Dunya Rodrigues inaugura exposição no Memorial Agostinho Neto
A artista plástica inaugura o segundo ciclo da programação cultural do Memorial Dr. António Agostinho Neto, que vai até Dezembro, com uma exposição de fotografia
Constituída por obras produzidas, gradualmente, ao longo de cinco anos, “A Repartição”, patente de 3 de Agosto a 3 de Setembro, é a primeira exposição individual de Dunya Rodrigues, constituída por uma mostra fotográfica que reúne três conjuntos de trabalhos, dois produzidos mais recentemente, que, embora tenham sido atravessados pelo mesmo objecto, apresentam motivações diferentes. Para Dunya Rodrigues a exposição é “um marco pessoal e uma exploração de técnicas e composições simples, sendo o objecto as pessoas que me estão próximas, com quem convivo e tenho convivido ao longo do desenvolvimento do meu trabalho.”
A ideia matricial, segundo Dunya Rodrigues, é “dividir para observar” e mais adiante afirma, “Quando soube desta exposição, a primeira reacção foi de espanto. Espanto porque parecia-me serem visíveis as diferenças entre os trabalhos apresentados, tendome referido a esse sentimento. Contudo, uma observação periscópica permitiu-me notar as linhas comuns e ligações - muito mais importantes do que as diferenças - entre os meus trabalhos. A demarcação do objecto, fundamentalmente seres humanos, em todas as formas que se apresenta, às suas convenções, diálogos e contradições, está sempre subjacente à sua existência, refiro-me ao objecto, na sua relação com o meio”.
As fotografias mais antigas desta exposição datam do período que vai de 2012 a 2013, à época pensadas para uma exposição colectiva, e não estão incluídas neste projecto. No entanto, foram assinalados, desde então, os interesses da fotógrafa e as possibilidades para publicamente expor os seus trabalhos, ou seja, um prenúncio do que agora vamos ter a oportunidade de observar no MAAN. Aos trabalhos anteriores, juntaram duas novas propostas, cuja produção foi desenvolvida a propósito para “A Repartição”. É notável a preocupação da artista em reconhecer aqueles a quem a fortuna remeteu à invisibilidade. Mulheres e homens que lutam, nos seus quotidianos e nas suas ocupações pelos seus desígnios, sendo individuais mas a cruzar com os objectivos colectivos da sociedade angolana. Ou aqueles cujos rostos simbolizam a humanidade.
Filha de Jorge Augusto Rodrigues e de Maria de Fátima Sousa, Dunya Maria de Sousa Rodrigues nasceu em Luanda no dia 21 de Setembro de 1983. Cresceu e fez estudos em fotografia e cinema em Lisboa. Residente em Luanda dedicase inteiramente à fotografia e participou, nos últimos anos, em exposições e projectos colectivos nos domínios da música, artes performativas e imagem.
Apresentação
As formas de apresentação de alguns trabalhos de “A Repartição” são a expressão de uma certa heterodoxia e mostram preocupações e interesses variados, ou seja, as texturas e as ranhuras do tempo na sua ligação com a natureza. Ainda segundo Dunya Rodrigues, “esta exposição deve ser vista como é o que é, entenda-se, um acto de expressão de um longo e corajoso percurso de exploração e captação com a câmara, sobre motivos que estão ausentes”.
Retrospectiva
No âmbito da sua programação cultural semestral, o Memorial Dr. António Agostinho Neto realizou, de Janeiro a Junho, um conjunto de exposições de artes plásticas e fotografia das quais destacamos a mostra, “Convocatória, Chicala Forever 2.0” de Nelo Teixeira, a colectiva “Pai grande nosso, tu és”, um tributo inédito ao Mestre Paulo Kapela, pelo seu renascimento e instinto peculiar de sobrevivência, “Vida e Fé”, dez obras do artista plástico, Ricardo Kapuca, que abordou, maioritariamente, motivos iconográficos de índole religiosa entre a figuração e abstracção, a sétima edição da colectiva, Plataforma de Fotografia Experimental, “Vidrul fotografia”, que juntou trabalhos dos fotógrafos, Toty Sa’Med, Albano Cardoso, Céus e Sebastião Vemba e a terceira edição da Plataforma de Fotografia Pan-Africana, com trinta e duas obras do prestigiado fotógrafo sulafricano, Sabelo Mlangeni. A artista plástica, Joana Taya, fechou o ciclo semestral com a exposição, “Os guerreiros no absurdismo fantástico”, uma mostra representativa da condição humana em onze telas, fotografias, vídeo-instalação e serigrafias, de 29 de Junho a 31 de Julho.
Para a nova programação semestral, que vai de Julho a Dezembro, estão confirmadas as exposições de Albino da Conceição, Don Sebas Cassule, Francisco Vidal, Mumpasi Meso e Ricardo Kapuka. Para além de “A Repartição” de Dunya Rodrigues, o segundo semestre de acções do MAAN, Memorial Dr. António Agostinho Neto, prevê um conjunto de realizações com destaque para a palestra do Dr. Roberto de Almeida, no dia 17 de Setembro, que vai abordar com a profundidade a vida e obra do Dr. António Agostinho Neto, a exposição “Nove momentos de gestação de ideias”, do artista plástico, Don Sebas Cassule, a 7 de Setembro, a palestra, “A poesia de Agostinho Neto no imaginário da Música Popular Angolana”, que será proferida pelo Jornalista, Analtino Santos, a 21 de Setembro, o projecto “Textualidades, conversa com leitores”, com Pepetela,27 de Setembro, e o documentário, “Langidila”, de Nguxi dos Santos e José Rodrigues, sobre a vida da Deolinda Rodrigues, a 28 de Setembro, são os destaques do mês do herói nacional. No entanto, está programada a segunda série de tertúlias, “Textualidades, conversa com leitores”, fora do mês do Herói Nacional, com os insignes escritores, Fragata de Morais, 30 de Agosto, Sandra Poulson, 25 de Outubro e Manuel Rui, a 29 de Novembro. Destacamos ainda os concertos de Toty Sa’med, 19 de Outubro, Kizua Gourgel, 23 de Novembro, e Romeu Miranda a 14 de Dezembro.
As fotografias mais antigas desta exposição datam do período de 2012 a 2013, à época pensadas para uma mostra colectiva