Turquia organiza cimeira para resolver conflito sírio
Presidente turco convida Rússia, França e Alemanha para, em conjunto, analisarem conflitos regionais e exclui Washington
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que vai organizar uma cimeira com a participação da Rússia, França e Alemanha a 7 de Setembro, em Istambul, para resolver conflitos regionais, especialmente na Síria, mas exclui os Estados Unidos da iniciativa, informaram ontem os meios de comunicação locais.
“A 7 de Setembro, seremos anfitriões da cimeira entre Turquia, Rússia, Alemanha e França, em Istambul, e vamos discutir o que podemos fazer. Vamos discutir questões regionais nesta reunião entre os quatro”, disse Erdogan, citado pelo jornal Vatan, ao responder sobre a situação na Síria.
As declarações foram feitas por Erdogan durante o voo de regresso para a Turquia após a reunião do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Joanesburgo, que ocorreu entre quinta e sexta-feira.
Na cimeira do BRICS, Erdogan manteve uma reunião bilateral com o homólogo russo, Vladimir Putin, na qual discutiram questões económicas, bilaterais e de política externa, como a Síria, segundo os media turcos.
Rússia, Turquia e Irão cooperam no chamado processo de Astana para alcançar uma solução negociada para o conflito na Síria, embora Moscovo e Teerão apoiem o Governo do Presidente Bashar al-Assad, enquanto a Turquia está a colaborar com as milícias sírias armadas contra Damasco.
Em Abril passado, Erdogan realizou uma reunião com Putin e o Presidente iraniano, Hassan Rohani, em Ancara.
Erdogan não citou os Estados Unidos como um possível participante na reunião de Istambul, já que ocorreram inúmeras divergências com Washington, incluindo o apoio dos Estados Unidos às milícias curdas-sírias que o Governo de Ancara consideram “terroristas”.
Erdogan ameaça os EUA com retaliação de sanções
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, advertiu ontem os Estados Unidos da América (EUA) que as sanções não vão forçar o Governo de Ancara a “recuar” após as ameaças do Presidente norte-americano, Donald Trump, pela libertação de um pastor. “Não podem forçar a Turquia a recuar com sanções”, disse Recep Tayyip Erdogan ao diário turco “Hurriyet”, nas primeiras declarações publicadas sobre as ameaças de Donald Trump.
O Presidente norte-americano anunciou na quinta-feira “sanções significativas” contra a Turquia, se o país não libertar “imediatamente” o pastor Andrew Brunson.
“Os Estados Unidos não devem esquecer que podem perder um parceiro forte e sincero como a Turquia se não mudarem de atitude”, disse o Presidente turco, cujo país é membro da aliança militar da Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN).
A prisão do pastor norte-americano Andrew Brunson, que organizou uma igreja protestante na cidade de Izmir, é um dos muitos casos que tem prejudicado a relação entre Ancara e Washington e a ameaça de sanções contra a Turquia aumentou a tensão entre os dois países.
Já na quinta-feira, a Presidência turca havia alertado que Washington “pode não alcançar o resultado desejado ameaçando a Turquia”.
O pastor foi colocado em prisão domiciliária por decisão de um tribunal turco na quarta-feira, após estar preso desde Outubro de 2016 na Turquia. O julgamento de Andrew Brunson já decorre desde Abril.
As autoridades turcas acusam-no de terrorismo e espionagem a favor do religioso Fethullah Gulen, que vive nos Estados Unidos e é acusado de ser o líder da alegada tentativa de golpe de Estado na Turquia em 2016.
O pastor, que rejeita as acusações, corre o risco de receber uma pena de prisão até 35 anos.
Erdogan não mencionou os EUA como possível participante na reunião de Istambul, já que ocorreram inúmeras divergências com Washington