Desflorestação degrada fontes de água doce no Huambo
Do vasto número de nascentes localizadas na província do Huambo, algumas apresentam problemas sérios de degradação, como resultado da interferência negativa do homem. A desflorestação, o mau planeamento na construção de estradas e a actividade agrícola são alguns factores que concorrem para a degradação das nascentes na província do Huambo.
Do vasto número de nascentes localizadas na província do Huambo, algumas apresentam problemas sérios de degradação como resultado da interferência do homem. A desflorestação, o mau planeamento na construção de estradas e a actividade agrícola são, entre outros, factores que concorrem para esta situação.
O director do Centro de Ecologia Tropical e Alterações Climáticas (CETAC) sediado no Huambo, Joaquim Laureano, admitiu que a degradação das nascentes e dos solos é hoje um problema sério naquela região do país, que deve merecer uma atenção especial.
Entre 2014 e 2016, o Centro de Ecologia Tropical e Alterações Climáticas (CETAC) realizou um estudo que teve como objectivo localizar e mapear as nascentes no Planalto Central, caracterizá-las e tirar conclusões sobre o seu estado de degradação.
Além de um melhor conhecimento sobre o estado das nascentes, o estudo vai também permitir um melhor ordenamento do território, pois constatou que as principais causas da degradação das nascentes dizem respeito ao loteamento em locais impróprios e à utilização inadequada das nascentes e sua envolvência.
Dada a sua importância, o director do CETAC disse que o estudo das nascentes vai facilitar a elaboração de propostas e soluções que ajudarão a reduzir os impactos e a pressão sobre os recursos naturais, para uma melhor qualidade de vida da população. Com a realização desse trabalho, pretendeu-se apurar a real situação dos aquíferos, a vegetação, qualidade da água, o habitat, biodiversidade, bem como o estado de conservação de cada uma delas.
Na província do Huambo está situado um grande nó hidrológico, onde nascem rios que integram as bacias hidrográficas do Kwanza, Cunene, Queve e do Kuvango. “Neste sentido, é imperioso um ordenamento correcto das nossas actividades, sob pena de, num futuro não longínquo, vivermos situações de crises agudas em termos de satisfação das nossas necessidades hídricas.”
O Jornal de Angola constatou o elevado estado de degradação de algumas nascentes, com destaque para a dos “Bombeiros”, localizada no casco urbano, cercada de casas e estradas.
Naquela nascente, o canal de água encontra-se obstruído, com o crescimento desordenado de ervas daninhas e de outras espécies vegetais, resíduos sólidos e outros embargos. O estado elevado de degradação dificulta o escoamento e o curso normal da água.
Rodeada de nascentes
A cidade do Huambo está rodeada deste recurso hídrico que, de há um tempo a esta parte, não tem merecido a devida atenção, lamentou o director do CETAC, para quem algumas destas nascentes não possuem vegetação apropriada para o seu sustento, daí a falta de controlo e sua defesa.
Apuli, Chiva, Camili Quinhento, Calopato, Cavongue, Finol, R 21, Susse, Capilongo e do Mbulo fazem parte da bacia do Cunene. As do Elundulua, Cussava-Ravina, Calute, Calilongue da Cuca - rio Bumbo, Ferrovia 1, Dire - Ferrovia 2 e Camaningã estão ligadas à bacia do Keve.
“A cidade do Huambo já não pode crescer para o sudoeste, porque existem muitas nascentes e há toda a necessidade de rever-se a instalação de mini-hídricas na região”, alertou Joaquim Laureano.
O responsável reconheceu que é importante que se aposte na protecção das nascentes, pois por meio da requalificação, assim como da produção de legislação e fiscalização, todas estas actividades são complementadas por um profundo trabalho de sensibilização e educação, tendo em vista a gestão sustentável dos recursos hídricos.
O director do CETAC manifestou-se preocupado com as construções desordenadas que engoliram as nascentes, como na zona da Calomanda e outras. Para ele, tais construções devem ser demolidas e a população evacuada para outras áreas, porque, tarde ou cedo, podem converterse em espaço de risco.
Para Joaquim Laureano, os problemas mais preocupantes no Huambo, em termos ambientais, têm a ver com as ravinas, nascentes, desflorestação e exploração descontrolada de inertes. Para isso, acrescentou, é necessário ter em conta o ordenamento, observar o sítio onde se pode explorar inertes, porque nem todas áreas são permitidas pela própria natureza.
Nascente vira local de trabalho Nas nascentes, vêem-se mulheres e crianças a tomar banho, outras a acarretar água para o uso doméstico. Para o director do CETAC, é necessário que se encontre alternativas para que estas pessoas deixem de fazer uso das nascentes como o seu meio de sustento.
“Devemos cada vez mais apostar no melhoramento, tratamento e protecção das nascentes, porque a água é um bem importante para
a vida humana e não só”, alertou. Pode-se lavar os carros próximo dos rios, contudo, devemos ter mecanismos de reutilização e tratamento adequado das águas antes de as lançarmos novamente para os rios.
Joaquim Laureano que muitas pessoas aproveitam as linhas de água para o cultivo. A execução desta actividade nas nascentes, de acordo com Joaquim Lauriano, não é má, mas ele aconselha as pessoas a praticarem uma agricultura sustentável, biológica, com poucos agroquímicos.
“A cidade do Huambo já não pode crescer para o sudoeste, porque existem muitas nascentes e há necessidade de rever a instalação de mini-hídricas na região”, disse Joaquim Laureano