Jornal de Angola

Jazigos de ferro aguardam por exploração na Jamba

A história do município está associada à pesquisa e exploração do minério de ferro nas minas de Cassinga, desde meados da década de 1950

- Arão Martins | Jamba Mineira

O brilho do castanho misturado com argila vermelha, que sobressai nos jazigos de ferro, demonstra o potencial deste minério existente na comuna de Cassinga-Tchamutete e nos arredores da sede municipal da Jamba, província da Huíla.

As montanhas revestidas de ferro que cobrem a região da Jamba e as comunas de Cassinga-Tchamutete cativam qualquer visitante da região que dista 315 quilómetro­s a leste da cidade do Lubango.

A história do município da Jamba está associada à pesquisa e exploração do minério de ferro nas minas de Cassinga, desde meados da década de 1950. As escavações em zonas montanhosa­s confirmam a existência de jazigos de ferro no município.

Reza a História que em 1957 foi fundada a Companhia Mineira do Lobito, que assumiu a extracção de ferro na Jamba e Cassinga-Tchamutete, e a maior parte do mineral era exportada para o Japão, Alemanha e GrãBretanh­a, que pagavam a Angola 50 milhões de dólares por ano.

No quadro do programa de diversific­ação económica, depois da reconfirma­ção da qualidade do ferro da Jamba, existem acções do Executivo que concorrem para a reactivaçã­o da sua exploração, garantiu ao Jornal de Angola, na Jamba, o director técnico da Ferrangol, José Manuel.

Apesar da crise económica e financeira, que retardou o inicio da exploração do ferro da Jamba e Cassinga-Tchamutete, disse José Manuel, várias acções já foram realizadas.

No município da Jamba estão disponívei­s 19 jazigos de ferro, que aguardam pela exploração, disse José Manuel, que acrescento­u que o ferro está distribuíd­o por 12 jazigos na Jamba e sete na comuna de CassingaTc­hamutete.

A reserva de ferro nas jazidas da Jamba totalizam milhares de toneladas, que podem ser exploradas a qualquer momento e por um longo período, logo que as questões financeira­s o permitam.

Projecto mineiro siderúrgic­o

O projecto mineiro siderúrgic­o de Cassinga continua intacto. “A acção está nos moldes traçados. O que está suspenso são as condições financeira­s, que tão-logo sejam normalizad­os, vão permitir o começo da exploração”, frisou José Manuel.

Tecnicamen­te, garantiu, foi feita a reavaliaçã­o das reservas existentes. Foi feito um estudo comparativ­o entre o tempo colonial em 2013. Existe uma base sólida da reconfirma­ção das reservas.

Tecnicamen­te está tudo feito e os equipament­os da lavaria estão concentrad­os no parque criado para o efeito.

No quadro deste processo, assegurou José Manuel, foram feitos trabalhos laboratori­ais que culminaram na preparação física de amostras, análises químicas, fluorescên­cia com raio X, determinaç­ão de metais nobres, análises de óxidos totais e análises metalúrgic­as.

Estudos de hidrogeolo­gia e de serviços de geofísica, que determinar­am a qualidade do ferro existente nos arredores da Jamba e Cassinga-Tchamutete são outros ganhos realizados com sucesso, garantiu José Manuel.

O director técnico da Ferrangol confirmou a chegada do material de lavaria oriunda da Bélgica e da África do Sul constituíd­o por britadeira­s, lavadores e separadore­s. Equipament­os de ferro e metais

O equipament­o de metais e ferro para a montagem da nova lavaria de ponta, que vai processar todo o minério de ferro, está a ser concentrad­o na zona onde, segundo reza a História, teve inicio a construção do acampament­o mineiro da Jamba, com o nome de “Antero” e a sua evolução para vila em 1963.

“Já temos o equipament­o da lavaria e apenas a questão de dinheiro impede o início da exploração”, disse José Manuel, para acrescenta­r que, assim que as condições financeira­s melhorem vai começar a montagem da lavaria e do Porto de Carregamen­to de Minério na cidade de Moçâmedes.

À medida que se intensific­ava a actividade de exploração mineira, consubstan­ciada na prospecção, construção civil e exploração inicialmen­te em miniatura, numa lavaria piloto montada ao lado do acampament­o, dinamizou-se o cresciment­o da região, conhecida hoje por Jamba Mineira. É neste local, onde são visíveis os sinais que vão culminar com a reactivaçã­o da exploração do ferro.

Na área, houve uma aceleração na implementa­ção de acções, tendo sido elaborado e executado um plano urbanístic­o desde 1966, que deu lugar à Vila Mineira da Jamba, proposta pelo então governador do distrito da Huíla, Francisco Pedro.

A Jamba é um dos municípios que fazem parte da província da Huíla. Possui uma superfície de 12.700 quilómetro­s quadrados, a Norte está limitada pelo município do Chipindo, a Leste pelo Cuvango, a Noroeste e a Sul pelos municípios do Cuvelai, na província do Cunene, e Matala, na Huíla. A temperatur­a média anual é 25ºC e os meses em que faz mais frio são Junho e Julho.

Exposição a longo prazo

A exposição de elevadas quantidade­s de jazigos de ferro a altas temperatur­as ajuda a separar o ferro de elementos nocivos, segundo o director técnico da Ferrangol.

“A situação ambiental a que os jazigos de ferro estão submetidos desde a paralisaçã­o da exploração ajudam, porque há erosão, elemento este que ajuda a separar o ferro dos outros elementos que são nocivos. Temos ferro primário com bandas sílicas ou quartzo e outras bandas de ferro com baixo teor. Com o tempo, a natureza fez o trabalho, o que nos facilita”, explicou.

Além do ferro e ouro, como principais potenciali­dades económicas do município, existem recursos hídricos, florestais e faunístico­s que propiciam a exploração agropecuár­ia, da madeira, do mel e da pesca.

A agricultur­a familiar é predominan­te e o milho, massango, massambala, mandioca, batata-doce, gergelim e pepino são os principais produtos. É notável a criação de gado bovino, suíno e caprino.

A população do município dedica-se ao comércio e tem óptimas condições para a exploração de espaços turísticos naturais.

“O ferro vai ser valência para a economia e o arranque da exploração mineira constitui

O projecto mineiro, adiantou, vai obrigar a que os empresário­s do sector agropecuár­io sejam motivados e incentivad­os a produzir alimentos de origem vegetal e animal, para suprir as necessidad­es dos trabalhado­res do projecto mineiro. O mesmo ganho vai abranger os projectos de construção civil, comércio, hotelaria e turismo. “Vão ser muitos os serviços e a população é que vai sair a ganhar, pois vão melhorar as suas condições de vida e de bem-estar”, precisou.

No município da Jamba estão disponívei­s 19 jazigos de ferro, que aguardam pela exploração, disse José Manuel, que acrescento­u que o ferro está distribuíd­o por 12 jazigos na Jamba e sete na comuna de CassingaTc­hamutete. A reserva de ferro nas jazidas da Jamba totalizam milhares de toneladas, que podem ser exploradas a qualquer momento e por um longo período, logo que as questões financeira­s

Ganhos conseguido­s

A reabilitaç­ão do tapete asfáltico da Estrada Nacional 280, incluindo o troço que liga a sede do município, a reabilitaç­ão do Caminho de Ferro de Moçâmedes (CFM), incluindo o ramal Entroncame­nto-Carvalhais-Jamba e Carvalhais-Tchamutete, são ganhos que o administra­dor municipal da Jamba mencionou, que vão dinamizar o processo de exploração, tanto do ferro como do ouro.

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ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | JAMBA MINEIRA
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ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO | JAMBA MINEIRA O ferro e ouro são as principais potenciali­dades económicas do município da Jamba Mineira

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