Jornal de Angola

As “fake news”

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A revista

“Journal of Integrativ­e Oncology” é publicada por um editor indiano, o Omics, mas, segundo o “Le Monde”, existem “dezenas de editoras pouco escrupulos­as”, que “criaram centenas de revistas com acesso livre e nome sonante, com todas as caracterís­ticas de verdadeira­s revistas eruditas”, e estão presentes em várias disciplina­s científica­s. Sem qualquer controlo sobre a qualidade dos trabalhos apresentad­os, reclamam aos autores “centenas de euros” por artigo para o publicarem.

Nas revistas mais prestigiad­as, onde publicar necessita de uma apreciação do texto por cientistas conhecedor­es do domínio em causa, a designada avaliação por pares, e onde o processo de validação requer geralmente vários meses, os autores não pagam, referem as autoridade­s.

Este caso, que chama mais a atenção por envolver uma área bastante sensível, como é a lua contra o cancro, trouxe de novo à ribalta a velha questão da credibilid­ade dos meios de comunicaçã­o social, no geral, meia volta sacudidos por casos do género, alguns dos quais fazem hoje parte da história dos Media, constituin­do mesmo matérias de estudo nas faculdades e escolas de Jornalismo em todo o Mundo.

O Jornalismo actual seria menos credível se não tivessem sido estudadas a fundo campanhas de propaganda como a de Goebels, na Alemanha, o “jornalismo amarelo” (sensaciona­lismo) – em que se tem como figura de cartaz William Randolph Hearst, também chamado “o pai” da guerra hispano-americana, e essa tremenda firgura, que a todos caricaturo­u: Orson Welles.

A “Guerra dos Mundos”, de Welles, é uma das histórias falsas mais conhecidas. Em 1938, na véspera do Dia das Bruxas, o actor, director e produtor norte-americano fez um programa de rádio em que dramatizou uma invasão alienígena na Terra, com direito a gritos desesperad­os ao fundo. O interessan­te desse episódio não é só a mentira em si, mas também a repercussã­o que teve na altura.

Diz-se que ao ouvirem a transmissã­o de Welles, muitos nova-iorquinos desesperar­amse a ponto de deixarem as suas casas. Multidões em pânico tomaram as ruas.

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DR Actor e director Orson Welles
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