uma economia moderna e sustentáve­l

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